Miguel Oliveira
Repórter
A Organização Não Governamental Greenpeace lançou uma campanha anti-produção de grãos em Santarém. O mapa comunitário da soja lançado sexta-feira(16) a bordo do navio Artic Sunrise expõe os supostos impactos da produção de soja na região, mas trata-se, na verdade, de um conjunto de falsas informações que não encontram amparo na realidade.
Dois locais apontados pelo Greenpeace como exemplos de ocorrência de êxodo rural por causa da produção de soja no planalto - Poço Branco e Paca - tiveram redução temporária de população por falta de infra-estrutura rural. Em uma delas, em Poço Branco, tão logo a rede de energia elétrica foi instalada, há 2 anos, a população voltou às antigas posses. No igarapé do Paca, a população deixou o local por causa da falta de estradas, água e energia.
Outra informação que desmente parcialmente o mapa do Greenpeace é o número de alunos matriculados em escolas do planalto santareno. Em 2000 havia 185 estudantes matriculados nas escolas da localidade de Tabocal e esse número hoje ultrapassa a 1.500. O mesmo ocorre em Boa Esperança, Mojuí dos Campos e Jacamim.
Segundo o site Ecoamazônia , além de desmatamento, o Greenpeace diz que foram mapeados vários outros problemas associados à soja, como igarapés assoreados ou contaminados por agrotóxicos, acessos tradicionais bloqueados pelas plantações e desaparecimento de comunidades tradicionais. Mas segundo dados do IBGE, a população rural de Santarém vem aumentando desde o início da produção de soja em Santarém e região.
A partir de 2000, com o início da produção de grãos em larga escala, a população rural de Santarém voltou a crescer, chegando, no ano passado, ao mesmo número de 28 anos atrás.
O estudo "Informações Municipais 2008", da Secretaria de Planejamento do município de Santarém, mostra que em 1980 a zona rural de Santarém possuía 80.293 moradores, de acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na década de 80, houve um pequeno aumento do número de moradores, chegando a 85 mil em 1990. A década de 90 foi marcada por uma verdadeira fuga do campo, ocasionada principalmente pelo abandono das terras pelos agricultores, que partiram em busca de ouro nos garimpos da região. A significativa redução da população rural fez com que em 2000 o número de moradores fosse de 76.242.
Foi no início desta década que foram dados os primeiros passos para a lavoura de grãos em Santarém, marcando também o início de uma curva ascendente do número de moradores no campo. De 2000 até o ano passado, segundo os dados do IBGE, houve um aumento gradual e contínuo da população rural, chegando, no ano passado, a 80.765 moradores. Em números absolutos, um pouco mais do que em 1980, mas naquela época, Santarém possuía um território maior, vindo a perder depois o que hoje são os municípios de Placas e Belterra, que juntos têm mais de 30 mil habitantes.
Se os dois municípios que conseguiram a emancipação política em 1994 ainda fossem território de Santarém, a população rural do município seria superior a 100 mil habitantes, quase a de da população total de hoje. Segundo o IBGE, no ano passado a população total do município de Santarém chegou a 278.118 moradores, sendo que 197.353 moram na zona urbana, o que corresponde a 69% da população total. A população rural aumentou não somente em números absolutos, como também em termos percentuais. Em 2005 correspondia a 29% da população, chegando a quase 32% em 2007.
A secretaria de Planejamento de Santarém reconhece que a retomada da produção agrícola tem influência no aumento da população da zona rural nos últimos sete anos, e acrescenta a isso as políticas públicas voltadas para as famílias que moram no campo. A partir de 2003 houve um aumento da força de políticas federais como o Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf), que financia a produção agrícola familiar e aumentou o aporte de recursos para a região. Outra política que têm forte influência nesta questão é o programa Luz Para Todos, que tem levado energia a dezenas de comunidades rurais santarenas nos últimos anos.
Algumas comunidades deixaram de existir em virtude da migração dos moradores e escolas pararam de funcionar por falta de alunos. Mas estas famílias continuam morando na zona rural, em outras localidades.
O jornalista contribui sobremaneira com esse tipo de artigo rico em informacoes, onde importantes dados sao repassados, auxiliando os planejamentos economicos de quem tem ou planeja investimento no Municipio de Santarem.
ResponderExcluirO Estado do Tapajos On Line,vem consolidadndo sua posicao como fonte de consulta aos profissionais e empreendedores dos mais diversos segmentos.
Congratulacoes.