terça-feira, 19 de março de 2013

Assembléia Legislativa do Pará devolve mandatos a ex-governador e deputados cassados pelo regime militar

Do blog do Parsifal

Em busca do tempo perdido

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A Assembleia Legislativa do Pará simbolicamente devolveu ontem (18) o mandato de deputados estaduais e do ex-governador Aurélio do Carmo, cassados pela ditadura militar.
A simbólica anistia, que o Congresso Nacional já providenciou aos mandatos federais cassados em 1964, não tem repercussão prática, mas traz à luz um encontro com verdades que o Brasil procura escrever na democracia.
> Os cassados
Tiveram os mandatos simbolicamente devolvidos o ex-vice-governador Newton Miranda (vice de Aurélio do Carmo) e os ex-deputados estaduais Hélio Gueiros, Laércio Barbalho, Álvaro Kzan, Benedito Monteiro, Dionísio Bentes de Carvalho, José Manoel Ferreira, Maravalho Belo, Nagib Mutran, Ney Brasil, Ney Peixoto, e Amílcar Moreira.

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Os únicos vivos são o ex-deputado estadual Amílcar Moreira e, aos 91 anos, o ex-governador Aurélio do Carmo, ambos presentes no evento.

A busca da verdade ampla, geral e irrestrita

Presente, o presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, advogado Wadih Damous, cobrou a instalação da comissão no Pará, à exemplo do que vários estados vêm fazendo, na esteira da Comissão Nacional.
Passados 28 anos do fim dos 21 anos de ditadura, (e só acham que ela foi branda quem com ela não conviveu ou quem dela foi cúmplice) a verdade deve ser perseguida não com revanchismo histórico ou jurídico: perfilo-me com os que opinam que a Lei da Anistia foi ampla geral e irrestrita para os dois lados (temos uma presidente da República que praticou atos que alguns taxam de terroristas), mas com o objetivo de escrever a história como ela ocorreu.

A verdade providencia a paz

O Brasil precisa entregar aos descendentes dos que sucumbiram na guerra contra a ditadura, pelo menos o atestado de óbito, com a verdadeira causa, dos desaparecidos.
Só quem nunca teve um corpo amado para prantear antes do sepulcro, pode entender o quanto dói o eterno luto da incerteza.
Os que sucumbiram, e seus familiares, precisam encontrar paz e essa só virá com a verdade de como se deu cabo a milhares de homens e mulheres que saíram um dia de casa e até hoje estão no limbo da história.
Não me paga a pena a estultícia (desculpem-me) de argumentar que tombaram combatentes de ambos os lados e por isso estamos quites: sim, era uma guerra e na guerra soldados matam e morrem, mas os que morreram pela ditadura estão todos, devidamente, condecorados.

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