sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Ibama não dispõe de verbas para fiscalizar desova de quelônios no tabuleiro de Monte Cristo

Tartarugas em época de desova no tabuleiro de Monte Cristo. Foto: Ibama/Divulgação
Aritana Aguiar
Free lancer

Nesta época de desova dos quelônios (tracajá, pitiua e tartaruga da Amazônia) o IBAMA recebe muitas denuncias de captura ilegal.Na semana passada, fiscais do órgão na região Oeste do Pará apreenderam 26 quelônios no bairro do Uruará, na periferia de Santarém. Em Itaituba o Ibama apreendeu 54 exemplares dessa espécie. "Na primeira missão que realizamos em julho, foram apreendidos 23 tartarugas", informou o chefe do projeto Quelônio da Amazônia, Waldemar da Rocha.

Mas Rocha reclama da falta de recursos impede do IBAMA de começar a fiscalização no tabuleiro de Monte Cristo, no inicio da desova dos quelônios. “Para cada animal apreendido sem estar correndo risco de ser extinto a multa é de 500 reais, para os que correm risco de extinção a multa é de 5 mil, cada”, explicou. Segundo o IBAMA.com a cheia de 2009 a desova de tartarugas foi de 1.068.996 filhotes. A expectativa para esse ano é quase 700 mil por não ter enchido como 2009, já que o local de maior desova é a praia de Monte Cristo.

Segundo o chefe de fiscalização do IBAMA, Givanildo Lima, a captura dos quelônios não é somente para comércio, mas para o consumo. "A comunidade que mora na proximidade sabe que não deve consumir os animais, mesmo assim insiste", informou. Givanildo explica que somente as comunidades que moram em locais isolados e consomem quelônios para subsistência a apreensão não é realizada. Lima explia que o que causa o impacto ambiental, são os quelônios capturados para comércio, “por ser em grande quantidade”.

"Encontramos armadilhas chamada espinhal com mais de 50 anzóis, no qual é colocada uma fruta, quando o quelônio fisga fica preso. Assim que pegam os animais para comércio", informou Givanildo.

Waldemar da Rocha relata que retirou do rio, espinhais com mais de 150 anzóis. "Um espinhal de até 150 anzóis consegue fisgar 80 tartarugas", explicou. O chefe de fiscalização garante que já foi retirado até 30 tartarugas em um espinhal. "Somente no tabuleiro de Monte Cristo já encontramos mais de 20 espinhéis cada um contendo mais de 50 anzóis", informou.

Vazante de 2010 em Santarém pode superar de 2005

O secretário municipal de Segurança Cidadã e coordenador da Defesa Civil, Luiz Alberto da Cruz, alertou que a seca de 2010 pode chegar ao mesmo nível da estiagem de 2005. "Em comparação com a seca de 2005, a diferença não é tão grande, as medidas do nível do rio começam a se aproximar. Não sabemos se irá continuar no mesmo ritmo, ou seja, baixando muito, mas se permanecer no mesmo nível pode se aproximar ou ter o mesmo nível da seca de 2005", afirmou.

Na medição acordo com a régua da Companhia Docas do Pará (CDP) dia 21 de setembro deste ano o nível do rio estava com 3,00 m. Na seca de 2005, nesse mesmo dia, o nível dos rios Tapajós e Amazonas era de 2,86m. "O rio está baixando muito rápido em menos de 24 horas baixou 14 cm, isso é preocupante", enfatizou. De acordo com o secretário a velocidade que as águas vêm baixando é alarmante por que se continuar nesse ritmo é capaz de ser até pior que a estiagem de 2005.

A Defesa Civil já fez visitação em todas as localidades regiões do Ituiqui, Uricurituba, Aritapera,Tapará, na área da várzea nas proximidades do rio Amazonas. " Ainda iremos visitar Arapixuna, próximo ao rio Amazonas e o Lago Grande no rio Tapajós", afirmou o secretário.



Igarapé do Costa, região do Uricurituba, durante a vazante dos rios no ano passado.Foto: Cilícia Ferreira


Dessas regiões a localidade do Igarapé do Costa, na região do Uricurituba, corre o risco de ser a mais atingida, mas até o momento ainda não entrou no estado de emergência ou calamidade pública.

Ele acredita que na região necessite de caminhão para transportar as pessoas, já que os barcos provavelmente não cheguem a algumas localidades. "No final de semana passado para chegar ao Curuai tem apenas um canal, é possível ver bastante água, mas se não achar o canal, não será possível acessar Curuai com embarcações grandes", garantiu.