terça-feira, 27 de maio de 2008

Células-tronco: Ignorância e preconceito

Rosana Hermann

O preconceito é uma chaga. É um horror. E é justamente porque ele está em todo lugar e em todos nós, em diferentes escalas, precisa ser combatido o tempo todo. Não adianta combater o colesterol ruim, os vícios, se não combatemos o preconceito de uma forma geral.E um dos maiores preconceitos que temos é com outra chaga, a ignorância. A começar pelo preconceito em relação à própria palavra 'ignorância'.
Muita gente acha que 'ignorância' é só sinônimo de grosseria e não percebe que a ignorância é o mal do mundo, no sentido de ignorar, não saber, e pior, não querer saber, não querer conhecer os fatos.Uma grande parte das pessoas forma opinião sem conhecimento usando apenas a ignorância e o preconceito como base. Muitas vezes acompanhada de outros elementos como o fanatismo.
Prova disto está nesta manifestação contra o uso de células-tronco. Numa foto, vemos manifestantes usando camisetas com os dizeres 'sim à vida e não ao aborto' . Não parece ser uma coincidência e sim uma mensagem intencional. Mas a pergunta é... o que é que o aborto tem a ver com as células tronco? Nada. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Ninguém vai provocar um aborto para pegar o embrião para pesquisa!! Quem pensa isso está totalmente equivocado. Associar aborto com pesquisa de células tronco embrionárias é como associar comunista com comedor de criancinhas ou, em termos medievais, mulheres com bruxas. Isso só vem a provar que as pessoas estão associando coisas erradas, sem conhecimento de fato. A pesquisa com células tronco embrionáris seria feita com embriões excedentes, os que não seriam mais utilizados pelos casais responsáveis pelos respectivos óvulos e espermatozóides que formaram os embriões.
Por exemplo: digamos que um casal quer ter filhos, vai a uma clínica de fertilidade. Lá, os espermatozóides do homem e óvulos da mulher são 'colhidos' e a fertilização, a fecundação, o encontro do óvulo com o espermatozóide é feito in vitro. São produzidos embriões que são então colocados no útero da mulher que vai gestá-los. Pelo que sei, muitas vezes são colocados vários embriões para garantir o sucesso do tratamento, o que resulta em muitos casos de gêmeos ou trigêmeos.
Alguns embriões excedentes são conservados a baixas temperaturas (criogenia). Se o casal decidir ter mais filhos pelo mesmo métodos eles usam os embriões. Depois de um certo tempo, se o casal não quiser mais filhos, eles precisam autorizar o descarte destes embriões. São estes embriões que seriam usados para pesquisa com células-tronco. Sou totalmente a favor de discussões teológicas, filosóficas, científicas, sociológicas sobre o início e o fim da vida.
Afinal quando a vida começa? É na fecundação do embrião? É na formação do cérebro? Um embrião tem alma? Mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Um embrião fertilizado num laboratório não é um aborto, pelo amor de D'us! Eu tenho muito medo da ignorância.
Porque a ignorância se alastra em solo fértil para isso, especialmente entre pessoas preconceituosas que não querem aprender nada e preferem ficar na ignorância. Sustentadas, é claro, por muita gente que também tem interesse em manter os ignorantes neste estado de fácil manipulação.
Fiquei realmente revoltada. Eu tenho muita esperança que as pesquisas com células-tronco embrionárias possam trazer muita, muita vida, muita qualidade de vida, para muitos doentes e deficientes. São células 'coringa', podem transformar-se em qualquer tecido, órgão, neurônios tudo. Elas são derivadas do blastocisto, que é o nome que se dá ao estágio do embrião depois de 4 ou 5 dias da fecundação.
A pergunta é: o que essas pessoas que são contra o uso de células tronco embrionárias, sugerem que se faça com os embriões que estão agora, congelados e que não serão utilizados? Ou elas também são contra a fertilização assistida, que permite a tantos homens e mulheres a felicidade de gerar filhos?
Lembrando, isso não é uma discussão sobre aborto mas sobre o uso de embriões congelados excedentes para fins de pesquisa.
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Entenda o que são células-tronco embrionárias .

Cientista da USP defende pesquisas com células-tronco embrionárias.

Oito razões para permitir a pesquisa com células-tronco embrionárias no Brasil

Santarém pode ter 21 vereadores em 2009

O plenário da Câmara dos Deputados acaba de aprovar a PEC 333 que estabelece o número de vereadores por município.
A votação foi em primeiro turno. A matéria ainda vai ser submetida a nova votação para depois ir para o Senado.
Se a PEC 333 for mesmo aprovada, ainda este ano as eleição para a Câmara de Santarém terá 21 vagas, sete a mais que as 14 cadeiras atuais.
Além disso, a PEC 333 reduziu de 7% para 2,6% do orçamento o repasse das prefeituras para as câmaras municipais, mesmo com a criação de novas vagas de vereadores.

Memória de Santarém - Lúcio Flávio Pinto

Dia-a-dia(1960)

No dia 26 de agosto de 1960, Aenne Bastos Meschede, filha do comerciante Alberto Meschede e de Mariita Bastos Meschede. Sua intenção era "demorar-se um ano na bela capital germânica". Mas acabou se estabelecendo de vez na Alemanha.

*No mesmo dia em que dava essa notícia, o colunista social Wilson Fona informava os seus leitores, "especialmente a smart set", que ia ficar um mês sem informar "o que vai pelos círculos sociais", desejando a todos "um feliz week end".

*Com "lauta mesa de frios, doces e gelados", o casal Waldemar-Jaziva Cunha recepcionou os parentes e amigos em sua residência, em 15 de agosto, para comemorar o transcurso das "15 primaveras" de sua filha, Marlice, prima de Aenne.

*Almeirindo Ferreira, "alto comerciante de nossa praça", aproveitava as manhãs de domingo para circular na sua Chevrolet pelas ruas da cidade, "em companhia de sua esposa e filhos".As irmãs Salete e Lourdes Campos, mais Ivete Ferreira, também flanavam a pé, exibindo "conjuntos de saia e blusa".

*Diretoria do Centro Recreativo no biênio 1960/61: Ubaldo Matos, presidente; Paulo Corrêa, vice; Paulo Lisboa, 1º secretário; Antônio Vasconcelos, 2º secretário; Dagoberto Rodrigues, tesoureiro; Isaac Lisboa, diretor de sede.

*"Jesus, o mártir do calvário", o filme que os mais antigos viram diversas vezes, foi exibido pela primeira vez em Santarém durante o congresso eucarístico realizado na cidade em 1960. Ao anunciar o programa, o Cine-Olímpia não deixou de advertir que a chegada do filme dependia do vôo do Lóide Aéreo. Freqüentemente era assim: o cumprimento do anunciado ficava na dependência da encomenda chegar a tempo.

Mutirão para orientar empreendedores informais começa hoje

Orientar o empreendedor informal quanto aos procedimentos necessáriospara formalizar seu negócio é o objetivo do Mutirão da Cidadania Empresarial, que o Banco do Brasil promove em conjunto com a Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis (Fenacon), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Sebrae e Receita Federal do Brasil. O evento acontece dia 28 de maio em mais de 250 municípios, contemplando todos os estados brasileiros, e faz parte das comemorações dos 200 anos do Banco do Brasil.
Em Santarém o mutirão ocorrerá das 08:00 hs as 12:00 hs no CAEC-Centro de Atendimento ao Empreendedor Cidadão, localizado na Av. Sérgio Henn, proximo ao cruzamento com a Barão do RioBranco, no Aeroporto Velho.
Durante o Mutirão, o empresário terá à sua disposição funcionários das instituições participantes reunidos em um único local. Além de receber informações sobre formalização de empresas, ali serão prestadas orientações técnica, empresarial e creditícia aos empreendedores informais que já possuem negócio e pretendem expandir oempreendimento, conquistar mercados e ter acesso a linhas de crédito com taxa de juros e prazos adequados às pequenas empresas.

Cartão vermelho

No Página Crítica, sob o título acima:

É iminente a queda de Walmir Ortega, secretário de Estado de Meio Ambiente do Pará. Os petardos contra sua gestão partem de todos os lados, inclusive do próprio PT, onde cresce a insatisfação diante da suposta paralisia na liberação de licenças e planos de manejo florestal.
Se confirmada a demissão, ficará a certeza de que terá decorrido em função das notórias qualidades técnicas de Ortega, que há meses tenta impedir a contaminação de certo tipo de política - com "p" minúsculo - na análise dos processos ambientais. Ao que tudo indica, sua batalha poderá ter sido em vão.

Novas regras para posse em terras da União

O Incra publicou no Diário Oficial da União desta terça-feira (27) duas Instruções Normativas (INs) que fixam os procedimentos para legitimação de posse em terras públicas rurais da União. A IN nº 45 trata de áreas de até 100 hectares em todo o Brasil, enquanto a IN nº 46 determina procedimentos de regularização fundiária a partir de cem hectares até 15 módulos fiscais na Amazônia Legal.
As duas Instruções Normativas trazem algumas disposições comuns. Essas disposições são: I - a ação de legitimação de posse recairá em glebas rurais de propriedade da União, previamente definidas pelo Incra; II - poderá ser objeto de ação de legitimação de posse a totalidade ou apenas uma parcela da gleba de propriedade da União; III - a ação de legitimação de posse, quando necessário, deverá conter o levantamento ocupacional e a identificação da coordenada de localização geográfica dos imóveis inseridos na Gleba; e IV - de modo a facilitar o planejamento operacional, a ação de legitimação de posse deverá conter o diagnóstico preliminar da gleba da União.
Pelas INs, é indispensável à comprovação da posse agrária, que se caracteriza: I - pela morada habitual; II - pela cultura efetiva; III - pela exploração direta (até 100 hectares), contínua e racional da área pelo prazo mínimo de um ano; e IV - pela ocupação pacífica. Em todos os casos, a comprovação de posse deve ser anterior a 1º de dezembro de 2004.

Dívidas da atividade pesqueira serão renegociadas

Os pescadores e aqüicultores inadimplentes com os financiamentos públicos terão seus débitos renegociados com os bancos. As normas de refinanciamento dessas dívidas estão sendo definidas através de Medida Provisória que será encaminhada ao Congresso pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para o ministro da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP), Altemir Gregolin, a decisão terá um efeito benéfico sobre o setor por evitar uma paralisação da produção, além de manter os tomadores de crédito aptos a contratar novos financiamentos.

Desequilíbrio

A professora Lucineide Pinheiro, secretária municipal de educação, foi denunciada hoje à tarde à polícia por ter agredido, no interior da Semed, um assessor parlamentar da Câmara de Vereadores de Santarém.

MRN pede licença ambiental para explorar platô Bacaba

A Mineração Rio do Norte (MRN) requereu à Secretaria de Meio Ambiente(Sema) licença prévia para exploração de bauxita no platô Bacaba, em Oriximiná.
Foi determinado a realização de Eia/Rima.

Reajuste de servidor será em folha extra

Do Correio Braziliense :

O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, reiterou nesta segunda-feira (26/05) a decisão do governo de pagar o aumento concedido aos servidores públicos por uma folha salarial extra. “A folha deste mês já rodou. Então, não dá mais para incluir o aumento. Mas vamos rodar uma suplementar para pagar logo”, garantiu. O reajuste foi concedido por medida provisória (MP) e já está em vigor. O ministro assegurou que o funcionalismo não será prejudicado.
Segundo Bernardo, o governo vai enviar ao Congresso, nos próximos dias, um projeto de lei abrindo os créditos extraordinários necessários para o aumento ser acomodado no orçamento deste ano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia editado uma MP determinando o reajuste e outra autorizando créditos num valor de R$ 7,56 bilhões. Mas o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os valores do orçamento não podem ser alterados por MP, o que criou um impasse.
O governo fechou um acordo com a oposição para enviar um projeto de lei com as alterações, mas decidiu que não vai retirar a MP do Congresso. Como houve um acerto para aprovação rápida, o projeto não deve seguir em regime de urgência.

Sai o edital que dá continuidade ao concurso da Seduc

Do Espaço Aberto:

A Secretaria de Estado de Administração (Sead) publica no Diário Oficial desta terça-feira o Edital nº 05/2008 – Sead/Seduc, que dá continuidade ao concurso público para provimento de 5.921 vagas em cargos de nível médio e fundamental da Secretaria de Estado de Educação Seduc.
O processo de seleção estava previsto para o dia 11 de maio, mas, em função das comemorações pelo Dia das Mães, os organizadores do concurso decidiram marcar a prova para o dia 15 de junho, já que há outros concursos agendados para os dias 1º e 8 do mesmo mês (Universidade Federal do Pará e Petrobras, respectivamente).
Segundo o edital, as inscrições deste concurso público, já realizadas pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará (Cefet), ficam confirmadas, considerando-se os dados e as informações prestadas pelos candidatos no requerimento de inscrição original.
No período de 1º a 15 de junho, o candidato inscrito deverá acessar o site do Instituto Movens, para emitir o seu novo cartão de confirmação de inscrição, onde constará a cidade, o local, dia e horário de realização da prova objetiva e demais dados pessoais.
As provas para o nível fundamental serão aplicadas no dia 15 de junho, às 8h, no horário de Belém, e terão a duração de quatro horas. Para o nível médio, as provas ocorrerão no mesmo dia, a partir das 15h, horário de Belém, também com duração de quatro horas.

Ministra vai, ministro vem: e a Amazônia?

Lúcio Flávio Pinto
Editor do Jornal Pessoal e articulista de O Estado do Tapajós

Diz o ditado popular que só nos damos conta do valor de alguém quando o perdemos. No caso de Marina Silva, seria melhor dizer que só lhe damos valor ao verificar quem a substituirá no Ministério do Meio Ambiente. Assim como havia o general da praia, há o ecologista da praia - e Carlos Minc o personifica bem. Se Marina não tinha uma visão completa da Amazônia, sendo a Amazônia a prioridade do MMA, a de Minc é incomparavelmente mais distorcida. Não exatamente pela distância física, que pesa, mas pela idiossincrasia intelectual.
Marina é um produto típico da realidade amazônica enquistada no Acre, com um “viés” de matriz internacional, em função do culto de Chico Mendes lá fora. Mas Minc é a consolidação do exotismo que contamina e nega validade à visão de fora para dentro da região. O estereótipo e o maneirismo, além dos arranjos programáticos, passarão a vigorar de vez no Planalto no trato com a Amazônia.
Graças aos respaldos internacionais, Marina conseguiu abrigar e proteger uma equipe decididamente empenhada em evitar a escalada da devastação na Amazônia. Essa equipe sofria de macrocefalia, um mal danoso quando falta ao organismo braços para atuar diretamente na realidade. Boas idéias ficaram inconclusas ou irrealizadas. Sua execução jamais seria tranqüila num governo "desenvolvimentista", como o de Lula (nesse aspecto, como em várias outros, uma extensão do governo FHC, com outra retórica e um populismo mais conseqüente). Mas como a ministra decidiu engolir todos os sapos (sobretudo os barbudos) para continuar à frente do ministério e conduzindo a "causa", essa tolerância acabou desfigurando-a e imobilizando-a. O ato de maior efeito em todos os seus cinco anos foi o que tomou ao decidir sair, de natureza essencialmente política, fundamental para o seu futuro, que é político. Mas sem conseqüência para a Amazônia, agora sujeita às ordens de um ecologista de praia.
Dei esta resposta ao Elias Ribeiro Pinto, que me fez a pergunta sobre o que iria acontecer com o pedido de demissão de Marina no dia seguinte ao ato para publicar na sua coluna no Diário do Pará. Passados os dias, não sinto a necessidade de corrigir essa primeira impressão, que me veio tão logo soube da apresentação da carta da ex-ministra
Depois de perder várias quedas-de-braço, com competidores fora e dentro do governo, sendo humilhada em algumas ocasiões pelo presidente Lula, a última delas quando ele transferiu ao ministro sem pasta (e com muitos sonhos, ou delírios) Mangabeira Unger a condução do PAS (Programa Amazônia Sustentável), Marina deu o troco. Mais do que compensou, com essa tirada essencialmente política, que lhe reabre uma posição de respeito no Senado, tudo que precisou engolir até então. Uma vitória pessoal incontestável – e um lance de sagacidade de admirar. Deu o primeiro rabo de arraia no inatingível Lula.
O que isso representa para a Amazônia? Essencialmente, nada. Sabendo que há muita espuma num mar que pode não estar para peixe, Carlos Minc (até este domingo, 18, em que vos escrevo) resolveu, para usar expressão do setor, viajar na maionese. Se Marina calibrou para sair com honra de um cargo que a ameaçava enterrar, Minc soprou miríades de bolinhas de sabão para, se for o caso, não assumir com honra o ministério, voltando aos seus muitos afazeres praianos (e parisienses também, que ninguém é de ferro).
Mas se tudo for para fazer de conta, nada impedirá que Lula, depois de apreciar o jiló de sua velha aliada, também entre na dança e aceite tudo que o quase-futuro (mas-quem-sabe-talvez-ex) ministro exigiu, para, depois, acertarem o que vale de vera. Muito menos do que o que se diz para o distinto público.
O mundo virtual tudo aceita – e, ao que parece, o midiático também. A Amazônia real, aquela que também existe além da tela do computador, dos traços dos mapas e das linhas no papel, esta, ao que parece, continuará a ser destruída. Com mais jeito, provavelmente. Mas sempre.

Falta energia para verticalização da produção mineral no oeste do Pará

Paulo Leandro Leal
EcoAmazônia

A região Oeste do Pará vive atualmente um boom em empreendimentos minerais, recebendo investimentos que somam mais de R$ 2 bilhões. O principal minério explorado na região é a bauxita - matéria prima do alumínio -, sendo que em 2009 a produção deve ultrapassar 20 milhões de toneladas. Com as pesquisas que estão sendo realizadas e os novos investimentos previstos, a produção deve ultrapassar 30 milhões de toneladas em 10 anos. No entanto, todo este minério sai da região na forma bruta, semi-processado, sem qualquer industrialização. A verticalização tem sido cobrada por entidades do setor produtivo, lideranças e movimentos sociais.
Mas com toda esta produção, o que impede que o minério retirado nas enormes jazidas seja transformado em alumínio na própria região? Júlio Sanna, presidente da Mineração Rio do Norte, a maior produtora de bauxita do Brasil, tem uma resposta curta e objetiva: falta energia elétrica em quantidade e qualidade para a industrialização. O executivo participou, no meio da semana, de uma reunião com empresários na sede da Associação Comercial e Empresarial de Santarém (ACES), onde foi questionado sobre a verticalização da produção. "O maior entrave ainda é a falta de energia", disse, explicando que a industrialização é um processo eletro-intensivo que requer energia atualmente sem disponibilidade na região.
Júlio informou que no caso da MRN, que explora há três décadas uma jazida de bauxita no Rio trombetas, em Oriximiná, a energia é toda produzida pela própria empresa, através de grupos geradores. A região onde está localizado o projeto, a Calha Norte do Rio Amazonas, não é servida com energia da hidrelétrica de Tucuruí. A única fonte geradora são usinas tocadas a diesel. Segundo Júlio Sanna, é impossível fazer um planejamento de investimento em verticalização sem que haja o fornecimento de energia, pois as usinas a diesel não conseguem gerar a quantidade necessária para o processo industrial e, além disso, este processo de geração é muito caro.
A diretoria da ACES questionou porque então não se planeja uma estrutura de verticalização na margem direita do Rio Amazonas, em Santarém, por exemplo, que recebe energia de Tucuruí. O presidente da MRN explicou que os investimentos em verticalização são muito altos e foram planejados levando em conta que a região não possuía energia. "Além disso, pelas informações que eu tenho, a energia que chega aqui não tem condições de tocar um projeto deste", destacou Júlio Sanna.
O executivo não vê no curto prazo a possibilidade da verticalização mineral no oeste do Pará, principalmente pelos investimentos já feitos nas plantas de industrialização existentes, no Pará e no Maranhão. No entanto, ele acredita que é possível desenvolver a região a partir da atividade mineral. "Países que são grandes produtores primários, como o Chile e o Canadá, conseguiram obter um extraordinário desenvolvimento", comparou, destacando que é preciso aproveitar a presença destes grandes empreendimentos minerais na região para se buscar alternativas de desenvolvimento econômico e social.
PRODUÇÃO
A MRN produziu, no ano passado, 18 milhões de toneladas de bauxita, mesma produção prevista para este ano. O minério é retirado dos platôs (minas), levado para uma área onde é britado e depois passa por um processo de lavagem. Na seqüência é transportado em vagões até o porto, onde é colocado em navios e transportado por mais de mil quilômetros pelos rios Trombetas e Amazonas, até o porto de Vila do Conde, de onde é conduzida até a Alunorte, em Barcarena. Somente lá é que acontece a industrialização, com a transformação de alumina (uma espécie de farinha de alumínio) e os lingotes, que são exportados.
Energia é fator limitante em novos projetos
A falta de energia elétrica na região é um fator que limita os novos investimentos no setor mineral. Em Juruti, no extremo Oeste, a mineradora Alcoa está implantando um projeto de mineração de bauxita, com investimentos na ordem de R$ 1,7 bilhão. No próximo ano, a empresa já deverá produzir as primeiras toneladas de bauxita, mas novamente, o minério sairá da região na forma bruta. A industrialização vai acontecer na Alunorte, no Maranhão, que recentemente teve a sua capacidade ampliada para poder beneficiar o minério retirado no Pará.
Maldade da empresa? Não exatamente. O problema é puramente logístico. Sem energia, não há como verticalizar a produção. Recentemente, o presidente da Alcoa para a América Latina e Caribe, Franklin Feder, também foi questionado em Juruti sobre o porquê de não verticalizar a produção na própria região. Ele disse que existe interesse de instalar uma refinaria de alumina e até mesmo uma fábrica de alumínio na região, mas que o investimento depende de uma grande quantidade de energia só disponível com a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu. Sem este empreendimento, garante Feder, não há como verticalizar a produção no oeste do Estado.
Além da MRN e da Alcoa, a região poderá receber outro grande empreendimento mineral. A empresa Rio Tinto Alcan encontrou o que pode ser a maior reserva de bauxita do mundo, entre os municípios de Monte Alegre e Alenquer, também na Calha Norte, com potencial para, pelo menos, quatro bilhões de toneladas. A empresa evita criar expectativa em torno do projeto, afirmando que está somente na fase de pesquisa, mas prevê investimentos de até R$ 4 bilhões, caso se confirme a viabilidade da exploração.
O empreendimento que a Rio Tinto pretende fazer no Baixo Amazonas poder gerar mais de dois mil empregos diretos e mais 15 mil indiretos. Isso com a implantação da refinaria que transforma a bauxita em alumina e com uma produção média de 10 milhões de toneladas de bauxita por ano e 2,5 milhões de toneladas de alumina. O projeto inclui a construção de um mineroduto para transportar a bauxita até próximo ao Rio Amazonas, onde seria transformada em alumina e embarcada em um porto construído pela empresa. Mas para tocar a refinaria seria necessário o fornecimento de grande volume de energia, que não existe na região.
A margem esquerda do Rio Amazonas, a chamada Calha Norte, justamente onde foram encontradas as maiores jazidas de bauxita da Amazônia, é completamente desprovida de energia elétrica firme e de qualidade. As cidades são abastecidas por usinas dieselétricas que não produzem energia suficiente sequer para o consumo doméstico. O racionamento é comum e não existe energia suficiente nem mesmo para pequenos empreendimentos, que dirá para tocar uma refinaria de alumina ou uma fábrica de alumínio.
O problema da Calha Norte é pior porque a região tenta, em vão, há décadas, convencer o governo a levar a energia da hidrelétrica de Tucuruí para a região. Isso só seria possível com a transposição do Linhão de Tucuruí para a região, atravessando o Rio Amazonas. Existem dois projetos prontos, mas faltam os recursos do governo federal. As mineradoras que atuam na região jê demonstraram interessem em colaborar financeiramente com o projeto.
A corrida mineral que se iniciou recentemente no Baixo Amazonas coloca em xeque a política energética adotada há décadas para a região, que não recebeu investimentos maciços em geração e, principalmente, transmissão de energia elétrica. A desculpa é que não havia demanda que justificasse o alto investimento. A exceção foi a construção do Linhão de Tucuruí, o Tramoeste, que levou energia para a região da Transamazônica, abrangendo os municípios de Santarém e Itaituba.
A recente política energética do governo federal também está em xeque. A construção da hidrelétrica de Belo Monte é uma promessa não cumprida no primeiro mandato do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Neste segundo mandato, o governo incluiu a obra no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), mas ainda não se tem notícia da liberação de recursos para o início da obra. Sem a hidrelétrica, estará inviabilizada qualquer perspectiva de se construir um super-pólo de alumínio no oeste do Pará.

Guera de espuma

Fiscais da Secretaria de Estado da Fazenda(SEFA) já estão abordando os veículos de distribuição da Nova Schin em Santarém para conferir a emissão de notas fiscais pela empresa distribuidora.
Na semana passada, a secretária da fazenda Maria de Fatima recebeu em seu gabinete todas as distribuidoras de bebidas da cidade, o Grupo Simoes (Kaiser), Ponto a Ponto(Cerpa) e Santabier (AMBEV), que apresentaram à delegada da Sefa farta documentação que comprovaria a nao emissao de notas fiscais pela Nova Schin.
As três distribuidores também fizeram denúncia à Receita Federal.

Paulo Rocha quer recuo do governo na suspensão do crédito aos empresários da Amazônia

O coordenador da bancada de 82 parlamentares da Amazônia, deputado Paulo Rocha (PT-PA), também sugere ao governo um recuo no arrocho ambiental. E avisa: "Vamos usar a força da bancada para negociar com o Banco Central para evitar outro gargalo na região", diz.
"O governo quis dar um tranco, mas o lado empresarial precisa de um prazo maior para se adequar. Não pode cortar (o crédito). Tem que dar tempo para transição". Ele avalia haver uma "falsa polarização" na região. "O boi é importante, mas não se pode mais devastar para criar gado. E precisamos do reflorestamento para atender à siderurgia", analisa.
A posição de Rocha será externada durante Fórum dos Governadores da Amazônia Legal, que terá a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta sexta-feira, em Belém.
(Com informações do jornal Valor Econômico)

Executiva do PT autoriza aliança com PSDB, PPS e DEM em 12 municípios

Da FolhaNews :

A Executiva Nacional do PT aprovou nesta segunda-feira que o partido se alie ao PSDB, PPS e DEM em 12 municípios em todo país. A decisão foi tomada no mesmo dia em que o comando petista ratificou o veto à parceria do PT com PSB e PSDB em Belo Horizonte (MG). A justificativa de integrantes da legenda é que a disputa eleitoral em BH tem reflexos nas eleições presidenciais de 2010."Eles [os defensores da aliança de BH] dizem que Belo Horizonte poderia ser um caso idêntico com os outros [casos em que o partido negocia com legendas que não apóiam o PT em nível nacional], mas o problema é que os outros [casos] não tiveram a visibilidade de Belo Horizonte, não tiveram o dedinho, o desejo e a ansiedade do Aécio [Neves, governador de Minas Gerais pelo PSDB]", afirmou a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), após a reunião da executiva.
Nesta segunda-feira, a executiva manteve o veto à aliança do PT com o PSDB por 13 votos favoráveis e apenas dois contrários - Romério Pereira e Jorge Coelho.Também nesta segunda a executiva analisou 15 casos em que o PT negocia alianças com PSDB, PPS e DEM, partidos que fazem uma dura oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cenário político nacional.
A Executiva Nacional do PT aprovou hoje a aliança com partidos que fazem oposição a Lula em nível nacional nos seguintes municípios: Palmas (TO) e Montes Claros (MG) que articulam aliança com PPS; já com os tucanos a aliança foi aceita em Linhares (ES), Nova Friburgo (RJ), Criciúma (SC) e Itajaí (SC).
Já a parceria com o DEM foi aprovada pelo comando nacional do PT em Guarujá (SP) e mais uma inusitada aliança dos democratas e tucanos com os petistas em São Vicente (SP) e Cáceres (MT). Segundo interlocutores, essas parcerias foram aprovadas desde que PSDB, PPS e DEM não estejam como cabeça de chapa na aliança com o PT.
Ainda na reunião da executiva hoje foram rejeitados Belo Horizonte, Açailândia (MA), Cláudia (MT), Cabo Frio (RJ) e Xanxerê (SC). Em todos esses casos o PT negociava aliança com o PSDB. Na sexta-feira e sábado, o Diretório Nacional do PT se reunirá em Brasília. Na ocasião serão apreciados - e votados - os recursos encaminhados pelos diretórios estaduais sobre eventuais alianças consideradas polêmicas.

Mais um capítulo...

Mais um capítulo da novela do hospital regional do Baixo-Amazonas, em Santarém, é contado em nota do Repórter Diário, hoje:

Ensino
O destino original do Hospital Regional do Oeste, em Santarém, como hospital-escola também, deve começar a se concretizar em agosto, quando o governo espera que esteja funcionando na plenitude. O convênio que torna o HRO um hospital de ensino, sob a coordenação da Uepa, já foi assinado entre a gestão pro tempore da universidade e a direção hospitalar. A idéia é iniciar em agosto com estudantes de fisioterapia tendo aulas no ambulatório do hospital e depois admitir alunos de enfermagem e medicina.

Mangabeira diz ser "um ignorante" em relação à Amazônia

Na Folha de São Paulo:

Escolhido para coordenar o PAS (Plano Amazônia Sustentável), o ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) não pensou muito quando questionado se conhece suficientemente a região. "Eu me julgo um ignorante", disse.Mas são muitas as convicções do ministro, a começar por considerar "vazia" a polêmica entre o avanço do agronegócio e a proteção da floresta. Entre o governador Blairo Maggi (MT) e a ex-ministra Marina Silva, Mangabeira foge da opção. Sua missão, descreve, é buscar "reconciliação profunda" entre os pólos do debate. E espera que o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, "seja um colaborador meu no futuro".
Leia mais aqui.

Palanque

A governadora Ana Júlia vem a Santarém, sábado, dia 31, para lançamento do programa Pará: Terra de Direitos.
Os professores em greve vão estar presente na platéia reivindicando o direito de greve no serviço público.