sábado, 21 de junho de 2008

Escapou

A prefeita Maria do Carmo não foi vaiada durante o show sertanejo, ontem à noite, na orla.
Justiça lhe seja feita. Maria, escaldada, não subiu no palco emuito menos discursou, como fez no ano passado.
Ainda bem.
Ficaria chato mais uma vez o povo de Santarém levar a fama de mal educado.

Vale: contas fragmentadas

Lúcio Flávio Pinto
Editor do Jornal Pessoal e articulista de O Estado do Tapajós

Quem acessar o site da Companhia Vale do Rio Doce poderá consultar o balanço anual da empresa só até 2004. Desse ano em diante estão disponíveis apenas os balanços trimestrais. Foi em 2004 que pela última vez as demonstrações financeiras saíram em edição impressa, na forma de livro. A partir daí a versão completa das contas ficou restrita ao Diário Oficial da União e a raros jornais nacionais. Ao invés do balanço, o produto no qual a empresa mais investe é o Relatório de Sustentabilidade. A versão deste ano será lançada em agosto.
Outras empresas adotam esse procedimento, mas é de estranhar que a maior corporação privada do país e do continente, e a segunda maior mineradora do mundo, interrompa uma boa tradição. Os interessados na Vale aguardavam com certa ansiedade a publicação do seu balanço em papel para analisá-lo detidamente, tendo uma visão completa das múltiplas atividades da empresa.
Agora essa visão é fracionada e de acesso mais difícil. Não deixa de contrastar com os gastos cada vez maiores da empresa em propaganda e publicidade. A Vale não parece mais interessada em fornecer informações: pretende conduzi-las em domicílio, prontas para digestão.
Talvez assim reduza a margem de crítica. Não surpreende: a empresa acostumou-se a ouvir apenas elogios.

Memória de Santarém - Por Lúcio Flávio Pinto


Pauta para Jânio
Ubaldo Corrêa voltou confiante de uma audiência que, no início de agosto de 1961, o presidente Jânio Quadros concedeu, em Brasília, a vários prefeitos do interior do país. Todos puseram expor diretamente suas reivindicações e ouvir de pronto a resposta do presidente. A pauta de Ubaldo incluía aspirações históricas de Santarém, ignoradas ou mal atendidas até então, e inovações que acabariam não se efetivando:
- Hidrelétrica de Curuá-Una, na cachoeira do Palhão. Cinco engenheiros e 30 homens da Grubima, empresa de São Paulo, vencedora da concorrência pública (e também a do porto), se encontravam trabalhando no local. Verbas comprometidas pelo governo haviam sido liberadas. Estrada seria aberta para possibilitar o transporte de material pesado necessário à obra.
- Iluminação pública da cidade. A rede em uso era considerada quase imprestável. Os postes foram fincados sem orientação técnica. A Companhia Alvorada, contratada para realizar o serviço, prometia concluí-lo em 1962.
- Mercado novo em andamento. Faltava chegar o cimento adquirido.
- Cais de arrimo. A prefeitura prometia fazer nascer "da esburacada e carcomida rua Adriano Pimentel" uma "linda avenida rodeada por uma parede de concreto" do cais de arrimo, que se tornaria "a sala de visitas da cidade".
- Ampliação do serviço de água pelo Sesp (Serviço Especial de Saúde Pública).
- Transporte intermunicipal rápido e eficiente através de três helicópteros, que seriam baseados em Santarém.
- Grande hotel para a cidade, com financiamento já acertado, para a construção de prédio de quatro andares. Um grupo empresarial teria manifestado interesse. A Associação Comercial indicou um grupo de trabalho para tratar do assunto, integrado por Almerindo Ferreira, Francisco Coimbra Lobato, Joaquim da Costa Pereira e Raimundo Paes.
- Ambulância, já adquirida, para atender o serviço de pronto socorro da cidade.
- Linha de navegação permanente e quase direta entre Santarém e Manaus, servida por três navios da Costeira.
- Pavimentação de praças e ruas, a começar pela rua João Pessoa. O presidente ofereceu ao prefeito um trator esteira novo, de fabricação alemã.
Jânio prometeu fazer uma parada em Santarém, quando fosse a Manaus, em setembro, participar de um encontro com governadores. Mas não cumpriu a promessa: renunciou antes à presidência da república.

Começo do hidrômetro
Um funcionário do Sesp passou um dia inteiro, em agosto de 1961, batendo de porta em porta pela cidade. Perguntava à entrada se havia torneiras defeituosas na casa, "quando deveria pedir licença, entrar e verificar se as torneiras estavam funcionando com perfeição", segundo O Jornal de Santarém. Na maioria das residências ocorria vazamento, que provocava desperdício de água "em volume incalculável". Daí a constante falta de água.
O abuso, porém, tinha data para acabar: a prefeitura e o Sesp assinaram convênio, em agosto de 1961, para a criação e instalação do Serviço Autônomo de Água e Esgotos, que seria administrado pelo órgão federal. O primeiro chefe foi Dilton de Melo Leite, engenheiro do Sesp.
Além da ampliação da rede de tubulação e melhoria do serviço de água, começariam a ser instalados hidrômetros, medindo o consumo dos moradores. Eles passariam a pagar pelo que gastassem. Até começar a vigorar essa inovação, o pagamento ainda seria feito por uma tabela, que considerava como referência o salário mínimo (da taxa equivalente a 2%, para o consumo público até 15 metros cúbicos, até o máximo de 55% do salário mínimo, para o consumo industrial de 121 metros cúbicos em diante) e a quantidade de torneiras.
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Na foto, Jânio Quadros faz comício em Santarém, em frente ao atual Museu João Fona.

Segundo trecho da orla de Santarém é inaugurado






Manchetes da edição de aniversário de Santarém de O Estado do Tapajós

METADE DOS PARAENSES VIVE NA POBREZA

MARIA INAUGURA ORLA SEM ESGOTO E ASFALTO NOVO

O TEMPO DE SANTARÉM

REFRESCO 'RALA-RALA' É DESCONHECIDO PELA GAROTADA

NOSTALGIA DE UM PESCADOR ENCATADO PELO RIO TAPAJÓS

FIFIU, OI BURRACHUDO...VAI UM REFRESCO DE MANGARATAIA?

CALAFETEIRO DE CANOAS: UM OFÍCIO ANTIGO EM EXTINÇÃO

INAUGURAÇÕES REFORÇAM SEGURANÇA PÚBLICA EM JURUTI

PF VAI CONTAR COM MAIS DE 100 POLICIAIS NO OESTE DO PARÁ

Ausências, vaias e protestos na inauguração da nova orla

Aconteceu de tudo na inauguração da segunda etapa do projeto orla, ontem à noite.
Primeiro, o deputado José Priante, que iria discursar não deu as caras por lá, avisado que foi da presença da governadora Ana Júlia ao evento.
Segundo, o deputado Antônio Rocha até que posou para fotos com Maria do Carmo e Ana Júlia, mas foi saiando de mansinho do cais para não ter que participar dos discursos que seriam feitos logo após o passeio das autoridades pela calçadão recem-construído.
Terceiro, no momento do discurso de Ana Júlia, um barco passou denfronte ao local ostentando um outdoor iluminado com o mote da campanha Adote um buraco. Ouviram-se vaias. Não se sabe se foram dirigidas para o discurso de Ana ou para o protesto da Tv Ponta Negra.
Quarto, um grupamento do tático da PM tentou impedir que o barco alugado pela emissora fizesse o trajeto da nova orla, mas a direção da emissora exigiu que os policias apresentassem algum mandado judicial ou uma ordem por escrita da Marinha que o obrigasse a deixar aquele trecho do rio Tapajós. Como não houve acordo, os policias se retiraram e o protesto continuou.
Quinto, temendo ser vaiada, a prefeita Maria do Carmo não subiu ao palco do show sertanejo que aconteceu logo após a inauguração, mas em outro trecho da orla - o palco foi montado próximo ao terminal fluvial.

Priante não comparece à inauguração da orla

O ex-deputado José Priante está em Santarém desde a tarde de ontem, mas não foi à solenidade de inauguração da segunda etapa do projeto Orla, a qual compareceu, além da prefeita Maria do Carmo, a governadora Ana Júlia Carepa.
Os bastidores da inauguração da orla, ontem à noite, estão na Coluna do Estado, da edição impressa de O Estado do Tapajós, cedinho nas bancas da cidade.