quinta-feira, 24 de junho de 2010

Com trezentas composições gravadas Sebastião Tapajós é o rei do violão

Tapajós, uma das maiores glórias do Baixo Amazonas, partilhada entre Alenquer e Santarém, que o viram nascer e crescer /BLOG DO VIOLONISTA
Tapajós, uma das maiores glórias do Baixo Amazonas, partilhada entre Alenquer e Santarém, que o viram nascer e crescer /BLOG DO VIOLONISTA

LÚCIO FLÁVIO PINTO
Editor do Jornal Pessoal

BELÉM, Pará – “Este é Sebastião Tapajós, que toca violão como um viciado”. A apresentação foi feita, no início da década de 1970, do século passado, por ninguém menos do que Baden Powell, um dos maiores violonistas e compositores do Brasil. Ele tinha acabado de conhecer o artista, recém-chegado de Belém do Pará ao Rio, onde passaria a morar, mas não teve dúvida na sua avaliação. Sebastião estava chegando aos 30 anos com a autoridade que lhe conferia o reconhecimento entusiasmado dos que o ouviam, mesmo pela primeira vez.

Não havia dúvida: ele já era um grande violonista, além de compositor. Viria a ser maior ainda, dos mais importantes em atuação no mundo todo. Uma das maiores glórias do Baixo Amazonas, partilhada entre Alenquer e Santarém, que o viram nascer e crescer.

Mas quem não é alertado para essa relevância dificilmente a descobrirá se cruzar com Sebastião. O desconhecimento, porém, durará pouco. Bastará o primeiro acorde para qualquer pessoa dotada de mínima sensibilidade musical ter plena consciência do valor do instrumentista. A apresentação será uma questão de tempo, muito pouco: Sebastião está sempre agarrado ao seu violão, em qualquer circunstância, até dormindo numa rede, conforme já foi flagrado várias vezes.

Violão é parte do seu corpo

Mal abriu os olhos e já dedilhava acordes. O violão é parte do seu corpo, numa afinidade rara, completa, natural. Ele é tão musical que os sons fluem pelos seus dedos como se ele os inventasse sem parar – e sem a possibilidade de esgotar a fonte.

Mas os brasileiros, os paraenses e mesmo os santarenos conhecem pouco – se conhecem – um artista admirado por todo mundo, sobretudo na Europa, em especial na Alemanha. Seria um paradoxo. Afinal, em qualquer reunião no Brasil logo aparece alguém com um violão para animar e provocar os demais. O país é musical e cultiva o violão. Mas superficialmente, não em profundidade. E mais como um instrumento para acompanhar o personagem importante, o cantor.

O instrumentista é pouco valorizado no nosso país: “os brasileiros não reconhecem a execução da guitarra como sendo uma arte”, lamentou Sebastião certa vez. Não surpreende que ele se tenha tornado muito mais conhecido no exterior. Em 1978 perpetrou a façanha de representar a Alemanha, como convidado daquele país, no Festival Internacional de Música promovido pela Holanda, com transmissão pela TV para toda a Europa.

Nasceu num barco

A grande lacuna que existe de conhecimento sobre Sebastião Tapajós está agora preenchida com o recente lançamento de Razão da Minha Vida, livro de 259 páginas, com tiragem muito limitada, que Cristovam Sena editou e foi publicado pelo Instituto Cultural Boanerges Sena, com o patrocínio de Carlos Max Tonini. O livro é uma montagem que teve por base dezenas de recortes de jornais e revistas, catalogados pelo próprio Sebastião entre 1961 e 2009, além de cartas e documentos.

Sebastião Tapajós nasceu em 16 de abril de 1943, dentro de um barco que navegava pelo rio Tapajós, indo de Alenquer para Santarém, a oito horas do destino da viagem. Na verdade, a embarcação ainda estava no rio Surubiu quando ele veio ao mundo, mas o Tapajós acabaria por levar a fama. Por causa dessa situação, o Tapajós se incorporou ao seu nome de batismo, Sebastião Pena Marcião, com tal simbiose que nunca mais se desgarrou dele.

Pai tocava e cantava para ele

Seu primeiro contato com o violão foi através do pai, dono de um armazém de secos e molhados e de uma plantação de juta, que tocava e cantava para o filho pequeno acordes de cantigas, quase todos os fins de tarde. Começou a tocar instrumento aos nove anos de idade. Foi quando o violão que o pai e os seus empregados tocavam se abriu, por causa do tempo de uso e da temperatura, e Sebastião decidiu consertá-lo – e, de fato, o consertou.

Ainda garoto, já tocava quase todo o repertório de Dilermando Reis, um violonista muito famoso na época. Em Santarém sempre foi autodidata, mas já tocava clássicos “de ouvido”, por sua intuição musical (que ele diz já existir quando estava no útero de sua mãe e a ouvia cantar) e criara algumas composições (hoje, tem mais de 300 composições gravadas).

Ficou na cidade até os 16 anos, sem fazer uma viagem sequer para fora, quando se mudou para Belém com o convite para integrar o conjunto musical de estudantes Os Mocorongos, dirigido pelo professor Gelmirez Mello e Silva, que foi considerado “o melhor conjunto melódico” do Pará em 1961.

Popular e clássico, com a mesma naturalidade

Combinava música popular, executada com “Os Mocorongos”, e música clássica, nos seus espetáculos solos, com a mesma fluência e naturalidade – e virtuosismo. Fez um concerto só de música clássica em Belém, quando tinha 17 anos, mas admite que “foi uma coisa empírica, porque eu não tinha carga teórica suficiente”. Só então passou a ter professores. Aprendeu teoria musical a princípio com o mestre Drago e, a seguir, com os professores Ribamar e Tácito.

Em julho de 1963 fez um curso intensivo de técnica violonista, como aluno de Othon Salleros, “que o considerou uma das raras sensibilidades na arte segoviana”. Passou cinco anos tocando apenas clássicos, mas, com incursões escondidas à bossa nova, acabou por descobrir “o ponto ideal do meu trabalho: misturar tudo o que havia dentro de mim”. Estava pronto para uma carreira sem igual na arte do violão. Claro: esqueceu de vez o diploma de contador, obtido na já extinta Escola Técnica de Comércio Fênix Caixeiral Paraense.

Ao contrário da maioria dos artistas, conseguiu concluir um curso em outra profissão, mas nunca a exerceu. “A única coisa que sei de contar são histórias”, costumava brincar. Mas sua sexta esposa foi uma contadora, nascida em Santa Catarina.

Nesse período já usava um violão modelo Segóvia fabricado pela Del-Velchio, de São Paulo, que lhe foi doado pelo então reitor da Universidade Federal do Pará, José da Silveira Neto, uma das autoridades que mais o apoiou.

O talento de Sebastião se impunha de imediato àqueles que davam valor às artes. Teve 45 minutos para se apresentar na TV Marajoara, a primeira emissora de televisão do norte do país, algo impensável no Brasil de hoje. Logo que ele se apresentou, o maestro Waldemar Henrique previu-lhe “um futuro brilhante”.

Foi durante uma apresentação que fez no consulado de Portugal em Belém, em 1964, provocando entusiasmo na platéia, que lhe foi oferecida uma bolsa de estudos junto ao Conservatório Nacional de Música de Lisboa, pelo qual se graduou e se tornou concertista. Ganhou outra bolsa junto ao Instituto de Cultura Hispânica em seguida.

Em setembro de 1966 foi chamado para se apresentar numa convenção de médicos realizada no Teatro da Paz. Bastaram cinco músicas para que um americano o convidasse para ir aos Estados Unidos. Ele foi, mas não chegou a se exibir. A direção do Conservatório Carlos Gomes, onde dava aula de piano clássico, o convocou a retornar. E Sebastião nunca mais voltou aos EUA.

Com apenas 22 anos foi considerado “o maior de todos os violonistas clássicos do Brasil”. Seu álbum “Guitarra Latina” foi considerado “o melhor disco estrangeiro de 1978” pela crítica especializada alemã.

Em 1972 participou de uma excursão à Alemanha na companhia de artistas como Paulinho da Viola e Maria Bethânia. Os dois tiveram quase todo o desgaste que na volta lhes deu a imprensa brasileira. Mas Tião foi “o único a trazer no bolso contrato para vinte concertos no próximo ano, da Alemanha a Israel, além da gravação de outros discos”, registrou Mister Eco, crítico de música e colunista da Última Hora, do Rio de Janeiro.

Em 1995, quando tinha gravado 49 discos, apenas 15 deles saíram no Brasil. Numa entrevista desse ano ele admitiu que tinha uma certa mágoa pelo tratamento recebido em seu país: “A valorização lá fora é incomparavelmente maior”. Hoje, tem mais de 80 discos. Ainda assim Sebastião Tapajós se firmou como o maior violonista do Brasil. Com uma fama internacional que não se deve a favores ou exageros, mas ao seu talento.

Confeccionar ternos e paletós, um ofício que está desaparecendo

Com o avanço da tecnologia e as novas oportunidades no mercado de trabalho, muitas profissões vão sendo esquecidas, mas existem aqueles que permanecem com seu trabalho.
Os alfaiates sempre tiveram a preocupação de fazerem ternos com precisão, e bem ao gosto do cliente.

Em Santarém é difícil encontrá-los, mas não significa que seja impossível. É o caso do alfaiate Balduíno Oliveira, 68 anos, com 51 anos de profissão.
Desde garoto Balduíno sempre sonhou em trabalhar na profissão. "Eu nasci com a vocação, comecei a trabalhar como aprendiz, foram nove meses de aprendizagem sem receber nada", relembrou.

Foram dois anos de duro trabalho, até que Balduíno decidiu abrir a própria alfaiataria. "Depois de 10 anos passei a fazer paletó, com a curiosidade e força de vontade, aprendi sozinho", relembrou. E observa que a grande dificuldade era não ter pessoas com quem tirar dúvidas, por isso cometia vários erros: "Era uma manga mais comprida que a outra, ou estava torcida". Balduino lembra que o cliente não reclamou, mas ficava preocupado, pois sabia que deveria melhorar.

Sempre se pensa que ser alfaiate é exclusivo de homem, isso não significa que uma mulher não pode ter o mesmo trabalho. É o caso de Edirnil Andrade, conhecida como "Meca". Ela trabalhou durante alguns anos com produção de terno, mas sua maior paixão e prioridade são os vestidos de noivas. "Fazer ternos requer muito detalhes e precisão. Devo reconhecer que somente o verdadeiro alfaiate sabe fazer", reconheceu.

Mas o que une Meca a Balduino é paixão pela profissão. Desde jovens os dois sonhavam em trabalhar com roupas. Meca só conseguiu a partir dos 25 anos, e há mais de 20 está trabalhando no setor, e Balduino, desde os 17 anos.

O alfaiate foi insistente em se profissionalizar na produção de paletó. Decido a morar em São Paulo, viveu lá durante dois anos e oito meses. Primeiro trabalhou numa empresa, apenas 18 dias, o salário não lhe agradou. "Não nasci para ser mandado, e sim para mandar, sou patrão de mim mesmo", gaba-se o alfaiate. Então decidiu sair, com a ajuda de um irmão, que lhe entregou um local para abrir sua alfaiataria. Mas como havia deixado sua esposa em Santarém, ela não queria ir para São Paulo, Balduino, largou tudo e voltou para a cidade natal.

Balduino conta que o cliente só reclama, quando o serviço não é feito por ele. "Tenho pessoas me ajudando, ao saberem que não fui eu. Então ficam chateados", declarou. O grande público sempre é masculino, mas sempre está fazendo calça social para mulheres.

Já Meca relata que os clientes gostavam dos paletós que produzia, mas percebeu que mãos masculinas sabem talhar com precisão. " Certa vez um alfaiate passou em minha loja e perguntou a meu filho quem tinha feito os paletós, ele afirmou que era eu. Meu filho não sabia que eu tinha comprado. O alfaiate teimou que os ternos tinham sido talhados por um homem, não conseguia acreditar que poderia ter sido feito por uma mulher", relembrou a costureira.

Depois de anos de trabalho, Balduino decidiu não fazer mais paletó apenas conserto quando necessários. "Fazer um paletó demora três dias, não estou com a mesma garra de antes", reconheceu. Atualmente estão diminuindo as alfaiatarias na cidade. "Os clientes reclamam, que tem poucos alfaiates", lamentou.

Roque Lima, entalhe em madeira das mais variadas formas

Aritana Aguiar
Free Lancer

Talvez muitos ainda não conheçam Roque Lima, um escultor santareno que há 37 anos vem esculpindo verdadeiras obras de arte em madeiras e tendo suas peças distribuídas mundo afora.

Roque Lima perdeu a conta de quantos prêmios já recebeu pelo seu trabalho. O primeiro foi em 1980, pela revista americana Forum, na época saiu uma matéria sobre o seu trabalho, recebeu um certificado por honra ao mérito. Sua primeira exposição foi em 1979, no colégio Álvaro Adolfo da Silveira. Há cinco anos foi escolhido por unanimidade para fazer parte da Academia de Letras e Arte de Santarém.

Seu trabalho começou quando tinha 15 anos. "Meu pai era carpinteiro, fazia moveis, então eu mexia escondido no material dele. Com a curiosidade, e também acredito ser um dom, passei fazer esculturas em madeira", relembrou Roque Lima. Desde pequeno gostava de se envolver com a arte, pintava em papel, depois passou para telas, mas a verdadeira paixão foi com madeira.
Com o tempo o próprio pai passou ajudá-lo em seu trabalho. Afinal, tinha mais movimento do que produção de moveis. "Primeiro, passei a fazer esculturas sacras. Então os padres gostaram do meu trabalho e passaram a preparar encomendas, a partir daí que fui crescendo", relembrou o escultor. Depois disso, Roque se dedicou a esculpir peças com motivos da flora e fauna da Amazônia, ofício em que permanece até hoje. "São araras, tucanos, passarinhos, muiraquitã, entre outros. Nossa floresta é muito rica, tem bastante coisas a oferecer", orgulha-se Roque Lima.

Sua primeira escultura foi uma casinha e um santo, São Pedro. Roque afirma ter se sentido uma pessoa que queria levar esse trabalho mais longe. O trabalho cresceu rápido com a divulgação feita pelas igrejas, mas não teve apoio governamental. "A arte em Santarém não é muito valorizada, vendo meus produtos para turistas, reclamou. E completa que ainda sente dificuldade em vender as esculturas e a falta de apoio do poder público. "Não há incentivos apenas convite para alguma exposição, quando tem algum evento", desabafa.

Quanto aos turistas estrangeiros, segundo roque, sempre compram alguma escultura. "A grande preferência são temas amazônicos, mas também levam alguns santos, os turistas de outros estados sempre comparecem, e nunca de deixam de levar alguma pela", relata Roque Lima.

Roque sempre é procurado para fazer exposições. Todo o ano tem presença confirmada na Feira da Cultura Popular, e no Terminal Turístico, além de receber constantes convites para fazer exposições. Nunca chegou a sair do país, mas levou seu trabalho para várias cidades vizinhas, como: Monte Alegre, Alenquer, Trairão, Itaituba, e também Belém e Manaus. "Atualmente estou com vários trabalhos, já não tenho tanto tempo para viajar, autorizo a levarem minhas esculturas para ser feita exposição fora da cidade", justificou o escultor.

Roque admite gostar de ministrar aulas. "Eu completei todo meu ensino médio, cheguei a fazer magistério e contabilidade, mesmo se trabalhasse como professor seria somente na área de artes, esculturas", explicou. Sempre é convidado pelo Sebrae para ministrar mini cursos, viajando até para cidades vizinhas.

Dos tipos de madeiras que utiliza para esculpir afirma que o cedro é o melhor tipo. " Qualquer madeira pode ser trabalhada, mas dependendo do que será feito é exigido um tipo de resistência", explicou. Além disso, o escultor gosta de trabalhar com cerâmicas, galhos de madeira, mas não é sempre.

Atualmente Roque trabalha com dois irmãos que também são escultores. Os filhos também gostam desse trabalho e sabem fazer esculturas. Mas até o momento não decidiram em seguir a carreira do pai.

Roque, enfatiza que faz seu trabalho com muito amor e dedicação, e não se arrepende da carreira que escolheu.

Sant'Ana Pereira, advogado, compositor e escritor

Miguel Oliveira
Repórter


O advogado, escritor e compositor Sant´Ana Pereira na juventude, em Santarém, lecionou teoria musical e canto orfeônico, no Ginásio Dom Amando. Ainda jovem, manteve cursos particulares da língua latina e foi o organizador da Biblioteca Pública de Santarém, no governo municipal Armando Nadler.
Depois mudou-se para Belém. Mas até o ano de 1978, a vida literária de Sant´Ana Pereira, santareno de nascimento, advogado por profissão, escritor e compositor por vocação, foi difusa. Ele fez exercícios no teatro, na poesia, na poesia, na crônica, no conto. Poesia e contos publicados nas extintas "Folha do Norte" e "A Província do Pará", à época em que fazia a coluna "O que Eles Pensam, Dizem e Fazem", que teve vida curta (pouco mais de um ano), em plena efervescência dos excessos da Revolução de 64. A coluna acabou por ingerência do então Governador do Estado que em bilhete ao Superintendente do jornal, se queixou que a coluna era sistemática contra o que pensava, dizia e fazia o poder instituído pela dita revolução.
Àquela época, o escritor Ildefonso Guimarães promovia "Concurso Permanente de Conto e Poesia". No mesmo mês, Sant'Ana concorreu a poesia e conto. Na poesia, a comissão julgadora lhe arrasou. Nunca mais fez nenhuma. Ganhou o prêmio de conto e referências estimulantes dos julgadores. Daí pra frente ficou apenas no conto. Passou a perceber que o conto, com suas características de síntese, limitava seu mundo de criação. Imaginou que o romance seria como a baía do Guajará, onde vão desaguar todas as águas da bacia hidrográfica da mente. No romance poderia fazer seu teatro, sua crônica, sua coluna de jornal, seu diário, sua veia poética amputada pela crítica, seu conto, seu diário de vida. Ele viveria vidas múltiplas, na saga de seus personagens. Ele andaria por sua terra e outras terras. E sofreria a realidade. E sonharia a fantasia.
Sant'ana Pereira publicou Os Palmitais (duas edições), Invenção de Onira (3 edições), Os Paparás, A torre de Diaphanus, Defesa do Devedor (obra jurídica com edição esgotada), Quotidianas (letras de música popular).
O romance Invenção de Onira se tornou o clássico do autor santareno, destacando-se estes fatos: teve a segunda edição lançada sob o título de Cabanos, capital Cabânia, chamando a atenção para o tema do romance, que é a cabanagem; a terceira edição que retomou o título original Invenção de Onira foi lançada em São Paulo, pela Editora LetraSelvagem, trazendo como Posfácio trabalho de doutorado do antropólogo Dedival Brandão da Silva, sob o título Nação e Descontinuidade Cultural.
Invenção de Onira tem sido considerado o romance da revolução amazônica. O autor tem sido considerado pela crítica literária como um artesão da palavra. Deverá publicar brevemente seu mais novo romance intitulado Corpo sem Sombra.
Em "Os Palmitais" sublima, pela ficção, pelo senso estético, a realidade de um capítulo marcante da nossa ecologia: o ciclo do palmito. Todas as misérias desse capítulo, todos os dramas da empresa e dos que a fazem, a corrupção, os desmandos, os aproveitamentos, com muito ódio e com muito amor, estão contidos na trama, até o desenlace do enredo do livro.
Para produzir "Invenção de Onira", Sant'ana pesquisou tudo quanto se escreveu sobre a Cabanagem. Sem tempo para manter-me horas seguidas na Biblioteca e Arquivo Público, contou com quem lhe ajudasse, copiando livros, à mão, para que pudesse lê-los. Basicamente, porém, ele se orientou pelos "Motins Políticos", de Domingos Antônio Raiol, cuja parcialidade compensou com a ficção.
A trama desse romance partiu desta indagação: por que Francisco Pedro Vinagre, depois de tanta luta, montado no poder, resolveu entregá-lo de mão beijada ao inimigo? Quando se conta a Cabanagem, só se fala em Angelim, no grande Angelim. Com o poder que tem a ficção de complementar a história, Sant'Ana criou outro herói de sua cabanagem, embora não lhe dando a honra de personagem principal, que deu a Pilin, "nascido na mente, inspirado no esmoler que, todo dia, barbado e maltrapilho, fraco, doente, talvez demente, me abordava no sagrado cafezinho do Café Santos. Pilin é homem fraco por fora. Por dentro é líder, comandante, filósofo, poeta, sonhador", narra o autor de "Invenção de Onira",.
Radicado em Belém, Sant´Ana, lançou 5 cd´s com sua obra musical (letra e melodia), intitulados Clipes, Dimensões, Linhas traçadas, Raízes e Além das Espumas, destacando-se neste a comovente composição Os Quintais de Santarém. Além de seus próprios cd´s Sant´Ana Pereira produziu cd´s memoráveis, destacando´se o CD MEMORIAL, que representa verdadeira antologia de composições de autores paraenses, entre os quais naturalmente que se encontra o ícone santareno Isoca Fonseca.

Roteiros amazônicos

Adenauer Góes
adenauergoes@gmail.com

Recentemente, fiz levantamento das novidades de roteiros oferecidos pelas principais operadoras de turismo no Brasil, tanto para o mercado consumidor nacional, como para o internacional. Cheguei a conclusão que evoluímos, embora pouco na oferta de produtos que oferecem o interior de certos estados brasileiros, por exemplo,achei roteiro que integra o Acre, chegando até Machu Picchu no Peru, ou ainda vários destinos no nordeste brasileiro,apresentando o sertão, como alguns que mostram os lugares por onde passou Lampião, o rei do cangaço,onde ele lutou, morou ou apenas passou, com museus demonstrativos de roupas ,armas,objetos pessoais e atrativos realmente interessantes que vendem um momento de nossa história.

Fiz este levantamento, para saber se podemos considerar rompida nossa secular relação com o litoral e suas praias. Nada contra as mesmas, mas será que esta é a única atração que temos para apresentar e vender para os turistas?

Tradicionalmente tem sido sempre assim, quando os portugueses aqui chegaram, se estabeleceram no litoral e adentravam aos sertões apenas para retirar o que era possível extrair, procuraram basear todo o ciclo econômico no litoral, de certa forma o turismo seguiu este ritmo, ou seja, ficou apenas nas praias de nossa costa, são praias lindas, porém concorrem com outras de beleza semelhante como as do Caribe e que acabam por levar vantagem em função de maior proximidade com o mercado consumidor. Esta é uma situação difícil para nossa competitividade internacional,pois as alternativas oferecidas, de ambientes,de pousadas para todos os gostos, de charme, exclusivíssimas, populares,resorts,enfim das mais diversas formas e maneiras, acabam por nos deixar sempre em desvantagem na matriz geral da relação preço-qualidade-distancia.

Conclusão: embora novos roteiros tenham chegado ao mercado,oferecendo o interior do Brasil,ainda são muito poucos quando comparados á oferta de praias.

Quando avaliamos as pesquisas mundiais, o que está no inconsciente do consumidor são as questões ligadas á ecologia, a natureza e dentro deste tema a Amazônia surge neste inconsciente de uma forma muito forte, neste sentido temos como competidores países como o Peru, Colômbia, Venezuela, Equador e outras que tem os mesmos problemas no que diz respeito à distância dos compradores, porém o Brasil leva a vantagem de ter bem mais envergadura econômica, estrutural e de visibilidade no planeta do que nossos competidores, além logicamente de determos 60% de toda a Panamazônia.

Até quando vamos deixar de levar isto em conta, falta uma política efetiva e concreta de desenvolvimento para a Amazônia, puxada pelo governo federal em sintonia com os estados.Falta-nos até competência para reivindicar.O momento eleitoral, é a melhor oportunidade para fazê-lo.Precisamos, no entanto ter organização e compromisso.

O tempo não para, já dizia o poeta Cazuza,será que não temos condições de fazer a hora e desta forma fazer acontecer?

Pontuando - José Olivar

Estive nos dias 12 e 13/06, em Alenquer, onde adquiri o livro do meu amigo Ismaelino Valente e participei da festa de Santo Antonio, hospedando-me no hotel da Sra. Detinha, aliás, pessoa que recebe seus hóspedes muito bem. ///Terça-feira, dia 22/06, no Museu João Fonna, será o lançamento do livro “Memória de Santarém”, de autoria do jornalista Lúcio Flávio e edição de Miguel Oliveira. ///Comparando Santarém com outras cidades da Região, vê-se o quanto é bonita a nossa Orla com o encontro dos rios. Pena que os prédios históricos não recebam a conservação devida, tampouco o Município prima por uma melhor apresentação de tais edificações, principalmente aquelas que ficam às proximidades do Mascote. ///A chamada Lei Maria da Penha (nº 11.340/06), está sendo objeto de Ação Direta de Inconstitucionalidade pela Procuradoria Geral da República, por entender que o crime de lesão corporal contra a mulher deve ser processado mediante ação penal pública incondicionada, consequentemente, afastando a lei dos Juizados Especiais a estes mesmos crimes. ///O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) poderá regular os preços cobrados pelos cartórios de serviços notariais e de registro em todo o país, afastando a competência dos Tribunais de Justiça. Projeto de Lei nesse sentido tramita no Congresso Nacional. ///O Judiciário do Pará terá horário especial durante os jogos do Brasil na Copa do Mundo. É o que estabelece a Portaria baixada pela Presidência do Tribunal. ///O Conselho Nacional de Justiça, órgão que depois de criado se tornou a esfera de apoio a todos os que se sentem prejudicados pela morosidade da Justiça ou por atos aéticos de Juízes, além de outras missões, completou cinco anos de existência. Parabéns, pois o CNJ só trouxe apoio aos jurisdicionados. Os aposentados beneficiados com o aumento – diga-se de passagem, irrisório – de 7,7%, esperam receber as ínfimas diferenças nos seus contracheques o mais breve possível. ///Prefeita Maria do Carmo, mais uma vez lhe peço: mande lavar toda a Orla nova para tirar a sujeira que encobre o piso do passeio, principalmente agora que a proteção de ferro foi toda pintada. ///O Vereador Nélio Aguiar apresentou projeto de lei que institui, no Município, o sistema de transporte de encomenda e prestação de serviços através de motocicletas e similares. Quando se usa o mandato em favor do povo, os frutos são os melhores possíveis. Parabéns Vereador, você vai longe! ///O recapeamento asfáltico das avenidas Borges Leal, Turiano Meira e outras, até agora se resume às promessas da Prefeita, na mídia. Porém, o quarteirão onde fica o prédio que a Prefeita reside, na Barão do Rio Branco, foi recapeado. Por que lá em primeiro lugar? ///A Juíza da 8ª Vara de Santarém mandou bloquear verbas do Governo do Estado para garantir as reformas de várias Escolas Estaduais em Santarém. Parabéns para o Ministério Público, autor da ação. A que ponto chegamos: é preciso que o Judiciário aja para que o Governo do Pará realize. E ainda alimenta pretensões políticas. Pode? ///Uma briga que vem sendo travada com acusações recíprocas, só vai desenterrar fatos que podem prejudicar, e muito, um dos contendores. É aquela velha estória: boca fechada não entra mosca. Quem procura acha!/// Um abraço para o meu amigo Dr. Rodolfo Geller, leitor assíduo da coluna e colega de profissão nesta cidade, desde os idos de 1977.

Emir Bemerguy lança livro

O escritor Emir Bemerguy lança hoje à noite, no Museu João Fonna, seu livro de crônicas "Santarenices", obra editada pelo ICBS, que reúne artigos do autor publicados em jornais de Santarém e Belém.

Eia/Rima barulhento(2)

Os MP's estão alvoraçados por causa da primeira audiência pública do Eia/Rima da Cargill, que será realizada dia 14 de julho, em Santarém.

E, ao contráto de sua função de fiscal da lei, estão tomando partido de segmentos minoritáruos que são contrários ao empreendimento desde que o mundo era mundo.

Enquanto isso, o Greenpeace ainda não botou as manguinhas para fora.

Lancamento de livro

O jornal O Estado do Tapajós agradece a todas as pessoas que prestigiaram o lançamento do livro Memória de Santarém, ocorrido dia 22, no Museu João Fonna.

Na edição de amanhã do jornal, veja a cobertura completa do evento.

O Blog do Estado também publicará as fotografias do lançamento ainda hoje.