quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Fim de linha para o MST: vandalismo, furto e destruição


Ricardo Kotscho*

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que surgiu no início dos anos 1980, em Encruzilhada Natalino, no Rio Grande do Sul, e transformou a sigla MST no símbolo da luta pela reforma agrária no país, acabou para mim esta semana, em Iaras, no interior de São Paulo.

Acompanhei este movimento desde o começo, fiz dezenas de reportagens com seus líderes e sobre suas conquistas em jornais, revistas e redes de televisão, corri riscos junto com eles nas desocupações violentas promovidas pelas forças policiais, mas venho notando nos últimos anos que o MST perdeu completamente o sentido, o rumo e a razão de ser.

As cenas de vandalismo, furto e destruição, pichações e lixo espalhado pelo chão, que marcaram esta semana a invasão da fazenda da Cutrale por 250 famílias, em Iaras, tornaram-se o símbolo do triste fim de linha a que seus líderes conduziram um movimento que em boa parte da sua história contou com o apoio de amplas parcelas da sociedade. Agora, acabou da forma mais melancólica possível.

Por mais que me doa escrever isso, lembrando das tantas famílias de sem terra que acreditaram neste sonho, acampadas nas beiras das estradas por este país afora, o que era justa luta pela sobrevivência virou banditismo puro e simples.

Não é de agora que isso acontece, mas o que vimos na fazenda da Cutrale após a reintegração de posse determinada pela Justiça, com a destruição de máquinas e equipamentos, além de parte das plantações de laranja, é coisa de vândalos, simplesmente _ nada a ver com quem busca um pedaço de terra para plantar.

Mais grave do que a violência praticada contra funcionários e os prejuízos econômicos causados á empresa, porém, foi o que os sem terra fizeram na casa de uma faxineira, como relata o repórter Maurício Simionato, na Folha desta quinta-feira:

“Levaram DVD, TV, rádio, roupas, calçados, inalador, ferro de passar roupa, o chuveiro e até lâmpadas e torneiras”, declarou Silvana Fontes, 37, cozinheira e faxineira da sede da fazenda. Oito das nove casas de empregados foram arrombadas.

Para quem começou lutando contra latifundiários, invadir e furtar a casa de uma faxineira, levando até seus presentes de casamento ainda dentro das caixas, chega a ser uma afronta a justificativa dada por um dos líderes do movimento, Paulo Albuquerque, para a ação dos sem terra em Iaras: segundo o MST, a terrra ocupada pela Cutrale é propriedade da União.

E daí? Mesmo que fosse, o que a empresa desmente, caberia à Justiça decidir a quem pertence a terra e não a um grupo de fora da lei que passou com tratores por cima de milhares de pés de laranja (entre 7 e 10 mil, segundo a empresa, ou “só” 3 mil, de acordo com os líderes do MST).

Para Paulo Albuquerque, diretor estadual do MST, tudo não passaria de armação da Cutrale, que resolveu destruir seus próprios bens, numa tentativa “não só de criminalizar o movimento, mas também de punir lideranças. Daqui a pouco vão querer prender algum integrante do MST por causa dessa invasão”.

Pois, se ficar provado pelas investigações da polícia quem foram os autores destas ações de vandalismo, tem mais é que prender mesmo. “É a palavra deles (Cutrale e policiais) contra a nossa. Nós temos condições de rebater todas estas falsas afirmações que estão fazendo contra nós”, defendeu-se Albuquerque.

Por tudo que já vimos acontecer nos últimos meses, em invasões de prédios públicos e propriedades privadas produtivas durante ações do MST, não acho que a faxineira Silvana Fontes tenha mentido sobre o que aconteceu na fazenda. Como jornalista que acompanhou toda esta trajetória do MST nos últimos trinta anos, do sonho ao pesadelo, prefiro acreditar nela e no relato do repórter Maurício Simionato.
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* Ricardo Kotscho, 61, é repórter do iG e da revista Brasileiros. Tem contrato com o iG até abril de 2011. Jornalista desde 1964, já trabalhou em praticamente todos os principais veículos da imprensa brasileira (jornais, revistas e redes de TV), nas funções de repórter, editor, chefe de reportagem e diretor de redação. Foi correspondente na Europa nos anos 1970 e exerceu o cargo de Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República no governo Luiz Inácio Lula da Silva, no período 2003-2004. Ganhou os premios Esso, Herzog, Carlito Maia e Cláudio Abramo, entre outros.

Vaga-Lume faz congresso de bibliotecas comunitárias em Santarém

Começa amanhã (15/10) em Santarém, o 4º Congresso da Associação Vaga Lume que envolve municípios da Amazônia Legal. A abertura será às 9h20 no Hotel Barrudada Tropical. O município foi escolhido para sediar o encontro pelo destaque nas atividades desenvolvidas nas bibliotecas comunitárias da Vaga Lume que foram implantadas em comunidades da região, através de parceria com a Secretaria Municipal de Educação – SEMED.
O congresso tem como foco a juventude e visa a formação de novos mediadores de leitura. Devem participar 120 pessoas dos 20 municípios da Amazônia Legal Brasileira, entre mediadores já capacitados e jovens que estarão participando da formação pela primeira vez.
O tema principal do congresso é “Juventude Brasileira”. Durante a programação serão desenvolvidas diversas temáticas: gestão de bibliotecas comunitárias, formação de jovens multiplicadores, captação de recursos, ética e manual do voluntariado
Na segunda-feira, 19, haverá um momento de campo. Todos os participantes vão para a Escola Municipal Antonio Pedroso, em Alter do Chão, para desenvolver atividades práticas de pesquisa e mediação de leitura. A escola de Alter foi escolhida por ter sido a primeira a receber uma biblioteca Vaga Lume no município de Santarém. Essa atividade será desenvolvida no horário da tarde.
O evento acontece até o dia 20 de outubro. Os palestrantes vem de São Paulo, onde fica a sede da Associação Vaga Lume. Para a abertura do Congresso estará em Santarém a presidente da instituição, Sylvia Guimarães.
(Fonte: PMS)

Jogo de empurra entre Sespa e Pro-Saúde

Os vereadores saíriam, frustrados da sessão de hoje de manhã com a presença de representantes da Sespa e da Pro-Saúde, que administra o Hospital Regional do Baixo-Amazonas.
A sessão foi cheia de contradições e meias-verdades.
Nem Sespa nem a Pro-Saúde assumiram suas responsabilidades.
Do que foi arrancado a fórcepes, soube-se apenas que a redução da verba foi de 25% e a Pro-Saúde não cumpriu as metas estabelecidas.
A verdade, mesmo, sobre as demissões e a redução do atendimento no HR ficou no ar.
Foi marcada uma nova reunião.
Ou melhor, uma nova enrolação.
Enquanto isso, o povo que se exploda.

Câmara faz sessão sobre crise no Hospital Regional de Santarém

Será logo mais às 9h30 a sessão da Câmara que vai ouvir as explicações da Sespa e Pro-Saúde sobre a crise no atendimento no Hospital Regional do Baixo-Amazonas.
Na última quarta, os vereadores não conseguiram ser recebidos pela direção do hospital para esclarecer o caso, o que provocou protestros do presidente da Casa, vereador José Maria Tapajós.

Pantera reclama de indicação de ábitros paraibanos

No AMAZÔNIA:

Além das ameaças de desfalque e dos jogadores pendurados com dois cartões, o São Raimundo terá outra preocupação para o próximo domingo, quando enfrenta o Alecrim, de Natal: o trio de arbitragem. Ontem, no sorteio dos árbitros para as semifinais da Série D, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) escolheu o juiz José Renato Albuquerque Soares e os assistentes Griselildo de Souza Dantas e Humberto Tadeu Alves de Abreu, todos da Paraíba, estado vizinho ao Rio Grande do Norte, para apitar o jogo de domingo.
O resultado do sorteio indignou os dirigentes do São Raimundo e o presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF), Antônio Carlos Nunes. A pedido da diretoria do time santareno, Nunes enviou à CBF uma carta de repúdio à escolha dos árbitros nordestinos para a partida, que definirá um dos finalistas do Brasileiro da Série D. 'Isso é inadmissível', reclamou Sandcley Monte, um dos diretores do Pantera. 'Para nós, escalaram um árbitro de São Paulo. Para eles, um trio da Paraíba. É brincadeira', disse.
Apesar dos protestos, Sandcley Monte deixou claro que a diretoria do São Raimundo não questiona a idoneidade do ábitro José Renato Albuquerque Soares, mas sim a conduta da CBF, que incluiu juízes nordestinos no sorteio das escalas. 'Não estou dizendo que o cara vai meter a mão, mas é complicado. Mesmo assim, sabemos que podemos chorar, reclamar e vai ficar desse jeito. Vão fazer outro sorteio? Sabemos que não vão. Por isso a carta é só de repúdio, mesmo', declarou o dirigente alvinegro.
Para Sandcley Monte, o sorteio não agradou aos diretores do São Raimundo, mas servirá como incentivo aos jogadores. 'Vamos usar isso para dar mais força ao time. Afinal, o São Raimundo sempre luta contra tudo e contra todos', afirmou o dirigente. Na primeira partida das semifinais, o Pantera venceu o Alecrim por 3 a 1, no Colosso do Tapajós, em Santarém. Com a vitória, o São Raimundo pode perder por até um gol de diferença no jogo do próximo domingo, marcado para às 17 horas, no estádio Machadão, em Natal.
Desfalques - O meio-campista Rafael Oliveira, que apresentou dores na virilha na semana passada, está no departamento médico do clube e, segundo Sandcley Monte, deve jogar no próximo domingo. O goleiro Labilá, que se queixou de dores no estômago, também deve entrar em campo. 'O São Raimundo vai completo. Tanto o Rafael Oliveira quanto o Labilá estão sendo medicados', esclareceu o diretor. O técnico Lúcio Santarém também avisou que não poupará nem mesmo os seis jogadores pendurados com dois cartões amarelos.

Falta de chuva castiga 19 municípios do Pará

No AMAZÔNIA:

Os municípios de Pacajá, Brasil Novo, Dom Eliseu, Viseu, Almeirim e Prainha estão com zero de precipitação nos últimos 15 dias. A falta de chuva atingiu cidades como Monte Alegre, Brasil Novo, Dom Eliseu e Viseu, que há 60 dias não contam com a ajuda de nenhuma forte chuva de verão. Pacajá, Almeirim e Prainha já não vêem uma gota cair do céu há 40 dias, segundo o mapa de riscos e focos de queimadas que aponta 19 municípios paraenses em estado crítico no monitoramento de focos de calor. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Os 19 críticos são: Monte Alegre, Pacajá, Placas, Goianésia, Brasil Novo, Dom Eliseu, Santarém, Rurópolis, Uruará, Novo Repartimento, Abel Figueiredo, Breu Branco, Oriximiná, Aveiro, Viseu, Almeirim, Prainha, Santa Cruz do Arari e Rondon do Pará.
Monte Alegre, no Baixo-Amazonas, registrou 16 focos de calor no último dia 12. Logo em seguida aparece Pacajá, com 14 focos; depois Placas, com 10 e Goianésia, 9, em um único dia. O Pará, de janeiro até 12 de outubro deste ano, já registrou 8.284 pontos de queimada.
Os focos de calor estão em toda parte, inclusive nas unidades de proteção estadual e federal. Ontem, por exemplo, os satélites registraram focos na Floresta Nacional de Caxiuanã, em Porto de Moz; na Floresta Nacional do Tapajós, em Rurópolis; na Área de proteção Ambiental (APA) do Arquipélago do Marajó, no município de Ponta de Pedras e também na APA do Lago de Tucurui, em Goianésia. Brasil Novo, Prainha e Pacajá registram temperaturas máximas acima de 36 graus em outubro. Acima de 35 graus aparecem Uruará, Breu Branco e Goianésia.
Apesar dos dias de estiagem, o fenômeno El Niño continua se desenvolvendo na região do Pacífico Equatorial, mas a previsão é de que para 2009, será de fraca intensidade no período de outubro a dezembro. O El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical, e que pode afetar o clima regional e global, mudando os padrões de vento a nível mundial, e afetando assim, os regimes de chuva.

Um documento sobre a política no Pará em 64

Lúcio Flávio Pinto

Reproduzo a seguir artigo que me foi enviado por Oswaldo Coimbra, jornalista e pesquisador da Universidade Federal do Pará. Ele recupera para o conhecimento do leitor contemporâneo um documento de 45 anos atrás, que traduz não só a personalidade de um dos principais políticos em atividade no Estado nas últimas décadas, o ex-deputado, ex-senador, ex-governador e ex-prefeito Hélio Gueiros, mas a própria postura da elite paraense. A importância desse documento justifica abrir-lhe espaço neste jornal tão limitado, ao menos do ponto de vista físico. Mas também a iniciativa de Coimbra motiva outro tipo de reflexão: onde ele poderia publicar sua oportuna contribuição para a nossa história? Qual, dos grandes jornais, a abrigaria, curvando-se ao seu valor intrínseco para deixar de lado eventuais interesses e conveniências próprias, que não dizem respeito à sua tarefa de bem informar a opinião pública (muito pelo contrário: a prejudicam ou mesmo anulam)? Desta resposta pode-se ter uma idéia do grau de restrição que há na grande imprensa à livre circulação de idéias. No Pará, as pessoas – em especial as ditas notáveis nas colunas sociais utilitárias – são livres como um táxi, para usar a expressão mordaz de Millôr Fernandes.

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