segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Câmara de Santarém aprova moção de repúdio a governador e vice

A Câmara Municipal de Santarém aprovou hoje, por unanimidade, moção de repúdio ao governador do estado Simão Jatene e ao vice-governador Helenilson Pontes.

Segundo os vereadores de todos os partidos, Jatene não cumpriu sua promessa de neutralidade durante o plebiscito e Helenilson, natural de Santarém, deixou de defender a bandeira da redivisão.

Leia a íntegra das matérias aprovadas, clicando aqui.

Em Marabá e Santarém, plebiscito mostra sentimento de abandono da população

Danilo Macedo
Agência Brasil

Marabá (PA) - O plebiscito realizado nesse domingo (11) no Pará mostrou que 66,6% dos eleitores que foram às urnas são contra a divisão do estado para a criação de dois novos: Carajás e Tapajós. No entanto, nas cidades que deveriam se tornar capitais dessas novas unidades da Federação, Marabá e Santarém, respectivamente, a votação expressiva acima dos 90% a favor da divisão demonstra a insatisfação e o sentimento de abandono da população.

  Esse sentimento pode ser justificado pelos baixos investimentos estaduais nos municípios das duas regiões. De acordo com dados do Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), os gastos e investimentos estaduais per capita feitos em Carajás e no Tapajós são bem menores do que em municípios que permaneceriam no Pará.

Em 2010, enquanto o governo estadual gastou R$ 1.908,39 para cada habitante nessa região, em Carajás foram R$ 536,62 e no Tapajós, R$ 373,51. Em relação aos investimentos, o valores foram R$ 223,01, R$ 95,96 e R$ 60,20, respectivamente.

Para a pedagoga Magda Alves, que assistiu à apuração no telão colocado em frente ao Tribunal Regional Eleitoral em Marabá, os mais de 90% de votos da cidade a favor da criação do estado de Carajás são o grito de uma região dizendo que precisa de atenção. “Tem que haver mudança na gestão pública, no direcionamento dos recursos, na maneira como nossos políticos eleitos se comportam em relação à nossa região, tudo isso tem que mudar”.

A advogada Cláudia Chini disse, logo após o resultado, que “esse plebiscito demonstrou a indignação de uma população que está há décadas largada pelo descaso dos governantes". Moradores de Marabá, procedentes em grande parte de outros estados, também mostram insatisfação quando falam da divisão. "Não temos educação, saneamento, segurança, as cidades mais violentas do país nós estamos encampando aqui e, infelizmente, não temos representatividade no Congresso”, disse Cláudia.

  O governador do Pará, Simão Jatene, que antes do plebiscito de manifestou publicamente contra a divisão do estado, falou em “pacto pelo Pará” após o resultado e disse que o debate sobre a divisão exige uma rediscussão sobre responsabilidades com a esfera federal.

  No site do governo na internet, Jatene diz que o Estado não está conseguindo chegar onde as pessoas estão e que é o momento de todo o país refletir sobre isso. Ele admitiu que o sentimento das pessoas é genuíno porque realmente há distância e ausência, “uma insuficiência do Estado brasileiro” em relação a essas populações. Para o governador, o caminho, no entanto, não é a separação.

Desejo de criação de novos estados não é "coisa de meia dúzia de políticos'

Do Blog do Parsifal:

Mesmo sem as grandezas de cada região especificadas, intui-se que a votação, nitidamente, dividiu-se por região: o que seria o “Novo Pará” (64,7% do eleitorado) obteve 66% dos votos válidos. O que seria Tapajós e Carajás, juntos (32,2% do eleitorado), obteve 34% dos votos válidos, em grandezas arredondadas.
O plesbicito, portanto, foi decidido pela matemática pura e simples: com os respectivos eleitorados consolidados, não era possível uma vitória do “SIM”.
A apuração, ainda, desmistifica o discurso de que a divisão do Pará seria “coisa”, de meia dúzia de políticos: 1,2 milhão de pessoas, praticamente a totalidade dos habitantes do Sul e Oeste do Pará, desejam a emancipação. Os políticos da região, portanto, ao terem advogado a divisão, também repercutiam a posição política dos seus eleitores, da mesma forma que os que advogaram o “NÃO”.
Os principais municípios das três regiões massificaram suas vontades na urnas: Santarém votou 98,6% SIM ; Marabá votou 93,2%  SIM; Belém votou 94,8% NÃO.
Os demais municípios de cada uma região, com raras exceções, repetiram, respectivamente, os mesmos percentuais dos três acima citados.
As abstenções, brancos e nulos, ao contrário do que os divisionistas apostavam, e os unionistas temiam, se mantiveram na média histórica.