sexta-feira, 21 de março de 2008

Além do desmatamento, rodovias na Amazônia geram problemas sociais

De acordo com o pesquisador titular do Departamento de Ecologia do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) Philip Fearnside, as rodovias causam grandes impactos sociais e ambientais na Amazônia e podem dificultar tentativas de controlar o desmatamento. Apesar de o governo federal considerá-las prioridades pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o pesquisador pondera que as rodovias geram problemas não apenas do ponto de vista ambiental como também econômico e social.
As estradas em questão são as BRs 230, 163 e 319. A BR-230 ficou conhecida como Transamazônica e foi criada na década de 1970 com o objetivo de ocupar e colonizar a Amazônia. A BR-163 liga Cuiabá, no Mato Grosso, a Santarém (PA) e é utilizada principalmente para o escoamento da produção de soja. Atualmente ela permanece transitável, exceto no período de chuvas. A mais polêmica, entretanto, é a BR-319, que liga Manaus, no Amazonas, a Porto Velho, em Rondônia. Essa rodovia está abandonada há mais de 20 anos e a obra de pavimentação representa na prática uma re-abertura da estrada. Segundo Fearnside, as estradas permitem abertura de áreas da Amazônia que estão inacessíveis hoje e promove uma migração dos focos de desmatamento.
'Muitas regiões não estão preparadas para esse tipo de empreendimento. O desmatamento se espalhará por estradas laterais, de acesso, sem controle nenhum', explica. A pavimentação das rodovias trará, além do desmatamento, a grilagem, os problemas sociais e o conflito de terra numa região que ainda não apresenta esse tipo de problema. Além disso, a rodovia pode ampliar os problemas urbanos em Manaus. A cidade é a mais rica da região Norte e a terceira no país em renda per capita. Com a pavimentação da BR-319, que já está sendo feita, o município poderá passar por um crescimento populacional maior do que a é capaz de atender.
Para exemplificar o impacto demográfico que a estrada vai gerar em Manaus, Fearnside explica o caso da construção das Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira. 'Com as novas usinas, mais de 100 mil pessoas chegarão a Porto Velho. Ao término da obra, a cidade não terá como acolher essa população. Se a rodovia estiver pavimentada, toda essa população vai para Manaus, ao invés de se espalhar novamente pela região', explica. (Amazonia.org)

Polícia reforça efetivo para feriadão

A Polícia Militar de Trânsito (PTran) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) irão reforçar o efetivo para o feriado prolongado.
Dentre as principais preocupações está o cuidado para que os motoristas não dirijam embriagados, principalmente nas estradas que dão acesso à paraias.
A PRF irá fiscalizar se os estabelecimentos ao longo da Rodovia Santarém Cuiabá estão vendendo bebidas alcoólicas. De acordo com o inspetor Max Xabregas a media adotada pelo governo ainda está valendo.

Mais uma promessa de Maria do Carmo

A prefeita promete que em quatro meses o mercado municipal de Santana, mais conhecido como mercado da buchada será reformado.
Os vendedores deverão ser transferidos de lugar até que a reforma seja concluída. A decisão de para onde os vendedores irão deverá sair na próxima semana.

Restaurada a normalidade na obra da mina de bauxita de Juruti

Nota de esclarecimento

A construtora Camargo Corrêa, responsável pelas obras de implantação da Mina de Bauxita de Juruti, informa que um grupo de aproximadamente 70 trabalhadores interditou hoje (20) os acessos às frentes de serviço paralisando o andamento dos trabalhos.
A empresa realizou reunião na tarde de hoje com um grupo de colaboradores e recebeu algumas reivindicações que estão sendo analisadas. Os trabalhadores concordaram em desobstruir imediatamente os acessos para que sejam retomados os serviços. Uma nova reunião para discutir a pauta de reivindicações foi agendada para a próxima segunda-feira (24).
A construtora Camargo Corrêa está empenhada em solucionar este contratempo e esclarece que sempre manteve um canal aberto de comunicação com seus profissionais e o sindicato da categoria.
A Camargo Corrêa é uma empresa com mais de 25 mil funcionários e 69 anos de tradição no país. Um de seus principais lemas é zelar pela saúde, segurança e bem-estar de todos os seus colaboradores. A companhia espera solucionar este impasse brevemente.

Construções e Comércio Camargo Corrêa

O nome do homem

José Glazer é nome do alto dirigente da Cargill que esnobou um velho e importante parceiro da empresa em Santarém.

Avanço da coca na Amazônia preocupa ONU

O ESTADO DE S.PAULO

A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma estar “muito preocupada” com as informações da Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre o avanço da cocaína em tribos indígenas na região amazonense do Alto Solimões.Segundo a ONU, o fato deve servir como um sinal para que a fiscalização na região seja reforçada.
O temor das Nações Unidas é que os traficantes estejam começando a usar a Amazônia brasileira não apenas para o tráfico de drogas, mas também para sua produção, “exportando” o modelo já usado na Colômbia.Recentemente, o Exército confirmou ter encontrado plantações de coca na região de Tabatinga (AM). A produção representa pouco em relação à cocaína que passa pelo Brasil, mas os militares sinalizam para a necessidade de se reforçar a fiscalização na região.
“Isso é muito preocupante”, afirmou o representante do escritório das Nações Unidas Contra Drogas e Crimes (UNODC) para a América do Sul, Giovanni Quaglia. “Existe a coca nativa, usada tradicionalmente pelos indígenas há milênios. Mas não cultivada com a finalidade do comércio”, explicou Quaglia.“Os 7 mil pés de coca encontrados são um sinal de que o governo precisa ficar atento sobre o que está ocorrendo para evitar que esse volume aumente. A realidade é que o potencial de cultivo na região é enorme”, alertou ele.

Memória de Santarém - Lúcio Flávio Pinto

Os defuntos que votam

Sob o título "Voto de defunto", João da Praia (na verdade, Paulo Rodrigues dos Santos), escreveu - em O Baixo-Amazonas - esta bem humorada crônica logo depois do encerramento da eleição para a prefeitura de Santarém, em outubro de 1953, quando, mais uma vez, se multiplicaram as denúncias de fraudes na votação, favorecendo o vencedor.
Diz o zépovinho que nas últimas eleições em Santarém votaram vários defuntos cujos títulos foram apreendidos pelas Juntas apuradoras.
Essa história de defunto votar é coisa muito velha, mas, salvo melhor juízo, os falecidos de antigamente saíam das urnas funerárias e entravam nas urnas eleitorais com menos freqüência do que atualmente. E provo.
Contava eu meus doze anos quando pela primeira vez exerci "o sagrado direito do voto"...
In illo tempora, com meus cabelos de juta e vermelhinho como camarão frito em massa de tomate, meu apelido era "velho Ólace", porque, diziam as línguas de trapo, me parecia com o avô do amigo Sampson Wallace.
Num dia de eleição, que não era obrigatoriamente em domingo ou dia feriado, voltava eu do Grupo Escolar, o velho casarão dos Miléos onde agora reside o BBC.
Era quase meio dia. Ao passar por uma das seções, que estava às moscas por falta de votantes, espiei pela janela. Os mesários almoçavam (bons tempos aqueles). Sobre a mesa, ao lado da urna, uma vasta bandeja com pastéis, sanduíches, peru, galinha, arroz de forno, saladas, vinhos, cerveja e... bom apetite.
Ao me avistar, um dos mesários, o coronel X. (guardo o seu nome com amizade e reverência), gritou:
- Olá, velho Ólace, entre, venha comer uns pastéis.
- Não esperei segundo convite. Entrei e logo me deram dois pastéis saborosos, de camarão com azeitonas.
- Velho Ólace, você é eleitor? Perguntou o coronel X.
- Não, senhor, coronel. Nunca votei.
- Pois hoje você vai votar. Sente aqui.
E me plantou defronte de um livro, dando-me uma caneta.
Pediu ao escrivão ou secretário que indicasse um nome.
- Fulano de tal! Disse o secretário.
- Escreva aí nessa linha o nome, disse o coronel.
Com os meus garranchos menos maus escrevi o nome do Fulano.
- Outro, sugeriu o coronel.
- Beltrano dos anzóis, leu o secretário.
- Bem, este é do sítio, faça a letra bem feia e grossa.
E eu desenhei o nome do leitor ausente.
- Outro! Velho Ólace, vá votando aí até se cansar. Esse agora é um velhinho lá do Aritapera. Faça letra bem tremida...
- Não sei tremer, reclamei.
- Espere aí, disse o coronel, e, enquanto eu escrevia, me dava pancadinhas no cotovelo.
A "assinatura" do velho aritaperense saiu uma beleza de temendinha. Eu próprio fiquei extasiado diante da minha perícia!...
Mais assinaturas e mais pastéis. Depois um copo de vinho.
- Fulano de tal, disse o secretário.
- Esse já morreu há tempo, informou alguém.
- Não faz mal, disse o coronel. Defunto também vota!...
Arregalei os olhos, aterrado, e sussurrei:
- Não! Defunto não. Não quero negócio com defunto! E larguei a caneta.
- Não seja tolo, velho Ólace. Escreva o nome do homem!
- Não, já disse que não escrevo.
- Mas por quê?
- Por quê? Sei lá se de noite esse defunto vem me engasgar quando eu estiver dormindo!
E deixando os pastéis e a eleição saí mais depressa do que entrara.
Ao chegar em casa cheirando a vinho e camarões:
- Isto é hora de voltar da escola, menino?
- Eu estava na eleição. Estava votando!
- Eu te dou a eleição. Passa pra cá! E entrei em seis bolos bem puxados.
Essa foi a minha primeira aventura eleitoral.