sábado, 2 de fevereiro de 2008

NOVO PROGRESSO É CAMPEÃO; VIOLÊNCIA JUVENIL EM SANTARÉM

Novo Progresso no período de 2002 a 2006 tinha população de 21.333 pessoas, se consolidou como o mais violento da região com 68 homicídios entre os 2002 a 2006. Em Santarém, 47% das vítimas de homicídios são jovens.

Alessandra Branches
Repórter

De acordo com o relatório elaborado pela Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) com apoio do Ministério da Saúde que apontou as cidades mais violentas de todo o país, o município que registrou o maior número de homicídios na região oeste do estado do Pará foi o de Novo Progresso.
Os dados do relatório foram feitos com base no número populacional da cidade até o ano de 2006. Em vista disso, o município de Novo Progresso que na época abrigava 21.333 pessoas, se consolidou como o mais violento da região com 68 homicídios entre os 2002 a 2006.
O município de Santarém foi o que registrou o maior número de assassinatos entre a população jovem. Das 163 mortes registradas entre 2002 a 2006, 76 vítimas eram jovens. Grande parte delas tinha vínculo com gangues que aterrorizam os bairros da cidade e foram a óbito através da utilização de armas de fogo.
Contudo, a cidade de Novo Progresso, que hoje recebe em sua maioria dezenas de migrantes dos estados que compõe a região Centro-oeste, como Mato Grosso, e consolidou-se como porta de entrada para os que buscam nova vida no Pará,conseguiu evitar com que a média de 67,7 mortes durante os cinco anos de pesquisa fosse maior. Isto é, de 2002 a 2006, os assassinatos foram diminuindo de 24 para 7 em um único ano, assim como o número de mortes por armas de fogo. O que antes chegou à média de 59,6% passou para 39,4%.
Com um número bem menor de homicídios em relação ao seu número populacional, o município de Altamira, segue na segunda posição do ranking das cidades mais violentas da região oeste do Pará. Com 92.078 habitantes até 2006, o município registrou durante o período de elaboração do relatório 152 mortes. Entretanto, não registrou uma queda acentuada de homicídios como Novo Progresso.
Assim como os demais municípios, a cidade de São Feliz do Xingu, que ficou em terceiro lugar com 58.278 habitantes e 90 mortes, aumentou o número de homicídios por arma de fogo, aumentando à média de 22% para 27,3 mortes.
Violência Juvenil
O município de Santarém foi o que registrou o maior número de assassinatos entre a população jovem. Das 163 mortes registradas entre 2002 a 2006, 76 vítimas eram jovens. Grande parte delas tinha vínculo com gangues que aterrorizam os bairros da cidade e foram a óbito através da utilização de armas de fogo. Além disso, o município também desponta na frente no que tange ao número elevado de acidentes no trânsito. Foram 187 óbitos registrados durante o estudo, número este, que aumentou consideravelmente se somarmos às mortes de 2007.
Redução
Ao longo dos cinco anos de pesquisa, o município de Medicilândia foi o que registrou uma das maiores quedas no número de homicídios e redução populacional. Caiu de 31.484 para 26.163 habitantes entre 2004 a 2006, e diminuiu de 41,0% para 11,5% a média de assassinatos.
Homicídio zero
Em posição bem confortável, o município de Juruti não registrou sequer um homicídio durante o período da pesquisa. Com 33.591 habitantes até 2006, a cidade foi considerada pela pesquisa um dos locais mais seguros para se viver, seguida por Óbidos que registrou apenas um homicídio na época da elaboração do relatório.
Em todo o país, a cidade mais violenta, foi Colniza (MT), que registrou, em 2004, 165,3 óbitos por 100 mil habitantes. No país, a média foi de 27,2 mortos na mesma comparação. A primeira capital brasileira na lista das cidades mais violentas é Recife, em 13º lugar, com registro de 91,2 pessoas mortas para cada 100 mil habitantes. Na seqüência, longe da lista dos dez mais violentos, vem Vitória (ES), Porto Velho (RO) e Rio de Janeiro (RJ).
O relatório chegou a conclusão de que houve uma "estagnação" dos índices violência nos grandes centros e o deslocamento dessa realidade para o interior dos estados, onde, segundo o estudo, "violência continuava crescendo a um ritmo maior que o anterior". "Este mapa busca aprofundar as investigações sobre um fenômeno que há muito deixou de pertencer apenas aos grandes centros urbanos. A interiorização da violência vem-se revelando como mais um desafio para toda a sociedade brasileira", registra o estudo de autoria do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz.

MOVIMENTOS SOCIAIS EXIGEM EIA/RIMA MAIS AMPLO DO PORTO DA CARGILL


Alessandra Branches
Repórter



Desde o início do mês, uma equipe da empresa CPEA de São Paulo se instalou em Santarém para dar início aos trabalhos de realização do Estudo de Impacto Ambiental da empresa Cargill. A multinacional foi obrigada no fim do ano passado, através de decisão do Tribunal Regional Federal da 1º Região (TRF-1) a realizar os estudos de impactos ambientais, garantindo desta forma sua permanência da cidade. Ao tomar conhecimento do início da elaboração do Eia/Rima, através de matéria exclusiva de O Estado do Tapajós, de autoria do jornalista Paulo Leandro Leal, os movimentos sociais da região, informam que irão acompanhar passo a passo a realização do estudo, a fim de garantir que todos os danos causados com a implantação nas áreas de influência da BR/163 sejam de fato constatados e juntados aos autos do processo contra a empresa.
Para um dos líderes da Frente de Defesa da Amazônia, (FDA), movimento organizado que reúne dezenas de pessoas que lutam a favor da preservação e do desenvolvimento sustentável da região, Padre Edilberto Senna, a realização deste estudo é uma afronta para os amazônidas. "A verdade é que a Cargill cometeu um grande crime. Desobedeceu a Constituição Federal durante sete anos, e só vai realizar o estudo de impacto ambiental depois de instalada no porto da cidade. Isso demonstra a incoerência do tribunal de justiça que reconheceu a ilegalidade no seu processo de instalação e permitiu que ela continuasse funcionando", disse ele, destacando que a FDA juntamente com as demais lideranças comunitárias estarão de olho nas ações que visam a realização do EIA/RIMA. "Queremos que toda a área de influência da BR-163, seja ouvida e estudada para que de fato as irregularidades possam ser comprovadas e os danos imediatamente reparados pela graneleira", frisou ele.
Além disso, Edilberto Sena revelou que os movimentos sociais estão descontentes com a justiça que não permitiu que o termo de referência que garante o estudo em toda área de influência da BR/163 entregue à Secretaria Executiva de Meio Ambiente (SEMA), fosse visto pelos movimentos. "Nós que propusemos a ação, considerados pela lei como parte interessada, não tivemos acesso ao termo. Isso é um desrespeito conosco", comentou dizendo que irão fazer o possível para que as audiências públicas realizadas como parte integrante do EIA, tenham sua finalidade alcançada. "Não queremos que as audiências tenham o mesmo fim como as que aconteceram em Oriximiná e Juruti, onde a população foi reunida, os impactos comprovados e a empresa acabou funcionando", observou.
Mesmo assim, padre Edilberto não considera que o início do estudo de impacto ambiental feito pela multinacional, não soa de forma positiva para o município, a menos que seja feito de forma honesta e cientifica, como resguarda a Constituição Federal.
Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém (STTR), Maria Ivete Bastos, o início dos trabalhos deve ser acompanhado com cautela pelos santarenos. "A classe observa de forma positiva o início dos trabalhos, mesmo que de forma forçada a realizar estudo, diante de uma decisão da justiça, uma vez que nós trabalhadores rurais somos os que sofremos com a expansão da fronteira agrícola", disse ela lembrando que o reflexo da presença do porto graneleiro é visível na cidade. "Hoje em dia, o número de produtores que deixou de trabalhar para abastecer os mercados e feiras da cidade é impressionante. Grande parte deles vendeu suas terras para migrantes de estados vizinhos e se refugiaram nos bairros periféricos de Santarém, onde atualmente passam por necessidades", garante.
No decorrer das audiências públicas, as lideranças dos movimentos sociais pedirão a mediação do Ministério Público Federal.

FISCALIZAÇÃO DE BARES ENTRE CAIS E VIADUTO É DA PRF

Depois de muita discussão quanto à competência para fiscalizar a rodovia BR-163, no trecho compreendido entre o cais do porto e o viaduto da avenida Fernando Guilhon, a procuradoria jurídica do órgão, em Brasília, reconheceu que a Polícia Rodoviária Federal é a responsável pela fiscalização de bares, lanchonetes e pizzarias instalados às margens da rodovia, a fim de cumprir a Medida Provisória (MP 415) que prevê proíbe a venda de bebidas nas estradas federais desde o dia 17 de fevereiro. No total foram identificados cerca de 100 bares no percurso entre Santarém e Belterra.
Segundo o inspetor Chefe da Polícia Rodoviária Federal, Max Xabregas, a fiscalização que deveria ter começado desde o dia primeiro de fevereiro, só iniciará na nesta segunda, dia 4, devido ao atraso na entrega dos talonários de multa. Enquanto isso, os estabelecimentos comerciais localizados na BR/163, estão sendo apenas notificados para que não comercializem o produto neste período, caso contrário, assim que a fiscalização entrar em ação, poderão ser multados em até R$1,5 mil. Além disso, os comerciantes deverão colocar em frente de seus respectivos estabelecimentos, uma faixa, anunciando que de acordo com a MP 415, não comercializarão bebidas durante o carnaval. Os comerciantes que não colocarem o anúncio serão multados em até R$300.
Mas os donos de estabelecimentos comerciais reclamam a medida e garantem que continuarão vendendo. "Não entendo isso. Grande parte dos que morrem nas estradas bebe em bares que não ficam nas rodovias. Alguns já vêm bêbados de casa. Por isso, acho que o certo seria proibir logo tudo. Por quê só nós devemos ser prejudicados?" questiona o comerciante Nonato de Sousa, reclamando e dizendo que não vai colocar placa na frente do seu estabelecimento. "Quero ver se vão me multar. Eles não vão dar conta e fiscalizar essa rodovia de uma ponta a outra. Ela é muito grande e essa medida deveria ser válida somente para os bares que ficam fora da zona urbana e não para nós, que vivemos disso", falou indignado.
De acordo com informações do inspetor Xabregas, o objetivo da medida é fazer com que o número elevado de acidentes de trânsito registrados nas estradas federais durante a quadra carnavalesca, reduza significativamente. Para isso, os agentes de trânsito da Secretaria Municipal de Transportes (SMT), colaboração com Polícia Rodoviária intensificando a fiscalização dentro da área considerada urbana da cidade de Santarém.

APOLONILDO BRITO LANÇA O LIVRO ‘LENDÁRIO AMAZÔNICO’

Larissa Caldas
Repórter

Poeta, escritor, jornalista e piloto de avião, Apolonildo Britto se considera um amante da Amazônia. Agora ele acaba de lançar o livro "Lendário Amazônico", uma coletânea de lendas publicadas na revista Amazon View durante oito anos. Publicado com o patrocínio da Petrobrás, através da lei de incentivo à cultura, a Lei Rouanet, a publicação traz 40 lendas que retratam a riqueza cultural da Amazônia.
Estados como Amapá, Pará, Roraima e Amazonas têm suas lendas contadas de forma diferente da tradição oral, pois tratasse mais do que histórias lendárias, e sim verdadeiros ensaios que procuram destacar as origens, o significado social, a importância histórica e a vida da região amazônica, como definiu o autor.
As ilustrações ficaram a cardo de vários artistas plásticos, e conta com a participação de Edi Lopes, de Santarém, ilustrando a lenda do boto. O livro já foi lançado em Manaus em novembro de 2007 e tem lançamento previsto em Santarém para o período entre fim de fevereiro e inicio de março. A editora pretende lançá-lo no maior número de municípios da região.
Jimenne Britto, filha do autor e diretora geral da Norte Editorial, foi quem preparou o projeto. Segundo Jimenne, a Amazônia pouco trabalha com a lei de incentivo à cultura. "O estado do Amazonas não teve nos últimos dois anos nada aprovado pela lei Rouanet, e quem aprovava acabava não tocando em frente. Há alguns anos atrás foram aprovados livros, mas ninguém comercializava por que não é fácil", declara Jimenne.
A Norte Editorial está fazendo um trabalho de conscientização com as empresas para comercializar livros através da lei de incentivo à cultura. "Queremos mostrar que é vantajoso apoiar um livro da lei Rouanet, por que ela (a empresa) tem até 100% de desconto no imposto de renda no que investir em incentivos", esclarece Jimenne.
Atualmente, 12 projetos estão dando entrada na lei Rouanet, e empresas da região poderão patrocinar. "'Lendário Amazônico'é o primeiro, é o nosso mostruário, queremos fazer trabalhos com outros autores". A proposta da editora é trabalhar exclusivamente com livros de foco amazônico, que exaltem e mostrem a região através de uma editora da própria região. Além de "Lendário Amazônico", serão lançados ainda este ano mais dois livros pelo mesmo sistema: "Amazônia, a mãe dos rios" e "O vôo das garças - a história da aviação na Amazônia", que está em processo de aprovação.
Apolonildo Britto, falou ao Jornal sobre a experiência do livro.
O Estado - Quanto tempo de pesquisa?
Apolonildo Britto - Primeiro que eu sou caboclo da Amazônia, e para o bom caboclo - no tempo que não tinha rádio nem televisão - os nossos heróis e os nossos vilões eram lendários, era os personagens das lendas, o boto, o Pedro Malazar... Então eu já tenho uma história que vem daqui da região mesmo de conhecimento das lendas através da transmissão oral feita pelas pessoas. Com o tempo eu me interessei muito, meu avô era um intelectual, era professor, e sempre gostava de depois do almoço deitar na rede e ficar olhando as janelas, e nas nuvens iam formando aquelas figuras, e ele ia me contando com se fosse as personagens lendárias.
O Estado - Como surgiu a idéia de publicar o Livro?
Apolonildo - Comecei a publicar na Amazon View a pedido de minha filha, que deu a idéia de ter uma seção de lendas na revista. Já fazem oito anos de publicação de lenda na revista. Escrevendo as lendas, comecei a achar que não isso não era suficiente, então passei a fazer pesquisas sobre as lendas. Compreendi que jornalisticamente e literariamente era mais importante fazer um ensaio sobre as lendas, estudando, pesquisando e colocando isto no meu trabalho, do que simplesmente reproduzi-las como vinham sendo contadas ene vezes. O Benedito Monteiro fez o prefacio do livro e disse que a obra é inédita, pois ninguém ainda na Amazônia havia abordado as lendas dessa maneira, como ensaio.
O Estado - Como você vê a preservação da memória cultural na região amazônica?
Apolonildo - O que eu vi há trinta anos atrás eu não vejo mais, a memória cultural da região está sendo diluída, apagada, esse trabalho que eu fiz é a tentativa de resgatar a memória cultural, pelo o que os nossos antepassados nos passaram. Faço isso para os jovens terem conhecimento delas e elas não morrerem, pois o que está escrito vale mais do que é falado. A juventude tem que conhecer e transmitir pra as próximas gerações.
O Estado - Qual sua lenda favorita?
Apolonildo - A do Jurupari, que é o caboclo autêntico. Vitima da própria grandeza. O Moisés dos índios. Ele que estabeleceu o convívio social entre os índios, criou a figura do pajé, introduziu a musica, a dança. Foi o herói civilizador dos índios. Nós conhecemos o Jurupari como monstro, mas ele foi destruído pela Igreja, pois atrapalhava a catequese dos índios.
BEC SÓ VAI FICAR COM ÁREA DO QUARTEL E VILAS MILITARES


MIGUEL OLIVEIRA
Repórter

Diferentemente dos quartéis existentes nos demais pontos do país, que estão recorrendo às placas de alugueis para reforçar o caixa apertado, o comandante do Oitavo Batalhão de Engenharia e Construção (8ºBEC), coronel Jerônimo Dower, informou com exclusividade a O Estado do Tapajós, que o Departamento do Patrimônio da União(DPU)irá se desfazer de quase todas as áreas localizadas na zona urbana da cidade que ficam sob a guarda do 8º BEC. Desses terrenos, apenas parte de uma área localizada às margens da avenida Moaçara, será vendida a fim de melhorar a infra-estrutura do quartel instalado na serra do Piquiatuba. As demais áreas arrendadas só garantem mensalmente ao Exército cerca de R$ 4,5 mil.
O comandante do 8º BEC explicou que apenas os terrenos que abrigam o quartel e as vilas militares, localizados na avenida Barão do Rio Branco, continuarão de posse do Batalhão. As demais que compreendem terrenos urbanos situados em parte da avenida Moaçara, Rodovia Br/163, avenida Turiano Meira e no bairro do Laguinho ou serão colocadas à venda na modalidade de permuta ou devolvidos ao patrimônio municipal.
Algumas desses terrenos já abrigam há mais de quatro anos empresas como a PROMATO, CONCRETAP, JADE Engenharia, Arroz Jobella e G. Altrão Comércio LTDA que rendem aos cofres da instituição, com concessão destes terrenos para que estas empresas privadas coloquem seus outdoors e montem seus negócios, apenas R$ 4,5 mil por mês.
O objetivo do Exército, conforme revelou o coronel durante entrevista, é que essas áreas da avenida Moaçara, que abrangem aproximadamente 51,7 hectares, sejam alienadas e a empresa vencedora, ao invés de pagar em dinheiro para o batalhão, apresente como contrapartida a construção e ampliação de novos prédios nas instalações do quartel, na serra do Piquiatuba.
As demais áreas localizadas próximas ao Centro de Controle de Zoonozes (CCZ), na Avenida Moaçara, com entrada pela Santarém/ Curuá-Una, na avenida Turiano Meira e outra localizada na Avenida 24 de Outubro, próximo á extinta SUDAM, esta última ainda sob arrendamento para a empresa G. Altrão serão devolvidas pela Gerência do Patrimônio da União (GPU) ao município. Em uma dessas áreas que serão devolvidas, a Caixa Econômica Federal pretende financiar a construção de casas populares.
Outra área da Moaçara ficará sob arrendamento às Faculdades Integradas do Tapajós(FIT). No terreno de cerca de 150 hectares foi instalado um mini-zoológico, o ZooFIT.

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