sábado, 2 de fevereiro de 2008

APOLONILDO BRITO LANÇA O LIVRO ‘LENDÁRIO AMAZÔNICO’

Larissa Caldas
Repórter

Poeta, escritor, jornalista e piloto de avião, Apolonildo Britto se considera um amante da Amazônia. Agora ele acaba de lançar o livro "Lendário Amazônico", uma coletânea de lendas publicadas na revista Amazon View durante oito anos. Publicado com o patrocínio da Petrobrás, através da lei de incentivo à cultura, a Lei Rouanet, a publicação traz 40 lendas que retratam a riqueza cultural da Amazônia.
Estados como Amapá, Pará, Roraima e Amazonas têm suas lendas contadas de forma diferente da tradição oral, pois tratasse mais do que histórias lendárias, e sim verdadeiros ensaios que procuram destacar as origens, o significado social, a importância histórica e a vida da região amazônica, como definiu o autor.
As ilustrações ficaram a cardo de vários artistas plásticos, e conta com a participação de Edi Lopes, de Santarém, ilustrando a lenda do boto. O livro já foi lançado em Manaus em novembro de 2007 e tem lançamento previsto em Santarém para o período entre fim de fevereiro e inicio de março. A editora pretende lançá-lo no maior número de municípios da região.
Jimenne Britto, filha do autor e diretora geral da Norte Editorial, foi quem preparou o projeto. Segundo Jimenne, a Amazônia pouco trabalha com a lei de incentivo à cultura. "O estado do Amazonas não teve nos últimos dois anos nada aprovado pela lei Rouanet, e quem aprovava acabava não tocando em frente. Há alguns anos atrás foram aprovados livros, mas ninguém comercializava por que não é fácil", declara Jimenne.
A Norte Editorial está fazendo um trabalho de conscientização com as empresas para comercializar livros através da lei de incentivo à cultura. "Queremos mostrar que é vantajoso apoiar um livro da lei Rouanet, por que ela (a empresa) tem até 100% de desconto no imposto de renda no que investir em incentivos", esclarece Jimenne.
Atualmente, 12 projetos estão dando entrada na lei Rouanet, e empresas da região poderão patrocinar. "'Lendário Amazônico'é o primeiro, é o nosso mostruário, queremos fazer trabalhos com outros autores". A proposta da editora é trabalhar exclusivamente com livros de foco amazônico, que exaltem e mostrem a região através de uma editora da própria região. Além de "Lendário Amazônico", serão lançados ainda este ano mais dois livros pelo mesmo sistema: "Amazônia, a mãe dos rios" e "O vôo das garças - a história da aviação na Amazônia", que está em processo de aprovação.
Apolonildo Britto, falou ao Jornal sobre a experiência do livro.
O Estado - Quanto tempo de pesquisa?
Apolonildo Britto - Primeiro que eu sou caboclo da Amazônia, e para o bom caboclo - no tempo que não tinha rádio nem televisão - os nossos heróis e os nossos vilões eram lendários, era os personagens das lendas, o boto, o Pedro Malazar... Então eu já tenho uma história que vem daqui da região mesmo de conhecimento das lendas através da transmissão oral feita pelas pessoas. Com o tempo eu me interessei muito, meu avô era um intelectual, era professor, e sempre gostava de depois do almoço deitar na rede e ficar olhando as janelas, e nas nuvens iam formando aquelas figuras, e ele ia me contando com se fosse as personagens lendárias.
O Estado - Como surgiu a idéia de publicar o Livro?
Apolonildo - Comecei a publicar na Amazon View a pedido de minha filha, que deu a idéia de ter uma seção de lendas na revista. Já fazem oito anos de publicação de lenda na revista. Escrevendo as lendas, comecei a achar que não isso não era suficiente, então passei a fazer pesquisas sobre as lendas. Compreendi que jornalisticamente e literariamente era mais importante fazer um ensaio sobre as lendas, estudando, pesquisando e colocando isto no meu trabalho, do que simplesmente reproduzi-las como vinham sendo contadas ene vezes. O Benedito Monteiro fez o prefacio do livro e disse que a obra é inédita, pois ninguém ainda na Amazônia havia abordado as lendas dessa maneira, como ensaio.
O Estado - Como você vê a preservação da memória cultural na região amazônica?
Apolonildo - O que eu vi há trinta anos atrás eu não vejo mais, a memória cultural da região está sendo diluída, apagada, esse trabalho que eu fiz é a tentativa de resgatar a memória cultural, pelo o que os nossos antepassados nos passaram. Faço isso para os jovens terem conhecimento delas e elas não morrerem, pois o que está escrito vale mais do que é falado. A juventude tem que conhecer e transmitir pra as próximas gerações.
O Estado - Qual sua lenda favorita?
Apolonildo - A do Jurupari, que é o caboclo autêntico. Vitima da própria grandeza. O Moisés dos índios. Ele que estabeleceu o convívio social entre os índios, criou a figura do pajé, introduziu a musica, a dança. Foi o herói civilizador dos índios. Nós conhecemos o Jurupari como monstro, mas ele foi destruído pela Igreja, pois atrapalhava a catequese dos índios.

2 comentários:

DENISON SILVAN disse...

Apolonildo Britto é uma das figuras mais emblemáticas do Jornalismo da Amazônia. Um guerreiro das letras, que conseguiu a proeza de manter em atividade a revista Amazon View por 16 anos ininterruptos. Ainda farei um busto do meu amigo em praça pública em algumas cidades da Amazônia, para que as gerações à frente possam saber que a Amazônia produz homens do quilate de Apolonildo Brito.

Um abraço do seu amigo Denison Silvan

Pedro disse...

Sou professor do Curso de Psicologia da ESBAM _AMAZONAS e ministro a disciplina Questão Psicossocial na Amazônia. A tempos que estava procurando um livro que desenvolvesse as lendas e mitos da Amazônia. Graça ao Sr. Apolonildo, encontrei seu livro e o usarei com meus alunos. Obrigado.