Lúcio Flávio Pinto
Editor do Jornal Pessoal e articulista de O Estado do Tapajós
Quem acessar o site da Companhia Vale do Rio Doce poderá consultar o balanço anual da empresa só até 2004. Desse ano em diante estão disponíveis apenas os balanços trimestrais. Foi em 2004 que pela última vez as demonstrações financeiras saíram em edição impressa, na forma de livro. A partir daí a versão completa das contas ficou restrita ao Diário Oficial da União e a raros jornais nacionais. Ao invés do balanço, o produto no qual a empresa mais investe é o Relatório de Sustentabilidade. A versão deste ano será lançada em agosto.
Outras empresas adotam esse procedimento, mas é de estranhar que a maior corporação privada do país e do continente, e a segunda maior mineradora do mundo, interrompa uma boa tradição. Os interessados na Vale aguardavam com certa ansiedade a publicação do seu balanço em papel para analisá-lo detidamente, tendo uma visão completa das múltiplas atividades da empresa.
Agora essa visão é fracionada e de acesso mais difícil. Não deixa de contrastar com os gastos cada vez maiores da empresa em propaganda e publicidade. A Vale não parece mais interessada em fornecer informações: pretende conduzi-las em domicílio, prontas para digestão.
Talvez assim reduza a margem de crítica. Não surpreende: a empresa acostumou-se a ouvir apenas elogios.
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