quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

AS COTAS E CARTÕES E O CARNAVAL BRASILEIRO

Paulo Cal, arquiteto,
Articulista de O Estado do Tapajós
p.cal@globo.com

Nós, que segundo o presidente do Congresso Nacional o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) temos um sistema de governo “presidencialista de matiz absolutista”, que “governa com uma profusão de Medidas Provisórias que rasgam a Constituição com desprezo”, que “governa com orçamento fictício”, que “interfere no Poder Judiciário e Legislativo”, que tem como líder da base aliada no Senado o chefe dos sanguessugas de Roraima e “que só apresenta candidatos indignos aos cargos públicos”; temos que ser foliões deste carnaval da senvergonice política e da gastança que os cartões coorporativos do governo petista acabam de revelar à Nação.
Em pleno carnaval, ou melhor, nas cinzas carnavalescas, o presidente do Congresso Nacional criticou o “gigantismo do detalhamento constitucional, que deixa pouco espaço para o legislador ordinário e a União dominadora que promove, com a profusão de medidas provisórias, uma verdadeira transferência da elaboração legislativa para o Poder Executivo de matiz absolutista”. Na presença da ministra Ellen Gracie, presidente do STF, Garibaldi disse: “não é possível admitir que sob o argumento de ausência de norma, o Judiciário extrapole sua missão constitucional e passe a agir como legislador”.
A farra do Cartão de Crédito Coorporativo do Governo petista revelou que alguns ministros usaram cartões de crédito pagos pelo Governo, ou seja, com o meu o seu o nosso dinheirinho, para custear despesas pessoais. Em suas faturas, constam contas de restaurantes caros, churrascarias, bares, lanchonetes e até, imaginem, compras no “free shop”.
Segundo a revista Veja, a situação mais delicada é a da ex-ministra (pediu demissão em pleno carnaval) para a Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro (Negra). Ela fez uma farra tão grande com o cartão em hotéis cinco - estrelas, redutos da boêmia carioca e paulista e bares de todo o país e comprou até em free shop. No topo da gastança coorporativa aparecem outros ministros nanicos como Altemir Gregolin, da pesca (Branco) e Orlando Silva dos esportes (Mulato).
No fundo do fundão, os cartões de crédito oficiais eram usados até para abastecer a despensa dos palácios governamentais. O que é inexplicável é que 75% dos 78 milhões de reais gastos em 2007, foram de saques de dinheiro em caixas eletrônicos, ou seja, 58,5 milhões de reais em dinheiro vivo, vivinho da silva.
O que se vê neste governo autoritário cujo tema das cotas – sejam elas raciais ou de dinheiro nos cartões coorporativos – só libera muita verborragia populista e burra da ministra Dilma Rousseff e produz em nós muita frustração e hostilidade cidadã. No caso das cotas nas universidades, instiga preconceito racial e social. Como escreveu Lya Luft (Ponto de Vista na Veja): “a idéia das cotas nas universidades reforça conceitos nefastos: o de que negros são menos capazes e precisam de um empurrão e o de que a escola pública é péssima e não tem salvação”. Já no caso das cotas raciais no ministério do senhor Da Silva com relação aos gastos nos cartões, o conceito são menos nefastos: negros, brancos e mulatos tem a mesma capacidade de gastar o meu, o seu, o nosso pobre-rico dinheirinho.
Meus pêsames ao governo absolutista e autoritário, ao desgoverno nos cartões coorporativos, e a educação pública brasileira.“Viva o Carnaval” sem Cotas raciais e sem Cartões de crédito.

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