Espaço Aberto
Na coluna “Repórter 70”, de O LIBERAL de hoje:
PM
EfetivoO secretário de Segurança Pública, Geraldo Araújo, estima que a volta aos quartéis de 5% a 7% do efetivo da Polícia Militar encastelado em gabinetes, hoje, garantiria a volta às ruas de cerca de 600 policiais, no mínimo. Para se ter uma idéia, 12% dos 12 mil homens que compõem o efetivo da PM estão tirando serviço em órgãos públicos. Só na Alepa, há uma companhia, ou cerca de 80 homens.
Acrescente-se a todo esse contingente - mais de mil policiais, pelo que se depreende das estimativas do próprio secretário de Segurança Pública do Pará - os cerca de 200 a 400 que se encontram com um pé na reserva remunerada, conforme revelou ontem o Espaço Aberto, e então pode-se ter uma pálida dimensão do abacaxi que a governadora Ana Júlia Carepa tem nas mãos para descascar.
Esse assunto guarda um fortíssimo componente político porque afeta, inevitavelmente, relações institucionais. O governo do Estado, é óbvio, dispõe de todos os meios legais e administrativos possíveis para requisitar de volta aos quartéis PMs que hoje batem ponto em paragens muito distantes da caserna, muitos deles metidos em vistosos ternos e gozando do aconchego de gabinetes com ar-condicionado.
Se o governo do Estado não aplica os meios legais e administrativos possíveis para contornar a situação é porque não pretende, nem remotamente, entrar em confronto com outros poderes, como a Assembléia Legislativa do Estado e o Tribunal de Justiça, além de tantos outros órgãos que contam os serviços de PMs.
Mas há dois aspectos decorrentes dessa recusa ao confronto que expressam um alto potencial de desgaste político e de repercussões muito mais abrangentes do que aquelas que ficariam, em tese, circunscritas ao âmbito institucional.
Um deles refere-se à insatisfação na tropa. O policial que sai à caça de um bandido, e sem colete à prova de balas, não deve sentir-se regozijado com o fato de estar expondo a própria vida em defesa da população, enquanto um colega seu, com o mesmo tempo de quartel, com o mesmo grau de instrução, com a mesma patente, tudo igualzinho, enfim, está agregado num gabinete de um político ou de um padrinho qualquer, onde se entretém abrindo e fechando portas ou conferindo o cara-crachá-cara-crachá, como daquele personagem de um quadro humorístico exibido em emissora de televisão.
O outro aspecto tem a ver com a segurança da população. Uma cidade como Belém, com criminalidade crescente e dificilmente controlável, não pode sob hipótese alguma prescindir de 600 policiais nas ruas. Indiscutivelmente, não pode. A carência de pessoal no setor de segurança pública é comprometedora e abala toda e qualquer estratégia conseqüente para minimizar os efeitos que o banditismo desenfreado deflagra em qualquer segmento da sociedade, inclusive os mais carentes.
O governo do Estado precisa resolver essa situação o quanto antes. Para o seu bem e para o bem do Pará e de Belém.
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