PF levará a campo recursos tecnológicos de alto nível para combater o desmatamento.
Operação será iniciada neste mês, no Norte e Centro-Oeste
Edson Luiz
Correio Braziliense
A Polícia Federal vai usar a tecnologia e a ciência para combater os crimes ambientais, durante a Operação Arco de Fogo, que começa neste mês no Norte e Centro-Oeste do país. Um grupo de peritos já está treinando para se deslocar até a Amazônia, nas próximas semanas, onde usarão novas técnicas para produzir provas contra madeireiros que fizeram desmatamento ilegal. Pela primeira vez, a PF levará a campo recursos que até então só existiam em laboratórios do Instituto Nacional de Criminalística (INC), em Brasília.
“Criou-se uma nova legislação, mas a polícia continuou urbana”, explica o perito Emílio Lenine Carvalho da Cruz, responsável pela área de meio ambiente do INC. Segundo ele, com o surgimento da Lei dos Crimes Ambientais, a PF teve que se aperfeiçoar em novas técnicas. Mas nesse tipo de delito, o trabalho da perícia é diferente do que se faz na cidade.
“A característica é diferente, já que avaliamos a dimensão e as conseqüências do crime e apuramos se houve negligência, o que se torna um agravante para o infrator”, observa Paulo Roberto Fagundes, diretor do INC.
Dentre as novas técnicas está a análise da madeira derrubada ou transportada ilegalmente. O trabalho cabe ao perito Marcelo Garcia de Barros, engenheiro florestal por formação, com mestrado em ciências ambientais. Ele analisa com um microscópio a estrutura anatômica e os veios da madeira, para identificar a espécie. A partir disso, os peritos sabem se houve ou não um crime.
“Sabendo qual é o tipo da madeira, verificamos se a extração é permitida ou não. Tudo feito de forma científica”, observa Emílio da Cruz, que é doutor em geologia.
Mas o trabalho durante a Operação Arco de Fogo não vai se restringir à identificação da madeira. “Estamos levando à campo um banco de dados sobre áreas desmatadas”, diz Emílio, explicando que a Policia Federal também vai usar um sistema de monitoramento por satélite Aliás, de tecnologia japonesa e com grande potência de fiscalização.
“Nós podemos captar imagens por radar, o que permite rastrear áreas mesmo com chuvas ou com excesso de nuvens”, acrescenta o perito, afirmando que depois das análises, o trabalho é feito em campo, quando será possível mostrar os valores da madeira derrubada e o que foi destruído na floresta.
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