Paulo Leandro Leal
As fortes chuvas que caem diariamente na região oeste do Pará têm causados sérios estragos nas estradas, deixando-as intrafegáveis, e nas cidades, onde os moradores sofrem com alagamentos e enxurradas. A situação tem preocupado a defesa civil do Estado, que está alertando principalmente os municípios de Altamira, Rurópolis, Santarém e Itaituba para o risco de vendavais, alagamentos e acidentes, como queda de árvores e deslizamentos de encostas.
No sábado, 22, uma grande quantidade de terra deslizou para o leito da pista na Rodovia BR-163 (Santarém-Cuiabá), na Serra do Piquiatuba, zona urbana de Santarém. O 8º Batalhão de Engenharia e Construção (BEC) trabalhou quase o dia todo para liberar o tráfego na rodovia. No domingo, um deslizamento de areia interrompeu por cerca de uma hora o tráfego na rodovia estadual Everaldo Martins, que liga a cidade de Santarém è vila de Alter do Chão. O deslizamento ocorreu durante uma forte chuva.
Nas rodovias Transamazônica (BR-230) e Santarém-Cuiabá, diversos trechos ficam sob água durante as chuvas mais intensas. Os rios estão transbordando e muitas pontes podem ser levadas a qualquer momento pela correnteza. Os motoristas têm que esperar o nível da água abaixar para seguir viagem. Novos atoleiros se formam a cada dia e transformam a viagem num verdadeiro teste de paciência.
Na cidade de Santarém, maior da região, os estragos causados pelas chuvas têm sido grandes. Há duas semanas, o comércio da cidade ficou completamente alagado, a água invadiu as lojas e muitos produtos estragaram. Até mesmo carros foram arrastados pela enxurrada. Na periferia, a situação é mais dramática. Todos os dias, milhares de pessoas não conseguem sair de casa cedo para trabalhar.
Em alguns bairros, os moradores constroem barricadas para impedir o avanço da água durante a chuva. Na Nova República, um dos bairros mais distantes do Centro, muitos moradores jê tiveram as casas invadidas pela água e perderam móveis e eletrodomésticos. "Toda a noite chove e eu já nem durmo mais direito preocupada com meus filhos", relata a doméstica Maria Paula, 35, que mora sozinha com seus cinco filhos. Ela tem faltado com freqüência ao trabalho por causa das chuvas. "Tenho medo de perder o emprego", diz.
Valas e buracos tomam conta da cidade, que ficou com aparência de terra arrasada. A situação é tão grave que a prefeita Maria do Carmo (PT) estuda decretar estado de emergência no município. Mas ela é acusada pela oposição de não realizar os serviços básicos de infra-estrutura, como drenagem e desentupimento de bueiros, o que estaria aumentando o problema.
Segundo a defesa civil do Estado, tem chovido neste mês de março mais do que o índice registrado nos meses de janeiro e fevereiro juntos. A tendência é que as chuvas fortes continuem caindo até o final do mês e vá diminuindo a partir do mês de abril, mas o inverno deve prosseguir até o final do mês de maio.
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