A cidade foi tomada por versões acerca da morte e dos motivos que levaram Delano Riker, vice-prefeito de Santarém, a sofrer um fulminante infarto do miocárdio, na última quinta-feira.
O fato: Delano, desmaiado, foi levado em um táxi para o hospital municipal. Foi atendido pela médica Lívia Corrêa e encaminhado à UTI. Morreu minutos depois de ter recebido os primeiros procedimentos. Não havia médico cardiologista de plantão.
A versão: Uma ‘junta’ de dirigentes municipais diz que Dalano foi bem atendido e que recebeu o tratamento adequado. O trio garantiu que havia cardiologista no momento da internação, mas até agora não informou o nome do referido cardiologista.
O fato: O estado físico e mental de Delano já apresentava sinais evidentes de desgastes. Safenado, endividado, isolado politicamente, o vice-prefeito se queixava, até publicamente, ser vítima de perseguição do presidente do PDT e do secretário de planejamento.
A versão: Delano teria cometido irregularidades na Semab. Isso vinha sendo usado para alijá-lo das decisões estratégicas do governo municipal e não mais integrar a chapa para reeleição na condição de vice. Para manter as aparências, o presidente do PDT difundia a versão de que Delano seria candidato a vereador, o que ele negava quando perguntado.
O fato. Delano sofria pressões de todos os lados. Não era confiável para o secretário de planejamento. Quando Maria viajava, Delano virava uma rainha da Inglaterra. Não mandava na prefeitura, só assinava alguns papéis que lhe levavam, mas alguns documentos ele se negava a assinar.
A versão: Delano caiu em desgraça quando se recusou a assinar a dispensa de licitação para a construção de mini-usinas hidrelétricas. O secretário de planejamento e o presidente do PDT armaram um plano com a ajuda do sindicato dos trabalhadores rurais para apear Delano da Semab. Houve cerco ao prédio, invasão, bate-boca. Sem ter saída, Delano entregou o lugar para o presidente do PDT.
O fato: Delano já estava rompido politicamente com a administração municipal. Vinha mantendo reuniões com a oposição. Há 10 dias teve um encontro, em Brasília, como deputado federal Lira Maia. Confirmou que anunciaria o rompimento com a prefeitura somente em junho para impedir que seus indicados para trabalho temporário fossem demitidos com o amparo da lei eleitoral.
A versão: Delano era um obstáculo ao fechamento de um acordo com o PMDB. Maria do Carmo já havia oferecido o lugar de vice ao secretário de transportes José Antônio Rocha. O isolamento de Delano, agora, com sua morte, deixa a porteira aberta.
O fato: Maria, Everaldo e Osmando queriam ver Delano pelas costas. Falavam mal dele nos bastidores. Aturavam a presença dele nas inaugurações.
A versão: No dia do aniversário de Santarém, no ano passado, Delano se recusou a gravar uma entrevista para o Programa do Bacana, da TV RBA, elogiando o governo de Maria do Carmo. O vice-prefeito estava indo a todas as inaugurações de propósito, só para criar constrangimentos à prefeita.
O fato: O velório de Delano na igreja Batista ocorreu em clima de comoção, constrangimentos e mal-estar.
A versão: Delano havia se reconciliado com a igreja Batista no último domingo, após regressar de Brasília. Na quarta-feira à noite, compareceu a um culto de oração. Pediu que seu nome fosse incluído entre as intenções das preces que ali se faziam. Relatou todos os seus problemas particulares, financeiros e políticos. O pastor anotou tudo. Delano morreu de manhã. O pastor, na preleção do velório, contou a fábula da cobra e a cigarra. Dizia ele: a cobra vivia perseguindo e querendo comer a cigarra. Um dia a cigarra perguntou a cobra o porquê de tanta perseguição? A cobra, então, respondeu: É por que você está brilhando demais.
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