quarta-feira, 5 de março de 2008

Memória de Santarém - por Lúcio Flávio Pinto

Médico antigo
Júlio Cezar de Macedo Castro, nascido em Belém, se formou como dentista pela Faculdade do Pará. Mas em Santarém, para onde foi transferido como coletor das rendas estaduais, atuava também como médico. Em mais de 40 anos de residência em Santarém, fez mais de 300 partos, “com ótimos resultados”, conforme o registro de O Jornal de Santarém quando morreu, aos 64 anos, em 1947. Por sua “honradez irrestrita aliada à mais irrestrita caridade”, sempre que “acontecia de não haver médicos em Santarém, o que não raras vezes se verificava, era o dr. Júlio Castro, com os amplos conhecimentos de que dispunha, o médico gratuito da pobreza.
Foi também “um dos mais fortes e destemidos elementos” do Partido Liberal. Foi vice-presidente do diretório municipal e delegado do distrito de Boim.
Foi casado durante 38 anos com Tereza Campos de Castro.
Filhos: Alba de Castro Pinto, casada com João Gil Vieira Pinto; Carlos Castro de Campos, então funcionário do Banco de Crédito da Borracha; Alberto Campos de Castro, dentista prático; Célia de Castro Brandão, casada com Arthur Vieira Brandão, e Expedito Campos de Castro, rádio-telegrafista da Base Naval de Natal.

Acidente no trapiche

No dia 9 de outubro de 1952, um sábado, a barcaça Pindobal, de propriedade das Plantações Ford de Belterra, do Ministério da Agricultura, afundou quando se encontrava atracada ao navio Campos Sales, do Lloyde Brasileiro, às 18,30 horas, no portão 3 do trapiche municipal. O acidente ocorreu quando a barcaça já estava com 8.390 sacas de sal, destinadas à plantação. Não chovia e não havia vento forte. A embarcação afundou rapidamente. Os tripulantes e o vigia só tiveram tempo de se jogar ao rio e escapar a nado. A causa do acidente ainda não fora determinado quando o Lloyd peticionou ao juiz “para ressalva, garantia e segurança de seus direitos, que fará valer em tempo oportuno, com fundamento no art. 270 do Cód. De Proc. Civil”, protestando contra as Plantações Ford de Belterra. Havia carga afretada também para outras firmas em Santarém.

Excursão heróica


Em julho de 1953 o São Francisco fez uma excursão a Parintins, no Amazonas, chefiada por seu presidente, José Maria Matos. No primeiro jogo, venceu o Nacional Esporte Clube, time local, por 5 a 3, com arbitragem sem incidentes do ex-jogador (do Paissandu) Palmério Pinheiro Vasconcelos (pai do jornalista Palmerinho). Já na segunda partida o maior adversário não foi a seleção de Parintins, mas o juiz local, Gaia, imposto pelo “cartola” e delegado de polícia, Ildefonso Teixeira. Apesar da escandalosa parcialidade do árbitro, o São Francisco mantinha a vantagem de 3 a 2 quando terminou o segundo tempo, acrescido de cinco minutos de prorrogação. Insatisfeito, o juiz mandou a partida prosseguir. Ela só terminou 21 minutos depois, quando, com 120 minutos de jogo, ficou evidente que era mais fácil a tarde escurecer do que a seleção dobrar o (então) glorioso São Francisco, que nessa batalha contou com Barbosa, Taro, Batista, Canguru, Manoel Luiz, Búfalo, Job, Ferreira, Romano, Rubens, Mindó, Anastácio, Silvino, Zé Maria e Cachimbo..

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