“Quem quer trabalhar para a população? Somente aqueles que por um aborto da sorte não conseguiram um ‘padrinho forte’ capaz de os proteger e os indicar para esse trabalho ilegal, mas bem remunerado. Essa esdrúxula situação provoca um inusitado resultado: policiais [militares] que se esforçam para não trabalhar como policiais, pois no Estado do Pará é mais negócio carregar a mala de algum procurador ou desembargador, ou até mesmo de um secretário de Estado. Este estado de coisas vem ocorrendo há anos na PMPA, e no Governo de V. Exa. se repete impunemente.”
O trecho é de um dos expedientes encaminhados pelo presidente da Associação em Defesa dos Direitos do Militares do Pará (ADDMPA), major Walber Wolgrand Menezes Marques, à governadora Ana Júlia Carepa. O documento contém fortes críticas a todo o sistema de segurança pública do Pará, menciona casos de desvio de função que desfalcam a polícia de homens para a ação ostensiva nas ruas, em defesa da população, sustenta que a polícia está cada vez mais sendo privatizada e menciona casos como os que envolveram os coronéis Coelho e Margalho para demonstrar o desregramento moral que, conforme o major, é a marca de vários oficiais que têm – ou tinham – a confiança do atual comandante-geral da PM, coronel Luiz Cláudio Ruffeil.
Wolgrand tem sido um calo para a cúpula da Polícia Militar desde o governo tucano de Simão Jatene, sobretudo quando o coronel João Paulo Vieira era comandante-geral da PM. Tanto fez críticas que ele acabou submetido a um conselho de justificação, que, no âmbito militar, é chamado sempre a apreciar fatos supostamente desabonadores à conduta moral de um oficial. Wolgrand, como punição, passou para a reserva, onde se encontra até hoje. Ele já mandou dois ofícios circunstanciados à governadora Ana Júlia Carepa, um em agosto e outro em dezembro do ano passado. Em ambos, a linguagem é direta, sem rodeios e contundente.
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