São Raimundo em campanha
O São Raimundo Esporte Clube decidiu, em 1953, iniciar uma campanha para a construção de sua sede própria e da praça de esportes. O programa previa:
- Sorteio de uma geladeira Gelomatic, no valor de Cr$ 13 mil, de um rádio Phillips, de Cr$ 4,4 mil, e de uma boneca "que anda, senta, levanta, chora, com cabelos penteáveis", no valor de Cr$ 1,2 mil.
- Instalação de barracas de vendas e sorteios nos arraiais das festas profanas.
- Organização de quermesses com shows artísticos nos diversos bairros da cidade, à semelhança de um programa muito popular então: "A felicidade bateu em sua porta".
- Abertura de livros de ouro "em alta linhagem de confecção", destinados a receber contribuições acima de Cr$ 1 mil.
- Fotografias do plano geral das construções, ainda em planta, "que serão remetidas a todas as pessoas amigas de Santarém, presentemente ausentes, autoridades de diversos Estados, e pessoas amigas" do clube.
- Campanha de um tijolo de cada santareno, entre todos os associados e simpatizantes do São Raimundo.
A deliberação sobre a campanha foi adotada em assembléia geral presidida por Moacir Miranda, tendo Odorico Almeida e Ivan Caubi Bentes Monteiro como secretários.
Retrato de família
Proclamas públicos anunciavam quem pretendia se casar, no final de 1952, e serviam de retrato da família comum desse tempo, uma família muito menos convencional e tradicional do que se podia prever:
* O comerciário Orlando Bastos, de 22 anos, nascido na Vila Curuai, em Santarém (mas já estabelecido na cidade, tendo apenas pai vivo), com Maria do Carmo Matta, de 16 anos, de prendas domésticas, nascida no Paraná de Baixo, em Óbidos (onde seu pai continuava a morar, enquanto a mãe já residia em Santarém).
* O lavrador Orlando Reis, de 23 anos, nascido no Urucurituba, em Santarém, onde continuava a ter domicílio (só indicado o nome de sua mãe, "falecida em data ignorada"), com Anísia Pereira, de 16 anos, de prendas domésticas, também nascida no Urucurituba (só indicado o nome da mãe, "nascida em data ignorada").
* O lavrador João Lisboa, de 24 anos, nascido no Aritapera, em Santarém, onde continuava a morar (com a mãe, viúva, "nascida em data ignorada"), com Teresa Natividade Corrêa, de 22 anos, de prendas domésticas, também de Aritapera, onde morava com a mãe, viúva.
* O lavrador Cesário Bentes, de 26 anos, nascido no Murumurú, em Santarém, no qual ainda morava, ao lado da mãe, viúva ("nascida em data ignorada"), com Andrelina dos Santos, de 21 anos, também ali residente, filha de viúva (igualmente nascida em data tão ignorada quanto a da morte do marido).
* O comerciário Nilson Vale, de 28 anos, natural de Breves, no Pará, onde era domiciliado (onde continuava sua mãe, de prendas domésticas, "civilmente solteira"), com a funcionária pública Maria Albuquerque, de 22 anos, residente em Santarém.
* O funcionário federal Orlando de Borba, 24 anos, nascido em Natal, no Rio Grande do Norte, filho de Agapito Teixeira Borba, já morando em Santarém, com Maria Creusa, de 17 anos, de prendas do lar, de prendas domésticas.
* O comerciário Walter Gonçalves, 23 anos, de Santarém, com Luiza Teles, de 20 anos, nascida em Boim, mas domiciliada em Santarém (só o nome do seu pai foi citado).
* O lavrador Nildo Santos, de 24 anos, residente no lugar Jaquara, em Santarém (filho de mãe solteira), com a doméstica Terezinha Batista, de 20 anos, também de Jaquara.
* O lavrador Joaquim Costa, 25 anos, do Ituqui, em Santarém (mãe solteira), com Laura da Silva, de 19 anos, de prendas domésticas, também do Ituqui.
* O lavrador Antônio Ferreira, de 50 anos, viúvo, capixaba, mas residindo na colônia Diamantino, em Santarém, com Izabel Marinho, de 36 anos, de prendas domésticas, morando na mesma colônia (seus pais faleceram em data ignorada).
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