Correio Braziliense
Brasília, que hoje comemora 48 anos de fundação, tem 16 mil paraenses. Um deles é Varlene Varlene Matos Souza, de 55 anos, que era funcionária do Banco do Estado do Pará quando chegou com o filho Alain nos braços à cidade, em 1977. Com sérios problemas ortopédicos, que a impediam de caminhar direito, a criança de apenas 2 anos recebeu esperança no Hospital Sarah Kubitschek. “O pé dele era torto, nem conseguia calçar sapato. Fiquei muito aliviada quando o médico disse: ‘O problema do seu filho tem cura’”, conta Varlene, que sem hesitar decidiu se mudar para a cidade e ir adiante no tratamento que levaria quatro anos.
“Ele fez três cirurgias. Hoje é recuperado, ficou perfeito”, comemora a mãe dedicada. “Daqui mesmo, pedi a minha transferência para Brasília e fiquei até hoje”, diz. Um mês depois, o marido dela também se mudou para a cidade.
“Ele fez três cirurgias. Hoje é recuperado, ficou perfeito”, comemora a mãe dedicada. “Daqui mesmo, pedi a minha transferência para Brasília e fiquei até hoje”, diz. Um mês depois, o marido dela também se mudou para a cidade.
Apesar de toda a determinação de ficar em Brasília, a paraense conta que o início foi difícil: “Eu tinha vontade de ir embora, sentia falta do calor do Pará”. O pior momento foi em 1982, quando o marido morreu. “Enfrentei muitas dificuldades. Eu tinha os três filhos pequenos para criar. Fiz tudo sozinha, com a minha família longe”, lembra.
A mãe guerreira, no entanto, transformou a saudade de sua terra em meio de vida: em 1984, Varlene inaugurou na Feira da Torre a barraca Recanto do Pará. Logo outros conterrâneos dela descobriram o local, que hoje é parada obrigatória para quem quer saborear alimentos típicos do estado. “A comida que mais sai é o tacacá, que é afrodisíaco. E se acabar o tacacá, acaba o movimento. Todo mundo vai embora”, diz ela, que chega a vender 250 cuias do prato típico nos fins de semana.
Ela se orgulha de ter conseguido trazer três dos 17 irmãos para Brasília. “Mandei buscar para melhorarem de vida e hoje todos têm sua família aqui”, afirma. E não restou nenhuma dúvida de que valeu a pena a opção brasiliense. “Eu sabia que o melhor para nós era ficarmos aqui. Graças a Deus me recuperei de todas as dificuldades e estou muito feliz porque eu e meus filhos estamos todos bem”, afirma, com convicção.
Mas saudade é renitente. Então, ela passa o carnaval em Óbidos, cidade do interior do Pará onde nasceu e onde seus pais vivem. Além disso, vai a Belém pelo menos três vezes ao ano. Mas, agora, o Pará é só para passear. Quero morrer em Brasília. Tudo o que eu tenho, consegui aqui. Não quero mais sair para lugar algum.
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