De Lúcio Flávio Pinto, em Memória do Cotidiano, de seu Jornal Pessoal:
O marechal Alexandre Zacarias de Assunção foi eleito governador do Pará, em 1950, com o compromisso de mudança “para a redenção do Estado”. Iria acabar com o despotismo do PSD “baratista”, estabelecido no poder desde 1930. Mas no final de 1953 o governo da liberdade e da democracia praticaria seu primeiro ato de violência ao reprimir a “marcha da fome”, com o uso também de força federal. Vários manifestantes foram presos, entre operários e estudantes, e o secretário-geral do Partido Socialista Brasileiro, Raimundo Jinkings.
Cléo Bernardo, presidente do PSB, tentou atravessar o cordão de isolamento policial para entregar ao governador um memorial “pedindo medidas contra a crise que esfomeia a população, e indicando-as concretamente”. Foi impedido pelo irmão, Sílvio Braga, e por outras pessoas, receosas de que ele acabasse sendo assassinado. Um oficial do Exército arrancou dos ombros de Cléo a bandeira brasileira com a qual populares o haviam coberto. Sílvio Braga procurou o comandante interino da base aérea, coronel Cabral, para lhe fazer um apelo. Depois de saber do que se tratava, o oficial bradou que “deputado não vale nada”.
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