segunda-feira, 12 de maio de 2008

Essa droga é mesmo uma droga


Brasília- Mano Júnior se trancou para morrer sem saber que morreria. Hospedou-se num hotel de fachada de vidro escuro na Ceilândia Sul, R$ 40 a diária do apartamento simples, sem ar condicionado. Vinte e quatro horas depois, seu corpo foi encontrado caído de bruços, testa sangrando, agarrado ao interfone, fio esticado da parede ao chão. O 23 de janeiro de 2008, o último dia da vida de Mano Júnior, parecia apenas mais um na angústia silenciosa que o acompanhava desde que perdeu a fama conquistada no Domingão do Faustão.
Oito anos e meio antes, em 4 de julho de 1999, Manoel Pinheiro de Oliveira Júnior entrou no auditório da Globo no Rio de Janeiro com uma cartolina escondida no blaser e saiu de lá com um novo nome, Mano Júnior, e contrato com a gravadora Continental para gravar um CD. A música forjou a alma do garoto de olhos reluzentes.
No domingo que o levou à fama, ele se sentou ao lado da animadora de auditório, e esperou a câmara acender a luzinha vermelha para o seu lado. Abriu a cartolina onde estava escrito: “Fausto Silva, sou cantor, vim de Brasília. Me dê uma chance de cantar, por favor. Só depende de Deus e de você”. Faustão estava ao vivo e a próxima atração daquela tarde, a comediante Gorete Milagres (“ô, Coitada”) não havia aparecido.
O sorriso gigante e doce do brasiliense deve ter atraído o apresentador, àquela altura tendo de improvisar para ocupar o espaço vazio na programação. Faustão o chamou ao palco — “faz tempo que o Caçulinha não trabalha” — e daí em diante Júnior virou Mano Júnior.
Enquanto cantava Emoções, de Roberto e Erasmo, Sozinho, de Caetano, Minha Metade, do Só pra Contrariar e mais cinco músicas, a audiência do Domingão alcançou 32 pontos e deixou para trás o Domingo Legal, do arqui-rival Gugu Liberato.
Daí em diante, Mano Júnior voltou 14 vezes ao dominical da Globo. Com o estouro no Faustão, o ex-engraxate, ex-picolezeiro, ex-cobrador de lotação e ex-flanelinha foi morar num flat perto do estúdio de gravação, tinha empresário e psicólogo, dinheiro no bolso, uísque 12 anos na prateleira, e a solidão criando um vácuo no peito.
Passados os dois primeiros anos de sucesso, dinheiro e glória, a bolha estourou. Dois discos gravados, 55 mil vendidos e R$ 200 mil mais tarde, Mano Júnior tinha perdido um dos tesouros. Os olhos translúcidos e o sorriso encantador haviam sido moídos pelo trator do show bussiness e das drogas.
Mano Júnior lutava para se livrar das drogas. Já tinha se internado, mas a família não quis falar sobre o assunto. Não foi a vida de celebridade-relâmpago que iniciou Mano Júnior na teia entorpecente. Desde os tempos de cantor em Brasília, ele já gostava de um fuminho básico.
No último dia de sua vida, Mano Júnior passou boa parte da manhã no serviço. Saiu pouco antes das 14h. Cruzou com o amigo Flávio: “Tô saindo. Se alguém perguntar por mim, diz que eu já fui”. Menos de duas horas depois, se trancou num quarto de hotel para a morte.
(Fonte: Correio Braziliense)

Um comentário:

Anônimo disse...

é mesmo uma droga que destrói a vida das pessoas conhecida do Junior mas n vou me identif quero me preservar...
enfim na minha familia tbm estamos lutando com tal caso parecido,
Só Deus pra curar!
Juninho nós ainda te amamos a sua presença será eterna em nosso meio.