Na Folha de São Paulo:
O chefe do Estado Maior de Defesa, almirante-de-esquadra Marcos Martins Torres, afirmou que o general Augusto Heleno, comandante militar da Amazônia, não é o único nas Forças Armadas em suas críticas à demarcação contínua da reserva Raposa Serra do Sol (RR).
Indagado especificamente se Heleno era uma "voz isolada", Torres respondeu "não", enfaticamente, mas evitou fazer comentários sobre as observações do general -ele causou polêmica ao classificar a demarcação contínua da reserva como ameaça à soberania nacional.
Após anos de impasse, a demarcação foi decidida pelo governo Lula após laudos técnicos da Funai demonstrarem a necessidade do terreno para a sobrevivência da etnia macuxi. A reserva possui área de cerca de 1,68 milhão de hectares e faz fronteira com a Guiana, o que incomoda os militares.
Além disso, a savana da região é propícia à plantação de cereais, o que levou arrozeiros a se instalarem na área.O Supremo Tribunal Federal já recebeu ao menos 33 ações que contestam a demarcação contínua da terra, mas não decidiu sobre o caso.
A proximidade da fronteira gera apreensão entre militares, que temem um encrave entre os países, sem soberania efetiva do Brasil. Segundo a Constituição, as terras indígenas são da União, com usufruto dos índios.
Ontem, o chefe do Estado Maior de Defesa indicou que a questão da soberania não causa preocupação. "Acho que todo mundo ali é brasileiro", disse, em entrevista ao lado do comandante do Comando Sul dos EUA, James Stavridis. Mas o brasileiro não quis se estender às críticas e disse que não era hora de comentar sobre a demarcação porque o caso está sob análise do Judiciário.
Ele concedeu entrevista após o encerramento da 4ª Conferência de Defesa do Cone Sul. Questionado sobre a repercussão das críticas do general Heleno, tergiversou. "Não sei, não sei. Ele colocou, eu não estava lá na palestra, soube no dia seguinte."
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