quinta-feira, 1 de maio de 2008

An Júlia propõe subsídios para manutenção das florestas

Londres (Agência Pará) - A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, lançou nesta quarta-feira (30) em Londres (Inglaterra), durante reunião com o príncipe Charles, a taxação dos mercados financeiros mundiais, com a finalidade de constituir um fundo para subsidiar produtos florestais não-madeireiros, como óleos, fibras, látex e sementes, além do reflorestamento. Essa medida pode garantir a manutenção da floresta em pé, assegurando que o ecossistema continue oferecendo serviços ambientais à humanidade.
A proposta foi lançada durante encontro de trabalho para discutir a realidade da Amazônia, que reuniu terça e quarta-feira (29 e 30), na capital inglesa, lideranças políticas, sociais, econômicas e ambientais, em evento promovido pelo projeto Florestas do Príncipe. O encontro foi realizado no Palácio Saint James, residência de trabalho do príncipe Charles, que abriu e encerrou o encontro desta quarta-feira.
Depois de ouvir atentamente a governadora do Pará, o príncipe Charles fez questão de cumprimentá-la pessoalmente. Para Ana Júlia Carepa, há o reconhecimento de que as florestas tropicais cumprem um papel importante na regulação do clima mundial. No entanto, a extração de madeira tem peso significativo na economia desses países. Ela disse que só há um meio de enfrentar essa força, cuja causa é o desflorestamento: impor um movimento econômico em sentido contrário, mas com a mesma intensidade, que induza a manutenção da floresta em pé.
A proposta da governadora, que necessita de financiamento para ser colocada em prática, prevê a criação de um mecanismo mundial que financie o que ela denominou de 'commodities florestais'. Por esse instrumento, haveria a taxação do mercado financeiro, como os mercados de juros, câmbios, ações das bolsas de valores.
Para Ana Júlia Carepa, é justo taxar o próprio capital, que em última análise é quem pressiona a exploração dos recursos naturais. A governadora pediu o apoio do príncipe Charles na construção dessa engenharia financeira. Ela destacou que é o consumo que causa a pressão sobre os recursos naturais, não a pobreza, como muitos ainda apregoam. Segundo a proposta, os agentes locais das florestas tropicais do mundo manterão a cobertura vegetal em pé, assegurando os serviços ambientais que ela presta à humanidade, pelo simples fato de ganharem mais dinheiro dessa forma.
Ana Júlia Carepa convidou o príncipe Charles a visitar a Amazônia no segundo encontro do grupo, que será realizado no Pará, em local ainda a ser definido, no final de julho. Para a governadora, há pelo menos duas gerações ainda havia tempo hábil para cuidar da floresta. 'Para nossos netos pode ser muito tarde', frisou ela.

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