segunda-feira, 5 de maio de 2008

Memória de Santarém - Lúcio Flávio Pinto

Mortos ilustres em 1959

O "velho Faria"
No início de setembro de 1959 a doença obrigou Manoel Gomes de Faria, "chefe da conceituada firma Marques Pinto Exportações", a viajar para o Rio de Janeiro, acompanhado da esposa, do filho e do médico assistente Waldemar Pena, dono da Clínica São Sebastião. Mas os cuidados foram infrutíferos: no dia 12, o "velho Faria", como era conhecido, morreu na então capital federal, aos 74 anos.
Português por nascimento e brasileiro naturalizado, deixou viúva Ana Rosa da Fonseca. Tinha seis filhos: Raimundo Alberto de Faria, casado com Elza de Castro Faria; Jacirema, casada com Ernesto Chaves; Dulce (José Ávila Gomes), Joaquim (Dalmira Hennington de Faria), Honorina (Eymar da Cunha Franco) e Aldemar (Conceição Nunes de Faria).
Chegou em Belém quando tinha 13 anos, vindo de Leiria, em Portugal, onde nascera, junto com o pai, que morreu pouco depois. Aos 27 anos se transferiu para Santarém, dedicou-se ao comércio, comandando a Marques Pinto, Exportação S/A, uma das mais sólidas do Baixo-Amazonas, com sede em Santarém e filiais em Belém e no exterior.
Em seu obituário, O Jornal de Santarém o descreveu como "portador de uma qualidade pouco comum em homens de negócio": "usava de franqueza absoluta com todos, o que não agradava, muitas vezes, aos de conduta pouco retilínea e servia de alicerce e amizade duradoura àqueles que com ele lidavam sinceramente".
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O alegre "Simõesinho"
Um enfarte fulminante encerrou a vida de Antônio Loureiro Simões, o "Simõesinho, quando ele tinha 43 anos, em 1959. Nascido em Santarém, filho de pais portugueses, foi industrial, comerciante e representante comercial, além de participar de muitas associações, entidades de classe e clube de serviço. Era o vice-presidente do Rotary Club de Santarém quando morreu, deixando viúva (Clarisse Lazarina Seiffert Simões) e nove filhos. Além de tanta atividade profissional, era uma pessoa alegre, simpática e cativante, o que justificava o tratamento carinhoso no diminutivo para um típico físico de grande envergadura física. Quem conviveu com ele, jamais o esqueceria.
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Ismael Araújo
O ex-prefeito Ismael Araújo João Ismael Nunes de Araújo tinha uma biografia intensa e multifacetada quando morreu, em setembro de 1959, aos 52 anos, depois de atuar na sua profissão de médico e na política. Acreano, aos 16 anos se mudou para Belém, onde se formou na Faculdade de Medicina. Aprovado em concurso da Diretoria de Saúde Pública do Estado, se transferiu em 1936 para Santarém, como chefe do posto de saúde, dedicando-se ao tratamento de hansenianos (os leprosos da época), sobretudo na região do planalto de Santarém, ocupado predominantemente por nordestinos.
A estreita relação com a população o estimulou a ingressar na política, elegendo-se deputado estadual pelo PSD (Partido Social Democrático), de cujo diretório em Santarém seria presidente. Afastou-se da política depois de romper com Magalhães Barata, que controlava com mão forte o pessedismo. Ocupou a prefeitura de Santarém por quatro vezes, totalizando um ano e 11 meses de gestão, durante a qual construiu a garagem municipal, a reconstrução do Teatro Vitória, o calçamento da travessa Barão do Rio Branco e a instalação de água encanada. Antes disso, como presidente do Centro Recreativo, fora o responsável pela construção da sede social do clube.
Ao morrer era médico sanitarista da Secretaria de Saúde Pública do Estado, da qual foi requisitado para trabalhar na SPVEA (Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia). Deixou viúva Luzemira Barreiros de Araújo, professora normalista, e dois filhos (o médico Ronaldo Barreiros de Araújo e o engenheiro civil João Luiz Barreiros de Araújo).

Um comentário:

Igor Ravasco disse...

Sou bisneto do Faria morto há exatos 50 anos. Existem outras histórias sobre ele ou sobre a família? Adoraria conhecê-las.