No Amazônia:
A Polícia Federal de Altamira já sabe quem comprou, no comércio local, os facões usados pelos índios caiapós para agredir o engenheiro da Eletrobrás Paulo Fernando Rezende, durante encontro em Altamira que discutia a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu.
A PF informa que ainda não divulgará nomes para não aumentar a tensão na cidade, mas já abriu inquérito para investigar a agressão ao engenheiro e não descarta responsabilizar as entidades que organizam o evento, que podem ter se omitido diante o incidente ou até mesmo agido para que o fato acontecesse, o que só vai ser informado depois das investigações.
O delegado federal Eduardo Jorge informou à reportagem que o inquérito que apura o caso já está instaurado, sob o número 073/2008, e que a PF possui muitas informações sobre as cenas de violência ocorridas na última terça-feira, no encontro Xingu Vivo para Sempre. Segundo ele, a polícia está analisando as imagens gravadas por emissoras de TV locais.
'Estamos analisando os vídeos para identificar os agressores', informou, acrescentando que a análise destas fitas poderá indicar quem incentivou os indígenas a partir para cima do engenheiro da Eletrobrás e qual índio foi o responsável pelo corte de 15 centímetros no braço direito de Paulo Fernando.
Na terça-feira, o engenheiro falava sobre o projeto, defendendo a construção da hidrelétrica, quando integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) começaram a pedir aos índios que partissem para a guerra. Os caiapós, liderados pela índia Tuíra, derrubaram Paulo Fernando, rasgaram a camisa dele e o espancaram por cerca de cinco minutos. Ele ficou ferido no braço e foi levado a um hospital. O engenheiro registrou ocorrência na delegacia de Polícia Federal e ainda na noite de terça foi para o Rio de Janeiro, onde reside. Segundo a Polícia Federal, Paulo Fernando vai prestar depoimento por escrito e foi liberado para viajar por motivos de segurança.
O delegado Eduardo Jorge diz que na próxima semana a PF poderá dar mais detalhes sobre as investigações, que estão transcorrendo em sigilo para evitar que o clima de tensão aumente na cidade. 'Estamos identificando os autores da agressão e a possível contribuição - por omissão ou por ação -, dos organizadores do evento. Vamos ver até que ponto eles podem ser responsabilizados por isso', disse o delegado, que pondera que no momento ninguém pode ser apontado como culpado pelas agressões, somente depois das investigações, mas que a PF vai investigar se entidades ou pessoas isoladas estão se aproveitando da condição dos índios e os usando para fazerem prevalecer os seus interesses (das entidades).
O que mais intrigou os policiais que acompanham o caso é que os facões usados pelos índios no evento são todos novos, comprados recentemente. Os facões foram usados como armas contra o engenheiro Paulo Fernando, o que levantou a suspeita de que alguma pessoa ou entidade tenha armado os índios. A PF conseguiu descobrir onde os facões foram comprados e por quem. 'Estamos sendo cautelosos, não podemos divulgar nomes antes de ouvir os envolvidos', diz, informando que o responsável pela compra dos facões terá que dar explicações à polícia e provar que não tinham a intenção de armar os indígenas.
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