Lúcio Flávio Pinto
Editor do Jornal Pessoal e articulista de O Estado do Tapajós
Belém- A biblioteca das professoras Maria Anunciada e Paula Chaves não está perdida. Pude verificar esse fato alvissareiro ao visitar a sede da Defensoria Pública da União, na semana passada. A visita resultou do contato do chefe da defensoria, Anginaldo Vieira, que decidiu se manifestar sobre a matéria da edição passada. Os livros chegaram a ser retirados da residência das mestras pelo novo proprietário do imóvel, mas ele já devolveu grande parte dos volumes, que sobreviveram à ação dos cupins. Mesmo com recursos limitados, a defensoria já está recolocando os livros nas estantes e essa foi justamente uma das exigências feitas para a locação do imóvel.
Aí está o detalhe relevante, que precisa ser corrigido: a defensoria apenas alugou o velho casarão para poder se instalar em condições mais dignas do que as de sua sede anterior, no edifício Infante de Sagres. O proprietário é um particular, que adquiriu o imóvel do espólio. Como a residência já estava separada do quintal e da vila de casas com frente para a rua Quintino Bocaiúva, foi ele que mandou derrubar todas as árvores do belo bosque que ali havia até o mês passado, provavelmente para levantar um prédio no local. A defensoria não tem qualquer responsabilidade por essa ação danosa. Pelo contrário, como me mostrou Anginaldo Vieira, tudo que estava ao alcance da instituição foi feito para preservar o patrimônio, apesar das condições desfavoráveis.
Agora a tarefa de manter esse bem de grande interesse público depende da sensibilidade das pessoas com algum poder de ação. Já houve omissão demais quando ainda estavam vivas as duas mestras paraenses. Aqui neste jornal sugeri que o governo desapropriasse o imóvel, deixando-o em usufruto das suas moradoras. Elas teriam apenas a obrigação (prazerosa para elas) de acolher estudantes e pesquisadores, orientando-os nos trabalhos que precisassem fazer na biblioteca. Quando morressem, o Estado assumiria o domínio de todo patrimônio e o transformaria num centro de cultura, cheio de vida e capaz de atrair e irradiar saber pela área em torno.
Agora, a questão é remediar a falta. Enquanto é tempo.
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