quarta-feira, 11 de junho de 2008

ÁREAS REFLORESTADAS COMEÇAM A RENOVAR ECOSSISTEMA

GISELE DE FREITAS
REPÓRTER

Pesquisadores contratados pela Mineração Rio do Norte (MRN) constataram que as áreas que a empresa reflorestou estão começando a ter o seu ecossistema renovado. Animais, plantas e microorganismos voltaram a habitar as áreas reflorestadas como se fossem parte da floresta. Esses relatos foram feitos durante seminário "Práticas da Mineração Rio do Norte na área de Preservação Ambiental", que foi realizado esta semana em Santarém. Estudos de monitoramento do solo, fauna e flora demonstram que as condições da área reflorestada já se assemelha as da floresta primária.
Além de ser uma boa notícia para a conservação ambiental as áreas reflorestadas tem tirado mestres e doutores de suas salas e os levado para dentro da mata. Esta novidade resultou em pesquisas inéditas e a descoberta de novos organismos. Só de insetos mais de 400 novas espécies foram encontradas e catalogadas pelos biólogos.
O monitoramento da volta de animais de dá através de armadilhas fotográficas e rastreamento através das marcas deixadas pelos bichos na mata. O pesquisador Geraldo Wilson Fernandes, da Universidade Federal de Minas Gerais explica que as armadilhas fotográficas já monitoraram diversos mamíferos voltando as áreas que foram reflorestadas. Ele destaca que entre estes mamíferos já ouve a descoberta de fêmeas lactantes, o que significa que a floresta replantada está sendo reflorestada. "Os animais estão voltando para a floresta e eles não estão de passagem, estão fazendo da mata reflorestada o seu habitat" destaca.
Na Floresta Nacional de Sacará-Taquera, área que foi reflorestada, os pesquisadores encontraram oito espécies de primatas e há indícios de que existam pelo menos dez espécies, o que colocaria a floresta em primeiro lugar no ranking das que possuem mais espécies diferentes de macacos no mundo.
Fernandes destaca que sua especialidade mesmo são os insetos. Ele afirma que junto com sua equipe está realizando uma pesquisa inédita no mundo, que é a questão de tumores encontrados em plantas que são transmitidas por insetos. "Plantas são como pessoas, às vezes parecem estar bem por fora mas se observarmos notamos que estão com algum problema. As plantas mais 'estressadas' são as que contraem os tumores com mais facilidade, elas não têm defesa.
Os tumores são extremamente prejudiciais à planta, enfraquecem ela, impedem seu crescimento e podem até levá-la a morte" destacou o pesquisador. Para ele o mais surpreendente é que os tumores encontrados em plantas nas áreas reflorestadas condizem com os encontrados na área primária de floresta, ou seja, os insetos estão voltando a área que foi reflorestada e cumprindo seu trabalho natural.
O pesquisador ainda destacou que já catalogou de 400 a 500 novas espécies de insetos na Amazônia, espécies que antes não eram conhecidas mundialmente. Ele acredita que devam existir ainda mais espécies por ser descobertas.
O pesquisador João Ferraz, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) de Manaus, está fazendo o estudo do solo nas áreas reflorestadas. Ele afirmou que antes do reflorestamento é espalhada uma camada de terra preta, que é fundamental para fertilidade do solo e contribuição para que as plantas de desenvolvam. Segundo ele, dos solos pesquisados constatou-se o aumento da biodiversidade. "Constatamos que as partes reflorestadas estão se recuperando com sucesso. Não adianta apenas tornar o solo fértil e esperar que as plantas caiam sobre ele e apodreçam, o que precisa é que os microorganismos estejam de volta e que animais como minhocas realizam seu trabalho, isto foi constato nos solos que pesquisamos", afirmou Ferraz.
A MRN continuará com as pesquisas nas áreas e deverá realizar novos encontros para expor ao público interessado o resultado de suas pesquisas.

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