Lúcio Flávio Pinto
Editor do Jornal Pessoal e articulista de O Estado do Tapajós
Seu nome completo pouca gente conhecia: José Jefferson Carpinteiro Peres, uma aliteração imponente. Talvez o nome que melhor o definisse fosse o Carpinteiro. Foi a impressão que tive nos três contatos pessoais com ele, um em Manaus e dois em Brasília. Mesmo senador, se aproximava com verdadeira curiosidade e sincera vontade de aprender. Ouvia com atenção e absorvia as palavras antes de, como regra, contraditá-las. Feio, pequeno e magro, tinha uma aparência nada simpática. Mas logo cativava por um componente da sua personalidade que a política praticada no Brasil tem corroído gravemente: a autenticidade.
Combinada com honestidade, essa virtude é de fazer a desgraça de um político profissional. Mesmo assim, Jefferson Peres teve voto bastante para chegar ao senado sem fazer qualquer concessão fundamental. Foi um produto tão surpreendente da manifestação do eleitorado do Amazonas quanto, várias legislaturas antes, o também senador Evandro Carreira, que destronou o todo-poderoso Flávio Brito. Com a substancial diferença de que Jefferson Peres não fez feio no desempenho de sua missão política, muito pelo contrário.
Quando sentiu que sua permanência num senado medíocre e triste poderia afetar sua integridade, decidiu não concorrer mais a uma nova eleição. Infelizmente, a morte se antecipou a mais essa demonstração de lucidez. De qualquer forma, porém, o bravo senador amazonense se credenciou a algo cada vez mais raro nas elites brasileiras: transcender a morte com seu testemunho de vida
Um comentário:
os bons morrem logo. A políticaé um exemplo nefasto disto.
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