sábado, 12 de julho de 2008

Corrida eleitoral começa em Belém sem favorito

Lúcio Flávio Pinto

Editor do Jornal Pessoal e articulista de O Estado do Tapajós

Por ter a máquina municipal nas mãos, o prefeito Duciomar Costa, do PTB, sai como o candidato mais forte à vitória na eleição para a prefeitura de Belém. Mas ele é também o mais rejeitado de todos. Um pesquisador do mercado local confidencia que nas sondagens que tem feito a reação é de mais de 50% do eleitorado. Se esse número corresponder à realidade (ainda não há uma medição pública a respeito) e não houver uma reversão das tendências em curso, Duciomar poderá passar para o 2º turno, mas dificilmente conseguirá a reeleição.
É preciso esperar ainda por uma pesquisa registrada no TRE que contenha o índice de rejeição para se ter uma medida mais confiável desse importante fator para a análise das possibilidades de Duciomar. Outra questão decisiva é quanto a ele poder apresentar obras de impacto, capazes de mudar a posição de parte significativa do eleitorado que lhe é hostil ou indiferente.
A obra de maior apelo em curso pela atual administração municipal é o portal da Estrada Nova. O serviço está muito atrasado e há problemas técnicos a vencer, em conseqüência de mudanças feitas no projeto. A prefeitura deixou de lado o aterro hidráulico, mais barato e adequado, e passou a usar aterro sólido, que custa cinco vezes mais e provocou um recalque de quase um metro e meio, ainda não estabilizado.
Depois de sucessivos anúncios de inauguração, até hoje nenhum metro de pista foi asfaltado (mesmo que com o asfalto precário espalhado pela cidade, a revelar sua inadequação poucos meses depois de lançado). Por enquanto, o tal portal tem trazido apenas problemas e revolta aos moradores da área afetada pelo aterro. A insatisfação é a mesma na área do Binário, que beneficiou o tráfego de carros e prejudicou a vida dos moradores de três bairros. Essa obra avança lentamente, muito mais do que deveria.
Por enquanto, a frente de serviços não se mostra em condições de reverter a impopularidade do prefeito. E ele tem ainda barreiras a enfrentar, dentre as quais estão os oito processos a que responde, movidos pelo Ministério Público Federal. O principal autor dessas ações será o responsável pela fiscalização das eleições, o procurador federal Ubiratan Cazetta. Ele tem uma idéia formada sobre o prefeito, materializada nas ações por improbidade, desvio de função e outros itens penais. O principal das irregularidades é na área da saúde.
Estranhamente, porém, a prefeitura de Belém não aparece na lista suja de nenhum dos tribunais de contas do país, do federal ao municipal. A autêntica certidão negativa dessas cortes contrasta com os questionamentos judiciais feitos, o que leva a pensar se esse paradoxo resulta da ineficácia das cortes de contas ou da eficiência do prefeito em arrumar os papéis. E também em comprar a adesão de alguns dos formadores de opinião, como o grupo Liberal, no qual nada que possa tisnar a imagem do alcaide aparece.
As Organizações Romulo Maiorana terão que dividir a partir de agora seus cuidados com aquela que pode se tornar a principal oponente de Duciomar, a candidata do DEM, a ex-vice-governadora (do tucano Simão Jatene) Valéria Vinagre Pires Franco. A imagem de modernidade e a ficha limpa de Valéria podem não render todos os dividendos possíveis por causa da sua associação ao marido, o deputado federal Vic Pires Franco, e ao próprio grupo Liberal. Parte do eleitorado que gravitaria naturalmente para ela deverá se dispersar entre os demais candidatos com equivalência a ela. Isso significa que nenhum deles tem força suficiente para definir a eleição, o que explica a tardia escolha da maioria do companheiro de chapa, conforme as últimas negociações até a última hora antes do dia 5, a data fatal para o registro.
O peso de fatores aleatórios ou ainda pendentes de definição será maior do que em outras eleições. A margem de indecisão do eleitorado provavelmente ainda está num patamar elevado, o que admite a hipótese de surpresas na reta final da campanha. É o que provoca certo nivelamento entre os principais candidatos, mesmo que os índices da maioria deles sejam baixos. Aparentemente. José Priante, do PMDB, Arnaldo Jordy, do PPS, e Marinor Brito, do PSOL, participam da corrida apenas para fazer presença. A sorte de Mário Cardoso só não é a mesma porque ainda há uma incógnita: ele é um nome para valer, que mobilizará a máquina oficial e partidária, ou está condenado à “cristianização”, imolado no altar das composições nacionais entre o PT e o PTB, da base aliada de Lula?
A sorte do jogo, portanto, ainda está em aberto. Mas há vários jogadores, nem todos visíveis, querendo acertar o resultado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu amigo, você esta equivocado, o Priante não veio apenas para marcar presença ou para ser figurante nessa eleição. Até porque, hoje o PMDB em Belém tem um nome forte pra disputar a eleição, e isso já foi provado, só não vê quem não quer.
Maria