Lúcio Flávio Pinto, na mais nova edição do Jornal Pessoal, que já está nas bancas de Belém:
O Ministério Público do Trabalho de Marabá deverá ajuizar uma ação civil pública para apurar o acidente que matou um trabalhador na mina de Carajás, em Parauapebas, no sul do Pará, há um ano. Entre 3 e 4 horas da madrugada de 28 de julho de 2007 o auxiliar de serviços Thiago Santos Cardozo, de 20 anos, foi esmagado por um caminhão de 140 toneladas, que operava na jazida N4 Norte, onde a Companhia Vale do Rio Doce produz minério de ferro.
O inquérito instaurado já está em fase de conclusão e fornecerá os elementos para o Ministério Público propor a ação na justiça. A demora deve-se ao reduzido número de procuradores, atualmente três, atuando numa área com demanda explosiva. Há também uma resolução do Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho que recomenda a conversão de todas as representações e procedimentos preparatórios antigos em inquérito civil, arquivando-os ou ajuizando a ação devida, de acordo com o que for apurado na análise.
Um dos pontos principais em relação a Carajás é a excessiva terceirização das atividades na mineração, que tem dado causa a acidentes e reclamações dos trabalhadores. Há mais dois acidentes com mortes em Carajás que o MPT de Marabá está apurando. Duas varas da justiça trabalhista já foram instaladas em Parauapebas, mas as reclamações contra as condições de trabalho em Carajás, que já passaram de oito mil, sobrecarregam a tramitação dos processos. Das 23 mil empregadas na produção de minério em Carajás, apenas 10% são contratadas pela Vale. A empreitada e subempreitada se disseminaram tanto que possibilitam acidentes, como o que vitimou Thiago Cardoso, um raro nativo de Marabá, a mais importante cidade na área de influência de Carajás.
Ele estava na hora errada, no lugar errado, numa relação de emprego errada e o caminhão que o esmagou procedia erradamente ao não contar com câmera e luz traseira. Essa é uma realidade que enodoa uma das maiores minas de ferro do planeta e sua proprietária globalizada. Mas parece-se mais a um cenário de dois séculos atrás em matéria de relação trabalhista.
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