terça-feira, 1 de julho de 2008

Memória de Santarém - Lúcio Flávio Pinto

Evangelista Damasceno dedicou ao seu "companheiro de pescaria" Silvério Sirotheau Corrêa esta poesia ("O pescador de pirarucu"), que é uma cena de época:

Pegas do arpão e embarcas na canoa.
Teu piloto, o Naná, caboclo gordo,
Diz que Pirarucu não anda à toa
Como, agora, as mulheres de resguardo.


Mas a tua paciência não se escoa
E vencendo da vida o duro fardo
Certas vezes assumes cá na proa
A posição de um lançador de dardo.


Assim de ré, com garbo e com destreza,
Alheio a tudo que não seja a presa,
As fadigas do corpo tu repeles


E ficas esperando que as não chega
Como se fosses uma estátua grega
Feita pelo buril de Praxiteles.

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