Agência Pará:
Os poucos registros oficiais sobre os casos de escalpelamentos no Pará refletem um cenário comum à região amazônica: a ausência de acompanhamento das vítimas desse acidente, que é o arrancamento brusco e acidental do escalpo humano que senão for tratado a tempo pode levar à morte. Uma realidade que o grupo de pesquisa "Escalpelamento: Lágrimas nos rios da Amazônia" pretende mudar com o mapeamento dos municípios de origem e identificando o destino das vítimas desse tipo de acidente, atendidas nos hospitais de Belém nos últimos dois anos.
Os dados poderão subsidiar ações de prevenção nas regiões com maior ocorrência desses acidentes, além de possibilitar propostas de acompanhamento e reintegração social para as vítimas que receberam os cuidados médicos e cirúrgicos, mas terão de aprender a conviver com as seqüelas do acidente, como a necessidade de várias cirurgias - pois, há casos em que além do couro cabeludo são arrancados o braço, as orelhas e as pálpebras - e o uso de perucas.
O projeto foi elaborado em 2007, e obteve aprovação do Comitê de Ética de Pesquisa da Universidade Federal do Pará (UFPA) este mês. Agora, os pesquisadores envolvidos, dentre eles a professora do curso de Enfermagem da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Elizabeth Teixeira, iniciarão visitas à Santa Casa de Misericórdia do Pará e Prontos Socorros Municipais em busca de informações sobre atendimentos à vítimas de escalpelamento. Segundo a professora essa etapa documental possibilitará a elaboração de um mapa sobre os casos de escalpelamento no Estado. "Não iremos trabalhar com as pessoas que estão sendo atendidas nos hospitais, queremos saber como fica a vida dessas vítimas depois do trauma", explica a pesquisadora.
A proposta é que em janeiro, com os dados coletados, o grupo vá ao encontro dessas vítimas para saber como tem vivido e que tipo de acompanhamento vem fazendo em seus municípios. "A idéia é que depois do trabalho possamos propor aos hospitais de Belém que façam a contra-referência dos casos, mantendo contato com as unidades de saúde dos municípios dessas vítimas para fazer acompanhamento dos tratamentos que elas precisam continuar fazendo".
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