quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pesquisador do INPE diz que Brasil não precisa avançar na floresta amazônica para produzir alimentos

O pesquisador brasileiro Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), disse ontem que o Brasil não precisa avançar sobre a Floresta Amazônica para ampliar sua fronteira agrícola, uma vez que o país tem mais de 750 mil quilômetros quadrados de área desmatada com baixa utilização na produção de alimentos. Segundo ele, um terço das terras sem vegetação na Região Norte está abandonado ou com baixa ocupação. “Não há justificativa econômica para a expansão da fronteira agrícola”, alertou Nobre, que participou de uma audiência pública no Senado e de um seminário no Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).
Nobre também defendeu que o Brasil adote uma meta de redução das emissões de gases que contribuem para o efeito estufa. As negociações internacionais para a assinatura de um novo acordo sobre redução das emissões de gases poluentes estão sendo coordenadas pelo Ministério das Relações Exteriores. O governo brasileiro ainda não definiu se vai propor alguma meta. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, defende que o Brasil calcule o efeito da utilização de combustíveis e energia com base em fontes renováveis para negociar com os demais países os critérios para a redução.
Coordenador do IPCC, o cientista inglês Martin Parry, presente no seminário do Ipea, defendeu a meta de 80% para a redução global de emissão de carbono até 2050. Esse é o percentual estabelecido pela Grã Bretanha. Segundo ele, o mundo está com uma década de atraso nas decisões sobre o controle das emissões. “Necessitamos de lideranças fortes para implantar um programa de redução”, sugeriu Parry.
Para a secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Suzana Kahn Ribeiro, o ponto fraco do Brasil ainda é a falta de ações sustentáveis capazes de evitar a derrubada de floresta. “Quando a gente percebe o tamanho do problema, vê que lidar com o desmatamento não é só uma questão de fiscalização”, analisa a secretária, que coordena o Plano Nacional de Mudanças Climáticas.

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