A figura do açougueiro(1965)
Um artigo da professora Antonieta Dolores, publicado em junho, revela a importância que
tinha o açougueiro, estabelecido no mercado municipal, na vida da cidade. Vale reproduzi-lo, como um retrato de época.
Como acontece todos os anos por este tempo, já está se tornando difícil aos nossos açougueiros cumprirem com as suas obrigações, fornecendo carne verde para o nosso mercado, para alimento da população.
Sofrem os homens que assumiram tão grande responsabilidade e sofre ainda mais o povo que, de madrugada, tem de estar à porta daquele próprio municipal, atrás do precioso alimento.
Nós sabemos a luta desses homens para conseguirem, aqui e ali, um ou dois bois, para não faltarem com os compromissos assumidos. Não lhes negamos os nossos aplausos, quando sabemos que a luta é tremenda diante dos aumentos constantes que aparecem.
Gostamos de ver quando estão bem humorados, tendo para o povo comprador uma palavra de conforto. Quem não fica satisfeito ouvindo da boca do açougueiro uma palavra generosa, demonstrando que ele sente imensamente não poder matar a fome de quantos estão à frente dos talhos?
Cada um que recebe uma palavra amena volta com o seu paneiro vazio, mas bem feliz, porque , em vez de uma palavra menos generosa, recebeu a expressão confortadora, que dá a certeza de que cada açougueiro é um ser humano que se compadece do infortúnio do povo.
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