Marco Antônio Uhl
Repórter
O professor Márcio Pinto, candidato a prefeito pelo PSOL, responsabilizou a ex-prefeita Maria do Carmo pela anulação da eleição de 5 de outubro.
Nesta entrevista exclusiva a O Estado do Tapajós, Márcio Pinto diz que Maria tinha conhecimento de que não poderia ser candidata sem se afastar definitivamente do Ministério Público.
Márcio falou de sua campanha, das propostas de governo e criticou a compra de voto e o uso da máquina administrativa nas eleições.
Leia a íntegra da entrevista:
O Estado do Tapajós - Como o Senhor analisa esta nova eleição?
Márcio Pinto - Foi um risco muito grande que a ex-prefeita Maria do Carmo correu, principalmente, por ela ter conhecimento de que sua situação era irregular. É bom enfatizar que a decisão do TSE foi tomada a partir de um julgamento técnico e, agora, mais uma vez confirmado pelo TSE, o que só comprova o que já vínhamos dizendo, de que a alta competência do judiciário brasileiro prevaleceu e a justiça foi feita, mas fica o lado ruim da decisão, que é a instabilidade política que o município vem atravessando, já que o prefeito interino não está assumindo de fato a responsabilidade no que diz respeito a tomar as decisões que o povo espera de um chefe de executivo.
Apesar de todos os gastos adicionais que teremos, agora, acredito que possamos trabalhar com mais tranqüilidade, já que o próximo pleito, em março[ adiado para 5 de abril] foi mantido e vai escolher aquele que tiver a melhor proposta para resolver os graves problemas que Santarém enfrenta, e quanto a isto, estou tranqüilo, porque a população nos tem recebido muitíssimo bem, e nosso plano de governo foi desenvolvido a partir de um amplo debate com a sociedade. Outro diferencial a nosso favor nesta eleição é por se tratar de uma disputa única no país, e por isto a direção nacional do nosso partido está nos dando toda a infra-estrutura necessária para fazermos uma boa campanha, e já chegaram a Santarém o Edilson Silva, que é de Pernambuco, mas trabalha na executiva nacional em Brasília, assim como o companheiro Honório que veio do Rio de Janeiro e também está aqui junto com outros profissionais que vieram de Belém e demais locais para nos dar suporte, mostrando claramente que a executiva nacional do PSOL acredita numa proposta viável para Santarém crescer com seriedade.
O Estado do Tapajós - Qual o balanço que você faz sobre a sua participação nas últimas eleições disputadas em outubro, quando a ex-prefeita Maria do Carmo foi reeleita irregularmente?
Márcio Pinto - O balanço é muito positivo, nós sabíamos que era difícil, por se tratar de uma disputa desleal, já que nós estávamos lutando contra duas potencias financeiras, e infelizmente, algumas pessoas ainda vendem o seu voto, mas temos certeza de que Santarém na verdade quer uma alternativa viável e assim, fomos ousados na discussão política apresentando uma proposta realmente séria e as próprias pesquisas feitas pelos partidos que concorreram na época mostravam o nosso crescimento, no final, após a exagerada boca de urna feita por alguns candidatos, terminamos a eleição com 6757 votos, o que nos honrou muito, por saber que todas essas pessoas não receberam dinheiro em troca do seu voto, e isto, é uma vitória, e agora vamos além, já que somos os únicos que se levantaram para apresentar proposta séria de mudança para Santarém.
O Estado do Tapajós - Como é disputar uma eleição de prefeito contra duas fortes estruturas financeiras?
Márcio Pinto - Temos clareza da dificuldade porque os grupos têm mais dinheiro, mas nós temos boas idéias, bons projetos e vamos ganhar na argumentação. Vamos partir para o convencimento falando a verdade e mostrando o que o santareno realmente deseja que seja feito em prol do município.
Acredito na consciência política da população e vamos mostrar para aqueles que antes vendiam votos, como sua atitude não traz vantagem no, "pós-eleição", e o exemplo está aí, a cidade parada pela irresponsabilidade política daqueles que detêm maior estrutura financeira.
O Estado do Tapajós - Qual será então o diferencial da sua proposta para conquistar o voto do santareno?
Márcio Pinto - O nosso diferencial vai ser partir para as ruas e no corpo-a-corpo mostrar a grandeza do nosso projeto, que é todo voltado para o bem da população. Já fomos procurados por muitos partidos, que no final só queriam saber o que ganhariam de vantagem ao estar junto conosco, porém, a nossa política não discute divisão de cargos, mas sim o melhor para Santarém, e, acredito que o melhor hoje, é o prefeito ter autonomia para poder governar sem ter que ficar amarrado a acordos políticos tendo que colocar em pastas, como aconteceu recentemente com a saúde do município, uma pessoa que nada entende do assunto só para atender a ganância dos partidos e expor em vitrine um nome para ser trabalhado com interesse eleitoreiro.
Temos que nos lembrar dos cerca de 300 mil habitantes da nossa terra e por isso eu sempre digo: não quero ganhar a qualquer custo, mas sim oferecer o que é mais próximo do ideal, sendo assim, vou ousar mais cortando gastos e reduzindo o número de cargos de confiança, valorizando os cargos de carreiras e os concursados e combater a corrupção que é a maior praga política que atrapalha o desenvolvimento de Santarém.
O Estado do Tapajós - O Senhor é professor e os professores da rede municipal decidiram entrar em greve antes mesmo do início do ano letivo. Como o Senhor analisa a educação de Santarém?
Márcio Pinto - Eu acho legítima a reivindicação da classe, e estou afastado do sindicato por causa da eleição, mas tenho conhecimento de que os acordos feitos anteriormente que beneficiariam a categoria não foram cumpridos. É difícil aceitar que em Jacareacanga e Itaituba os professores sejam melhores remunerados do que aqui em Santarém, por exemplo. Mas tudo isto acaba de certa forma confirmando o nosso discurso e temos sim a melhor proposta para a educação também, e vamos apresentar as nossas idéias, principalmente, quando estivermos reunidos com os representantes da categoria para falar de plano de governo, a partir daí, acredito que todos irão constatar o amplo conteúdo dos nossos projetos, não só para educação, mas também para todos os demais setores que são de responsabilidade da administração municipal, como na saúde, que é o principal problema de Santarém hoje.
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