segunda-feira, 30 de março de 2009

Adenauer Góes: Os quilombos e o turismo

De acordo com a Fundação Palmares, existem no Brasil cerca de 1,1 mil sítios quilombolas certificados, estando a maioria localizada nos estados da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Maranhão. Com o tempo, o turismo dito rural, e como tal no interior do País acabará por incluir estas comunidades, dentro do que se conhece como turismo sustentável, como produto, dentro de projetos estruturados e oferecendo ao mercado um nicho muito interessante de ser conhecido, naquilo que hoje se conhece com o nome de turismo de experiências, aquele em que o turista poderá vivenciar de perto uma parte importante da história da Brasil e da luta e resistência destas comunidades que sobreviveram ao período de escravidão e que necessitam manter vivas suas tradições.
O turismo é sem dúvida uma oportunidade concreta capaz de gerar emprego e renda para estas famílias e sendo bem formatado e executado contribuir para a preservação e transmissão de sua cultura e tradições através das gerações, sendo possível até mesmo promover a recuperação pelas comunidades da identidade quilombola, dando-lhes a consciência das atuais leis de proteção, as quais geram direitos para os remanescentes dos escravos.
Não resta dúvida de que a sociedade brasileira tem uma divida histórica para com estas comunidades e seus remanescentes, aqui no Pará, o Projeto Raízes iniciado no Governo Almir Gabriel deu passos importantes na regularização de terras quilombolas. Estas comunidades precisam ser mais enxergadas, reconhecidas e valorizadas pela conjunto da sociedade brasileira.
O turismo ajudará a fomentar para o Brasil e para o mundo a mensagem de que as comunidades quilombolas são o legado africano em terras brasileiras, fonte de desenvolvimento da raça negra, verdadeiras reservas de conhecimento e cultura, sem dúvida alguma um elo de ligação entre o passado e o presente brasileiro.
O turismo bem feito pode sem sombra de dúvidas contribuir de forma decisiva para desenvolver estas comunidades de forma sustentável na medida em que já existem instrumentos e políticas especificas de preservar a qualidade de vida local e o respeito ao entorno ambiental, integrando o conjunto de práticas que compõem o modelo de desenvolvimento sustentável, contribuindo para a redução das desigualdades sociais e ao mesmo tempo procurando reparar um pouco dos erros históricos cometidos. O legado de Zumbi dos Palmares será muito mais reconhecido e valorizado, podendo ter na atividade turística seu grande aliado.
adenauergoes@gmail.com

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