Editor do Jornal Pessoal
Como diziam os políticos antigos, o governo do Estado não mugiu nem tossiu (ou fez cara de paisagem, na linguagem atual) sobre as suspeitas suscitadas pela contratação do médico Edmundo Gallo, sem concorrência pública, para conceber, implantar e acompanhar certo “Planejamento e Gestão Estratégica na Área de Saúde”. O primeiro impacto resultou do valor dos serviços do ex-secretário municipal de saúde na gestão do então petista Edmilson Rodrigues e irmão da atual secretária de educação do Estado: 506 mil reais durante 12 meses, contados a partir do dia 6 do mês passados. O segundo impacto: o contratante não foi a Secretaria de Saúde, mas a Secretaria de Governo. O terceiro zum-zum-zum ficou por conta do domicílio do contratado, no Instituto Manguinhos, no Rio de Janeiro.
Todas as críticas e preocupações podem não passar de aleivosias, mas as características da contratação impunham à administração estadual explicá-la. Gallo pode ter tal autoridade em planejamento e gestão estratégica (a expressão mais gasta do momento) em saúde que torne inexigível a licitação pública para a sua contratação, conforme aconteceu. Mas como a notoriedade na matéria não é tão pública assim, é preciso justificá-la. Assim como a especificidade da assessoria que prestará à Sespa.
Talvez, como sopraram alguns assessores, a ausência da secretaria especializada na contratação se explique pelo desejo da Secretaria de Governo de auxiliar a co-irmã, carente de recursos, no desempenho da sua missão. Mas que é estranha a troca de competências, sem dúvida, é.
Como está em causa dinheiro público, o completo silêncio do governo em torno de uma suspeita de ação entre amigos, mais uma sob a atual gestão, é confissão de culpa em relação a esse caso de favorecimento. Pela freqüência desses fatos, isso virou filosofia de ação.
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