Do Espaço Aberto:
Uma pergunta não quer calar entre os que ouviram ou leram sobre a saraivada de balas que foi a entrevista de sábado, do presidente do Diretório Municipal do PMDB de Belém, o ex-deputado José Priante.
Uma entrevista, vocês sabem, que teve como alvo, no início, no meio e no fim, o governo de Sua Excelência a governadora Ana Júlia Carepa.
A pergunta que não quer calar é: e o presidente regional do PMDB, deputado Jader Barbalho, em que ponto dessa corda se equilibra? Ele avalizou ou não as críticas? Apoiou ou não a metralhadora verbal de Priante?
O ex-deputado, durante o programa apresentado pelo jornalista Carlos Mendes, com a participação do também jornalista Francisco Sidou, informou claramente que Jader o chamou para conversar na sexta-feira, um dia antes, tão logo tomou conhecimento, pelos blogs, de que ele, Priante, não apenas iria ao programa Jogo Aberto como ainda soltaria o verbo contra o governo Ana Júlia.
Mas foi só isso e apenas isso que Priante disse aos ouvintes: que foi chamado por Jader.
Não é fácil, no entanto, imaginar as seguintes hipóteses, as seguintes alternativas ocorridas na conversa reservada entre Priante e o presidente regional do PMDB:
1. Jader deixou o ex-deputado à vontade para quebrar o pau.
2. Jader o advertiu: podes falar o que quiseres, mas assume sozinho (e durante o programa Priante, em certa ocasião, foi muito claro: disse que falava em seu próprio nome).
3. Jader recomendou que Priante tivesse prudência nas palavras.
4. Jader vetou a ida de Priante ao programa.
Se fosse numa prova de marcar, dessas de vestibular, a terceira e quarta alternativas seriam prontamente descartáveis, porque Priante foi ao programa e porque destilou as criticas mais contundentes já feitas até por uma liderança do PMDB do Pará ao governo Ana Júlia.
As alternativas 1 e 2 são as mais prováveis.
E das duas alternativas mais prováveis, a mais provável das duas é a primeira.
Até porque Jader, ele mesmo, também já cuspiu fogo contra auxiliares do governo Ana Júlia, a quem chamou de fofoqueiros.
Até porque o líder da bancada do PMDB na Assembléia, deputado Parsifal Pontes, também já aplicou os seus pontapés verbais nos petistas e no governo, a quem acusou de não respeitarem o PMDB.
Até porque Jader, ele mesmo, sabe que a insatisfação no PMDB é muito grande com o governo Ana Júlia.
Até porque Jader, com Priante soltando fogo por todos os poros, continua numa situação confortável, uma vez que, se ainda se contém para dizer tudo o que Priante disse, de qualquer forma sente exatamente o que Priante e tantos outros peemedebistas sentem.
E mais: Jader ainda se dá ao luxo de posar como a liderança de um grande partido que deixa os aliados inteiramente livres para demarcarem suas posições, sobretudo quando em favor dos privilégios que o PMDB exige na condição de grande fiador da eleição de Ana Júlia em 2006.
Não é fácil concluir, assim, que Jader, quem sabe, soltou foguetes depois da entrevista.
E se não soltou, teve vontade de soltá-los.
Muita vontade.
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