Durante muito tempo o “Dom Amando” não apenas foi considerado o melhor colégio do interior do Pará: alguns o achavam melhor até do que os da capital. Foi o primeiro centro de ensino de 2º grau para homens em Santarém, criado em 1943 pelos padres franciscanos alemães (e repassado depois, meio à força, aos americanos, que o mantêm até hoje). Aluno que fizesse bom curso no “Dom Amando” estava em condições de vir a Belém disputar uma vaga na universidade, em igualdade de condições, ou mais bem preparado até do que aluno de cursinho da capital. O ensino das ciências exatas, matemáticas e naturais era particularmente de alto nível.
O “Dom Amando” não é mais a melhor instituição de ensino do interior. Segundo as notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), apresentadas no final do mês passado, esse lugar foi ocupado pelo colégio Alvorada, de Marabá, que ficou em 9º lugar no Estado (os oito primeiros lugares são de escolas da capital, seis delas particulares, sendo três religiosas). O lugar seguinte também foi de Marabá, com o Centro Integrado de Ensino Êxito. O Dom Amando ficou na 11ª colocação. As outras escolas do interior em melhores posições foram o Pitágoras, de Parauapebas, em 15ª, e a Escola Adventista da Cidade Nova, de Ananindeua, em 18ª. As demais também são da capital.
Os resultados do Enem mudam a geografia do ensino no Pará, mas confirmam duas tendências: o fortalecimento das escolas particulares, com ênfase nas religiosas e nas redes que atuam através de franquias, e a perda de expressão dos municípios tradicionais, deslocados do eixo principal das atividades no Estado. A liderança já era prevista: a escola Rego Barros, da Marinha, de acesso mais rigoroso e mantida com recursos carimbados do orçamento federal. Discrepa da rede de ensino público, devastada pela desatenção, a desqualificação e a anemia de recursos.
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