Antes da crise financeira internacional, o Pará respondia por um terço da produção de minério de ferro da Vale do Rio Doce, a maior do mundo. Depois da crise, esse índice passou para 43%, no primeiro trimestre deste ano. Num momento de redução quase generalizada da produção do minério no mundo, a queda em Carajás foi proporcionalmente a menor de todas. A razão: a qualidade do minério, que tem um teor de 65/66% de hematita contida na rocha. Reduzindo a produção do minério mais pobre, a Vale ganha na crise. E o Pará?
No contrato para o fornecimento de energia subsidiada aos dois maiores consumidores do país, as fábricas de alumínio da Albrás e da Alumar, havia uma cláusula para a elevação da tarifa conforme melhorava o preço internacional do produto. Pode não ter funcionado, mas era um elemento de ponderação para atenuar a perda com o subsídio.
No caso dos minérios, costuma-se alegar que tributar mais sobre o produto só prejudica o desempenho comercial porque o imposto não pode ser repassado na exportação. Aceitando-se o truísmo, há uma alternativa: a participação societária, digamos assim. O Estado ganharia um “plus” pelos ganhos da empresa em função da riqueza do minério, um diferencial poderoso em favor do ferro de Carajás. Mas nada disso existe. Só a empresa embolsa.
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