domingo, 17 de maio de 2009

"Nunca vi nada parecido" , diz ribeirinho de Óbidos

Ronaldo Brasiliense:


O ribeirinho Valdir Rufino da Silva tem 52 anos, mas aparenta muito mais. Morando numa palafita – hoje completamente submersa - às margens do igarapé do Paru, um afluente do rio Trombetas, em Óbidos, no oeste do Pará, Valdir deixou a família com parentes na sede do município e enfrenta a maior cheia do rio Amazonas em todos os tempos morando numa bajara, pequeno barco a motor.

A cheia está braba este ano, não?
VALDIR RUFINO – Olha dotô, nunca se viu nada parecido por aqui. As casas estão todas no fundo e nem adiante mais fazer maromba (assoalho sobre o assoalho). Então, o jeito é se virar como dá, dormindo e cozinhando aqui mesmo dentro da bajara e torcendo para que a vazante não demore.

Está difícil até de comer?
VALDIR – Como tem muita água, está difícil pescar. Cai uns peixinhos na malhadeira e a gente se vira pegando outros no anzol. O problema é que tem muita água contaminada também e fica difícil até de beber.

Já morreu gente por aqui?
VALDIR – Por aqui não, mas a gente ficou sabendo que um jacaré comeu o cachorro do Chato lá pelas bandas do Buiussu e que lá pelas bandas do Mondongo uma criança desapareceu da rede e todo mundo acha que foi engolida por sucuriju, porque só encontraram uma baba no local.

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