Do Espaço Aberto
Não estão lá muito amistosas as relações entre o senador Mário Couto e o ex-governador Simão Jatene, ambos tucanos.Não estão.
Se um ou outro – ou um e outro – forem ouvidos sobre isso, é evidente que colocarão o tucanês para funcionar e dirão mais ou menos coisas assim: “a efervescência que atualmente toma conta do partido é uma prova da vitalidade do PSDB para o confronto eleitoral do próximo ano” – ohhh!
Dirão mais ou menos isso.
Mas em qualquer outro idioma que não o tucanês, efervescência tem outro nome: é insatisfação, contrariedade, aborrecimento e prenúncio de confrontos.
Pré-candidatos do PSDB ao governo do Estado, Mário Couto e Jatene conversaram em abril passado e fizeram uma espécie de pacto.
Acertaram que iriam afinar o discurso enquanto não houvesse uma decisão de quem sairia candidato pelo partido.
Para todo mundo, o ex-governador passaria a dizer que somente sairá candidato se o PSDB mantiver-se unido e coeso.
O senador, por sua vez, diria que somente sairá candidato pelas mãos do ex-governador.
E assim foi.
Foi até certa altura.
Mas logo, logo começou a desandar.
E desandou de vez.
Paira no ar a sensação de que houve quebra descumprimento de acordo. E quem aspira essa sensação são segmentos do partido.
Paira no ar, além disso, a sensação de que as lideranças tucanas precisam sentar-se à mesma mesa, urgentemente, para medir a extensão dos próprios bicos.
E isso tornou-se tão ou mais necessário depois da vinda a Belém do ex-governador Almir Gabriel, que na semana passada teve uma conversa de mais de três horas com a ex-vice-governadora Valéria Pires Franco (DEM) e se encontrou, além dela, com cerca de 50 lideranças tucanas, entre deputados e prefeitos. O assunto de todas os contatos: a viabilidade da candidatura de Mário Couto ao governo em 2010.
A vinda de Almir a Belém reabriu divergências entre os segmentos que apóiam Mário Couto e Jatene.
O que apoiam o senador reclamam, entre outras coisas, do que consideram pouco apoio e da falta de reconhecimento do partido ao mandato exercido por Mário Couto.
A turma de Jatene – senão toda ela, mas pelo menos boa parte dela – avalia, de seu lado, que a entrada de Almir em cena é fator de desagregação, porque ele já seria uma liderança superada e que, inclusive, auto-exilou-se em Bertioga, no interior de São Paulo, justamente para ficar longe da política, o que a realidade demonstra não estar acontecendo.
São esses fatores que estão deixando o PSDB, digamos, efervescente.
Em bom tucanês, é claro.
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