quarta-feira, 17 de junho de 2009

Indústria do Pará tenta reagir a boicote à carne liderado pelo MPF

No AMAZÔNIA:

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Carlos Xavier, estima que apenas 1% da produção de gado do Estado é proveniente das fazendas e frigoríficos paraenses denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) e alvos do boicote comercial anunciados pelas redes Pão de Açucar, Carrefour e Wal-Mart Brasil. Mesmo assim, ele critica a denúncia, questiona o porquê da punição comercial não atingir outras regiões do país e defende até que o Pará se separe do resto do Brasil.

O setor pecuarista do Estado ganhou ontem o apoio da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa) na mobilização contra a recomendação do MPF. Mas os produtores estaduais têm de encarar uma queda de R$ 10,00 na arroba do boi produzido no Pará. Essa queda na arroba, que passou de R$ 71,00 para R$ 61,00 como efeito da medida do MPF, deverá provocar queda nos preços do produto na venda ao consumidor final, porém atinge negativamente os produtores rurais com relação a custos, como declarou ontem o presidente da Faepa, Carlos Xavier.

A afirmação de Xavier contrasta com a declaração feita anteontem pelo presidente da União das Indústrias Exportadoras de Carne do Pará (frigoríficos), Francisco Victer, de que, com a recomendação do MPF, os supermercadistas poderão, nos próximos dias, passar a comprar carne de outros centros, o que encareceria o produto na mesa do belenense.

Segundo Xavier, 'essa medida é um profundo equívoco porque as fazendas detêm áreas antropizadas quando esse procedimento era permitido no País, inclusive, para fins de regularização pelo Incra, que definia 50% da terra para ser desmatada', alega.

Fiepa - Para o presidente da Fiepa, José Conrado, o principal efeito da medida do MPF com relação à carne paraense, que ele considera 'um corte radical' no setor, é que atinge a imagem dos produtos do Estado no mercado, em um momento em que o setor industrial retoma a busca por investimentos em solo paraense, após três anos sem uma política de incentivos fiscais definida.'O Pará é o Estado que mais recebe migrantes de outros pontos do País, e não pode ser penalizado com medidas dessa natureza.'

Ainda hoje, os pecuaristas se reúnem com técnicos do governo do Estado às 10 horas, e tem nova reunião amanhã, às 11 horas, na Fiepa, e à tarde, novamente com o governo do Estado, para formalizar uma contraproposta ao TAC a ser discutida com o MPF nesta sexta-feira.
Segundo Xavier, o Pará tem 180 mil propriedades, onde são produzidos 21 milhões de cabeças de gado. As 21 empresas denunciadas em ação do MPF por crimes de grilagem, devastação florestal e trabalho escravo são apontadas como as maiores, mas produzem em torno de 200 mil animais, diz.

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