domingo, 7 de junho de 2009

Lúcio Fávio Pinto: A eleição já começou na imprensa partidária

Para os dois maiores grupos de comunicação do Pará a campanha eleitoral já começou, com um ano de antecedência da abertura oficial da temporada de caça ao voto popular. A posição do grupo liderado pelo Diário do Pará é explícita e tradicional: empunhar a bandeira do PMDB, que tem o dono, o deputado federal Jader Barbalho, como portador. Apesar do seu empenho na profissionalização, o jornal se partidariza nas temporadas eleitorais, agora até com precocidade. A situação é a mesma do grupo encabeçado por O Liberal, embora ele tente vender ao público a sua imagem de organização verdadeiramente empresarial, apartidária. Desde a semana passada, porém, os Maiorana transmitem, com toda a ênfase possível, uma mensagem a quem interessar possa: combaterão quem se associar ao concorrente e desafeto, o líder do PMDB.

O recado aos tucanos é direto e veio logo depois que o ex-governador Simão Jatene brindou com fartos salamaleques seu ex-correligionário e amigo, durante a solenidade de sagração do novo empresário do ano, Carlos Xavier, com raízes também no PMDB. O beija-mão de Jatene foi seguido por outras aves emplumadas (ou que assim se supõem) do PSDB. Se o gesto é sinal de aliança eleitoral, Jatene vai ser fustigado pelas armas estocadas pelos Maiorana: a candidatura alternativa do senador Mário Couto, o estímulo à bílis do ex-governador Almir Gabriel e todo tipo de baixaria, que retorna como atavismo ao jornal, que já foi o porta-voz do “baratismo”, inspirado nos hábitos nada republicanos do caudilho Magalhães Barata (cuja morte completou meio século no dia 29).

A outra ameaça é dirigida à petista Ana Júlia Carepa, que, a partir da semana passada, foi colocada à frente do “Meio Governo do Estado”, batismo da coluna Repórter 70 inspirado na ruidosa e ruinosa iniciativa da administração estadual de reduzir o expediente de uma máquina que, no horário regular, já funciona ruim, quando funciona. Os vastos e salientes defeitos do governo do PT, que vinham sendo colocados para debaixo do pano, sob o estímulo de extensa propaganda oficial, foram postos na vitrina dos veículos de comunicação do grupo Liberal, em função dos insistentes indicadores de uma nova tratativa para renovar o acordo com o PMDB jaderista.

Já não será suficiente para Ana Júlia abrir as burras do erário para fazer soar o caixa dos Maiorana, como já vinha fazendo: ela terá que se manter à distância de Jader, sob pena de enfrentar a fuzilaria do grupo. Os Maiorana acham que chegou a hora de eliminar seu maior inimigo. A questão é saber se esse alvo está ao alcance de suas armas, antes poderosas, hoje nem tanto.

Isso porque, do seu lado, o grupo de comunicação de Jader testa suas baterias atirando sobre os petistas para dar uma idéia do que poderá acontecer se cederem à pressão dos adversários políticos e concorrentes comerciais. A capacidade de influência dos Maiorana através da televisão é muito maior, mas a relação se altera, embora sem uma inversão igual, quando se trata da imprensa escrita, já que o alcance do Diário se tornou maior do que o de O Liberal.

Se ainda não dá para prever quem sairá ganhando nesse cabo de força, dá para prever: a eleição de 2010 vai feder. Aliás: já está fedendo.

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