domingo, 14 de junho de 2009

ONG’s internacionais emperram economia do Pará

Os setores pecuário e madeireiro, juntos, geram divisas para o Estado na ordem de R$ 9 bilhões/ano. O pecuário, apenas na produção direta (carne, couro, ossos e vísceras) gera um volume de R$ 6 bilhões, o que representa 14% do Produto interno Bruto (PIB) paraense. É o único que está presente em todos os 143 municípios paraenses. Já a madeira internaliza uma receita na ordem de R$ 3 bilhões e hoje é a principal atividade econômica em 40 municípios do Pará.


Esses dois setores vêm sofrendo nos últimos meses um engessamento originado de um problema comum: os entraves decorrentes da falta de sustentabilidade ambiental e, principalmente, de legalização fundiária em várias áreas, que acabam se refletindo diretamente na produção de madeira e de gado. A situação se agrava com a atuação constante de ong’s internacionais que, desconhecendo a realidade local, ajudam a piorar a situação.

Carlos Xavier, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faepa) avalia que a ação civil pública ambiental movida pelo Ministério Público Federal que obriga grandes redes de supermercados do Brasil a não comprar gado criado em terras paraenses onde a floresta tenha sido derrubada para dar lugar a pastagens, é equivocada. “O MPF errou. Nas propriedades citadas o desmatamento foi legal e isso será provado na hora em que a Justiça Federal analisar o caso”, disse o empresário, revelando que a federação já reuniu com o Ministério da Agricultura e com a Comissão de Agricultura da Câmara Federal para tratar do assunto.

Xavier disse ainda que através do Instituto Alerta Pará, formado por entidades empresariais e de trabalhadores, sindicatos e instituições de ensino e pesquisa, o setor vem buscando implementar boas práticas de sustentabilidade ambiental. “A governadora já saiu em defesa do setor produtivo. Essa ação do MPF pode gerar um caos social que será difícil de corrigir. Não podemos aceitar que pessoas de fora emperrem nossa economia”, dispara, numa alusão a atuação das ong’s.

Francisco Victer, presidente da União das Indústrias Exportadoras de Carne no Pará (Uniec) lembra que a agropecuária é um dos setores que mais gera riquezas para o Estado e deixou de ser uma atividade dos grandes proprietários. “Hoje 70% do rebanho do Pará está em propriedades com menos de 300 hectares, sendo que consumimos aqui apenas 30% do que consumimos, ou seja, 70% é exportado”.

Na medida em que a grande rede varejista do Pará e do país deixa de comprar das indústrias paraenses, a produção tende a se estagnar. “Sem ter para quem vender, não há produção. Dessa forma, as indústrias vão parar e empregos deixarão de ser gerados”. A Uniec cobrará do Estado uma ação junto ao MPF para esclarecer essa situação e que continue com o Zoneamento Econômico-Ecológico que fará a regularização fundiária no Pará.

SETOR MADEIREIRO - Justiniano Neto, presidente do Conselho de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado (Fiepa) e diretor-executivo da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado (Aimex) ressalta que ainda é muito cedo para analisar a nova gestão da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), mas a expectativa é boa. “O setor produtivo quer e luta para trabalhar na legalidade. A crise financeira internacional é contornável, mas precisamos resolver a nossa crise interna para que possamos operar numa base sustentável”.

Ele diz que o setor produtivo está emparedado entre uma legislação rigorosa, um Ministério Público que, com razão exige que a Lei seja cumprida e a incapacidade do Estado de estruturar órgãos ambiental e fundiário para atender a demanda de licenciamento ambiental dos setores produtivos. (Diário do Pará)

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro editor,
há anos que alertamos para que os setores ora "penalizados" se enquadrem na legislação pertinente.
Muito objetivo, Justiniano Neto sabe que o MPF não está algemando as produções madeireiras e agropecuária no Pará: está colocando-os nos trilhos que deveriam ter cumprido há anos.
O que me causa medo é que, no rastro da impunidade, o tal direito adquirido seja mais uma vez alegado e as ações anti-ambientais sejam reproduzidas.