Em Santarém, nem a Faculdades Integradas do Tapajós e o Instituto Esperança de Ensino Superior, que mantem cursos de comunicação social com habilitação em jornalismo ainda não se pronunciaram oficialmente sobre a decisão do STF.
Leia abaixo o posicionamento da Unisinos:
Universidade posiciona-se contrária à decisão do Supremo Tribunal Federal de tornar não obrigatória a exigência do diploma para o exercício da profissão
Em julgamento realizado na quarta-feira (17/6), o Supremo Tribunal Federal envergonhou o país ao por fim a uma conquista de 40 anos dos jornalistas e da sociedade brasileira, tornando não obrigatória a exigência de diploma para exercício da profissão. Dos nove ministros presentes, sete acompanharam o voto do relator Gilmar Mendes. O ministro Marco Aurélio foi o único a votar favoravelmente à manutenção do diploma.
A decisão causou indignação na Unisinos, que aderiu formalmente à campanha nacional em defesa da regulamentação do Jornalismo em 2008. O curso de Jornalismo da universidade tem 36 anos e forma mais de 100 profissionais a cada ano. "Sempre defendi a formação acadêmica e mantenho esta postura, desde que não se faça um apanágio da mediocridade. As universidades são responsáveis pela formação de profissionais éticos e sérios", ressaltou o pró-reitor Acadêmico, Pedro Gilberto Gomes.
O coordenador do Jornalismo, Edelberto Behs, havia encaminhado, na véspera do julgamento, uma carta aos ministros, a qual foi assinada por professores, enfatizando o compromisso do curso em contribuir para uma formação digna, capaz, ética, estética, compromissada com valores de justiça e de liberdade. Na carta, ele recorda que, se avaliada a trajetória de jornais, revistas, rádio, televisão nas últimas três décadas, verifica-se o avanço da imprensa na apuração, na redação, na edição e na apresentação de notícias, entrevistas e reportagens, matéria-prima dos jornalistas.
"Esse avanço tem direta relação com a dinâmica e a progressão dos cursos de Jornalismo, que muito contribuíram, e têm muito a acrescentar, na formação de profissionais capazes de fazer as tantas leituras de realidades, também desta que querem nos impingir de que o diploma representa uma reserva de mercado de mediadores da mídia", salientou.
Professor da Unisinos e secretário executivo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Pedro Osório considerou, em primeiro lugar, o resultado um retrocesso e um motivo de vergonha para os magistrados brasileiros. "Os ministros demonstraram ser uma instituição atrasada na compreensão da contemporaneidade. Defendo que exista uma espécie de controle público da mesma. O que ouvimos ontem foi um absurdo", indigna-se ele, que tem longa experiência como dirigente sindical.
Ele acredita que, inicialmente, poderemos testemunhar uma queda de qualidade na prática profissional. Mas lembra que o diploma sempre será valorizado por simbolizar o conhecimento adquirido em quatro anos de formação, que preparam o estudante a compreender também o papel social da profissão. “Quem não tiver diploma, com todo o respeito, sempre será um profissional de segunda linha. O autodidatismo tem limite”, resume.
No entanto, a categoria não acabará. "Esse é um duro golpe à qualidade da informação jornalística e à organização de nossa categoria, mas nem o Jornalismo nem o nosso movimento sindical vão acabar, pois temos muito a fazer em defesa do direito da sociedade à informação", salientou Sérgio Murillo de Andrade, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, informando que a executiva da Fenaj reúne-se na quinta (18/6) para definir novas estratégias.
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