Não será por falta de um guia que a alternativa agroflorestal ficará como hipótese abstrata de um desenvolvimento melhor da Amazônia. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o Centro Mundial Agroflorestal lançaram Alternativa Agroflorestal na Amazônia em Transformação, livro de 825 páginas que contém as intervenções de 95 participantes de um seminário técnico promovido em 2005, em Belém e em Tomé-Açu, à frente do qual, em trabalho incansável e enorme, esteve Roberto Porro, que também foi o editor técnico da volumosa e rica publicação. Não há nada mais completo e provocativo sobre esse tema tão importante quanto esta obra, que reuniu especialistas de toda a Amazônia latino-americana, incluindo os estrangeiros que atuam na região.
O resultado da leitura do livro não é uma fórmula – pronta ou única – para enfrentar os desafios que se impõem quando se tenta seguir outro caminho que não o usado massivamente na ocupação da Amazônia, com desmatamento seguido de exploração abusiva dos recursos naturais. O que ele possibilita é uma visão geral e razoavelmente profunda de cada parte dessa enorme complexidade. A partir desse ponto, o destino já não será o da simples destruição do patrimônio natural e humano da Amazônia.
Óleo do futuro
O Museu Emílio Goeldi, junto com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, deu no mês passado um precioso presente ao saber amazônico: a segunda edição, revista e atualizada, de Oleaginosas da Amazônia, obra pioneira e clássica do italiano Celestino Pesce, que se tornou paraense ao se adaptar com perfeição à terra adotiva e nela morrer, tragicamente, em 1942. Sessenta anos depois da sua primeira e até então única edição, o livro não só confirma o seu alto valor, como se mantém como fonte indispensável sobre o conhecimento e o uso das plantas amazônicas de interesse para a indústria de gorduras vegetais, nada menos do que 68, identificadas, descritas e analisadas por Celestino Pesce.
A importância do trabalho pode ser medida pela existência de uma edição clandestina em inglês de 1985, que, à falta da versão original, de 1941, há muito tempo uma raridade bibliográfica, se tornara de consulta compulsória. O belo álbum, editado com capricho e competência, para se tornar uma das mais importantes obras publicadas nos últimos anos na Amazônia, vai eliminar essa lacuna. E, talvez, contribuir para realizar os sonhos e projetos de Celestino Pesce para o refino dos óleos das plantas da Amazônia, dando-lhe um curso equiparável ao dos melhores produtos em circulação pelo mundo.
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