terça-feira, 1 de setembro de 2009

Lúcio Flávio Pinto: A nova classe nova: sujeira na república

A reportagem de Consuelo Dieguez (Sérgio Rosa e o mundo dos fundos) no último número (35) de Piauí foi a melhor que já li nessa revista e das melhores que li em muitos anos na imprensa brasileira. Em seis páginas de um texto fluente como o de um bom thriller, Consuelo mostra que os representantes dos trabalhadores chegaram tão próximo da corrupção empresarial que passaram a chafurdar nela, como, talvez, em nenhum outro país do mundo. Formaram a “nova classe nova”, se me permite um acréscimo adjetivado a classificação dada pelo sociólogo Francisco de Oliveira, do alto da sua dignidade nordestina de 75 anos, em falta no topo do poder republicano, ocupado por um nordestino que já foi amigo e objeto de admiração de Chico de Oliveira.

A “nova classe”, na definição do iugoslavo Milovan Djilas, herege do socialismo real, era a burocracia, que assumiu o poder com a revolução socialista. Devia promover a libertação da classe operária, oprimida pelos donos do capital, e acabou se aboletando no aparelho de Estado. Criou uma nova forma de opressão política, freqüentemente mais tirânica do que a anterior. Já a “nova classe nova” se aproveita do poder político, que lhe coube por exercício eventual, dentro da democracia, para exercer o mando econômico, com direito a lucros e dividendos.

O personagem principal da reportagem é Sérgio Rosa, presidente do fundo de pensão Previ, que tem 166 mil associados, funcionários da ativa ou aposentados do Banco do Brasil, com participação em 70 empresas e patrimônio de 90 bilhões de reais. Ao lado de Rosa há outros presidentes de fundos de estatais. Embaixo e, sobretudo, acima deles, uma legião de sindicalistas, técnicos, políticos e um enxame de personagens sem cor definida e ofício certo, mas a caminho de se tornarem empresários – além desta tradicional categoria, é claro. Só nas empresas onde têm participação (o rol inclui a Vale do Rio Doce, a Oi, a Brasil Foods e a Embraer, das maiores do país), os fundos podem nomear 285 conselheiros, com direito a belos jetons e invejáveis mordomias.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Na próxima semana Nilton Canto assumirá a Penitenciária do Cucurunã.